Depois que a OSX, empresa do bilionário Eike Batista, anunciou que o plano B para a implantação do estaleiro é no Rio de Janeiro, a mobilização pela permanência do projeto em Santa Catarina se intensificou.
Enquanto a empresa se organiza para ter duas opções locacionais para o estaleiro e garantir o investimento de R$ 2,5 bilhões onde o licenciamento ambiental sair antes, os defensores do projeto em SC não ficam parados. Em Brasília, o deputado federal Paulo Bornhausen (DEM) pediu uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara para debater o impacto do projeto.
– Os critérios usados pelo ICMBio (que deu parecer contrário a obra em Biguaçu) para negar as autorizações me parecem pouco transparentes e sem nenhuma consulta à sociedade.
Ontem, a OSX fez uma teleconferência para acionistas, na qual apresentou, pela primeira vez, detalhes do projeto no Porto de Açu, no RJ.
Hoje, os representantes das sete entidades que compõem o Conselho das Federações Empresariais (Cofem) de SC se reúnem para assinar um documento em prol da permanência do estaleiro em SC. Segundo o diretor da Federação das Indústrias de SC (Fiesc) Henry Quaresma, os empresários defendem o projeto do ponto de vista econômico.
– Precisamos de mais pressão política. O documento do Cofem vai acionar as bancadas catarinenses.
Para o presidente da Federação das Associações Comerciais (Facisc), Alaor Tissot, o controle ambiental está sendo mais rigoroso em Santa Catarina do que no Rio de Janeiro.
– A OSX tem princípios de sustentabilidade e representará um ganho tecnológico incalculável para o Estado. Essa briga com o meio ambiente está nos custando muito caro há muito tempo. Todo mundo tem medo de investir em SC – ressalta.
O presidente da Federação das Transportadoras de Cargas (Fetrancesc), Pedro Lopes, argumenta que o RJ está agilizando seus processos e estimulando a ida do estaleiro, enquanto, em SC, ocorre o inverso. O presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt, defende regras para conservação ecológica, mas também considera as exigências excessivas no caso do estaleiro.
– Temos que ter maior flexibilização e agilidade nos órgãos ambientais para tornar o Estado mais forte economicamente – destaca.
O presidente da federação dos lojistas (FCDL), Sérgio Medeiros, diz que a alternativa encontrada para a mobilização foi intensificar o pedido de apoio dos parlamentares.
– Vamos assinar o documento e discutir de que forma podemos fazer uma mobilização mais efetiva, agora que o estaleiro acena com a possibilidade de deixar o Estado. Precisamos de uma atenção especial do governo federal para que não se perca mais este investimento – defende.
“Precisamos de pressão política. O documento do Cofem vai acionar as bancadas catarinenses.”
HENRY QUARESMA, Diretor da Fiesc
“Os critérios para negar as autorizações me parecem pouco transparentes.”
PAULO BORNHAUSEN, Deputado federal
(Por Simone Kafruni, DC, 01/07/2010)
Debate sobre implantação do estaleiro em Biguaçu na Assembléia Legislativa
A manutenção do estaleiro OSX, do grupo Eike Batista, em Biguaçu, foi defendida pelo deputado Renato Hinnig (PMDB) na tribuna, na sessão desta quarta-feira (30/06) na Assembleia Legislativa. Citando a importância do empreendimento para a Grande Florianópolis na geração de emprego, renda e desenvolvimento, Hinnig manifestou a dificuldade na implantação de projetos de grande porte como esse no estado, por questões relacionadas a licenças ambientais. “Não podemos permitir a fuga de um investimento da ordem de 2 bilhões e meio de reais, que deve criar mais de 4 mil empregos diretos e fortalecer o setor naval catarinense. Se outros estados podem, vamos lutar para que o estaleiro aqui permaneça”, disse.
O deputado mostrou manchetes de jornais estaduais e locais, que destacaram em suas edições, o impasse ambiental que inviabiliza o estaleiro. Durante a sessão, Hinnig protocolou um Requerimento encaminhado ao Ibama, Fatma e o presidente do Instituto Chico Mendes, pedindo agilidade na liberação das licenças ambientais. “Estou solidário com o prefeito, autoridades e moradores de Biguaçu, que aguardam ansiosamente pelo investimento do Grupo OSX. Contem comigo nesta caminhada. O estaleiro é nosso, não vamos ceder para o Rio de Janeiro”, enfatizou.
Além da Frente Parlamentar Pró-estaleiro, formalizada na sessão de terça-feira (29), que deve criar um grupo de trabalho para viabilizar o estaleiro, o deputado Renato Hinnig está preparando solicitação para realizar uma Audiência Pública das comissões de Meio Ambiente e Economia em Biguaçu, a fim de ampliar o debate.
(Alesc, 30/06/2010)
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