O Brasil possui um sistema de transporte apoiado essencialmente em rodovias, mas suas estradas têm pavimentos antigos, dimensionados com misturas convencionais, em constante processo de deterioração. Uma tese desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFSC comprova o potencial de uma tecnologia direcionada a colaborar com a solução desse problema. O trabalho avaliou o chamado “asfalto-borracha”, mistura de betume com granulado de borrada de pneus.
“O desenvolvimento de pesquisas de novas misturas e de métodos eficientes de dimensionamento torna-se absolutamente necessário diante da realidade do Brasil. As composições estudadas neste trabalho são uma alternativa para a melhoria dos nossos pavimentos em termos de durabilidade, segurança e economia, em relação às opções convencionais”, explica a autora da tese de doutorado ´Optimização do Desempenho de Misturas Betuminosas com Betume Modificado com Borracha para Reabilitação de Pavimentos`, professora Liseane Padilha Thives, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC.
Seu trabalho recebeu, no mês de maio, o prêmio de melhor tese no biênio 2008/2010 na área de pavimentação rodoviária do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). A premiação é concedida a cada dois anos nos Encontros de Asfalto, organizados pelo Instituto para a melhor tese desenvolvida no âmbito das universidades brasileiras.
O trabalho de Liseane foi desenvolvido por meio de um convênio entre da Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade do Minho, de Portugal. Teve orientação do professor Glicério Trichês, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC, e dos professores Paulo António Alves Pereira e Jorge C. Pais, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade portuguesa.
Visão ambiental
As misturas com betume modificado com borracha de pneus usados têm sido empregadas com o objetivo de melhorar a capacidade estrutural de pavimentos novos ou que precisam ser recuperados. São, também, uma alternativa para o problema do depósito inadequado dos pneus usados. Embora o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) exija que as empresas fabricantes e as importadoras coletem e dêem uma destinação final ambientalmente correta aos pneus usados, eles muitas vezes são depositados em locais inapropriados e se transformam e locais de proliferação de roedores e de insetos transmissores de doenças.
A investigação da professora Liseane procurou avaliar as propriedades e o desempenho mecânico de misturas com asfalto-borracha, otimizando a composição com a melhor capacidade estrutural e desempenho mecânico. Comparados à composição convencional, os resultados mostraram que a incorporação da borracha no asfalto produz melhorias como aumento na resistência à fadiga e à deformação da mistura asfáltica. Melhora também a capacidade de retardar a propagação de trincas nos revestimentos asfálticos.
A utilização da mistura do betume com a borracha, e posteriormente com agregados, não é uma tecnologia nova. Nos Estados Unidos é utilizada há pelo menos 40 anos. No Brasil, a partir da década de 90, foram iniciados estudos sobre o assunto, mas o material ainda precisava de avaliações do comportamento mecânico para prever seu uso como camada de revestimento.
A composição é produzida com pneu usado triturado por meio de dois processos (ambiente e criogênico), formando a borracha granulada que, adicionada ao asfalto, dá origem ao asfalto-borracha. Para a professora, é uma tecnologia avançada, embora tenha 40 anos.
Segundo Liseane, sua tese possibilitou uma análise de custo/benefício e mostrou que a redução de espessura das camadas betuminosas de desgaste e a mistura asfalto-borracha conduziram a uma economia de até 32% em relação ao material convencional.
Estudos na área de pavimentação
As pesquisas na área de pavimentação têm sido ampliadas consideravelmente no Departamento de Engenharia Civil da UFSC, especialmente a partir do ano 2000. Foram adquiridos equipamentos como viscosímetro Brookfield, mesa compactadora de misturas asfálticas, instrumento para ensaio de envelhecimento do asfalto (RTFOT), para ensaio de módulo resiliente de misturas asfálticas e para ensaios triaxiais dinâmicos em solos.
O departamento está também aparelhado para realização de ensaios de fadiga e de módulo dinâmico em misturas betuminosas. Esta infraestrutura, obtida por meio de parceria com a Petrobras e recursos do CNPq, CT-Petro, Fapesc e investimento da própria universidade, permite o desenvolvimento de pesquisa de ponta e a formação de recursos humanos com um diferencial em relação a outras universidades brasileiras.
“Com o mercado de trabalho aquecido devido ao aumento expressivo de obras de pavimentação, devemos capacitar profissionais em número suficiente para atender a demanda, agregando aos quadros das empresas ou universidades, engenheiros civis com experiência na área de pavimentação. Nosso trabalho busca propiciar a melhoria das soluções de pavimentação com visão no futuro, contribuindo para pavimentar os caminhos que conduzem à melhoria da qualidade de vida e ao desenvolvimento do país”, defende a pesquisadora.
Grupo de Pesquisa em Rodovias Verdes
Liseane Padilha Thives integra o Grupo de Pesquisa Rodovias Verdes (GPRV), coordenado pelo professor Glicério Trichês. A equipe é formada por professores, alunos de graduação e de pós-graduação de Engenharia Civil da UFSC, além de colaboradores e empresas. Seu objetivo é desenvolver estudos e pesquisas que incorporem conceitos de Rodovias Verdes na construção e manutenção das estradas, aumentar a produção científica qualificada do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil na área de pavimentação e contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico da infraestrutura rodoviária brasileira.
O grupo se destaca na busca de recursos via agências de fomento e no estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada para alcançar suas metas. A inserção nacional e internacional é mantida com o desenvolvimento de projetos de pesquisa e parceria com instituições de ensino no Brasil e no exterior e pela divulgação dos resultados das pesquisas em eventos nacionais e internacionais e em revistas e periódicos de alcance global.
Liseane Padilha Thives
Liseane é formada em Engenharia Civil pela UFSC e passou por 14 anos de experiência como engenheira executora de obras rodoviárias e como responsável por uma usina de asfalto, uma pedreira e uma empresa de britagem. Durante este tempo, concluiu seu mestrado na UFSC, na área de Infraestrutura e Gerência Viária e, em 2004, iniciou o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil.
Foi contemplada com uma bolsa de estudos pelo Programa Bolsas de Estudos de Alto Nível para a América Latina (Alßan), a fim de estudar as misturas betuminosas modificadas na Universidade do Minho em Portugal, onde havia equipamentos de laboratório que, na época, não existiam no Brasil. Atualmente é professora 20 horas do Departamento de Engenharia Civil e leciona Projeto Geométrico de Estradas.
Mais informações no site www.rodoviasverdes.ufsc.br / e-mail liseanethives@gmail.com / Fone: (48) 3721-7773
(Por Natália Izidoro / Agecom/UFSC, 14/06/2010)
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