Turismo em bom porto

Editorial do Diário Catarinense (16/06/2010)

O Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), ainda esta semana, esgotado o prazo para contestações de outras empresas que participaram da licitação, anuncia, oficialmente, o nome da escolhida para desenvolver estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental e apresentar o anteprojeto de um terminal portuário turístico na costa continental da Grande Florianópolis para receber os grandes navios de cruzeiro, que hoje passam ao largo. Os recursos, no valor de R$ 1,87 milhão, decorrem de convênio assinado entre o Estado e o Ministério de Turismo, no final de 2008.

Em outubro do ano passado, quando esteve em Florianópolis para apresentar o relatório elaborado pelo Conselho Mundial de Turismo e Viagens (WTTC, na sigla em inglês), o presidente da mais importante entidade internacional representativa do setor, o francês Jean-Claude Baumgarten, apontou as carências de infraestrutura que precisam ser solucionadas com urgência para que se possa falar em turismo de qualidade em Santa Catarina, destacando as deficiências da malha viária e a ausência de instalações adequadas para receber o turismo de cruzeiros, hoje um dos segmentos da atividade que mais se expandem no mundo.

Desde meados da década de 1980 são anunciados planos e projetos para a implantação deste equipamento na região. Até hoje, tudo ficou nisso mesmo. Apenas planos e projetos, que naufragaram logo ali adiante. Espera-se que, desta vez, esta reivindicação do chamado tarde decole do mundo das intenções rumo à vida real. Atualmente, o turismo tem uma participação de 12,4% na formação do PIB catarinense, movimenta R$ 14,8 bilhões por ano e garante, aproximadamente, 510 mil empregos. As projeções indicam que, em menos de 10 anos, se o Estado fizer a lição de casa, a participação do setor no PIB poderá chegar a 13,5%, com um faturamento anual de R$ 33,9 bilhões, assegurando quase 700 mil empregos formais. Lembre-se que um turista de cruzeiro marítimo gasta, ao menos, duas vezes mais do que os outros. Que o porto turístico não naufrague outra vez.