Especialistas apontam os principais problemas ambientais do Estado e o que você pode fazer para ajudar a mudar este quadro
Hoje (05/06), no Dia Mundial do Meio Ambiente, debates e palestras ocorrem nos cinco continentes para discutir como anda a nossa relação com os recursos naturais. Os fóruns também buscam chamar a atenção da população mundial sobre a importância da conscientização para a manutenção da vida na Terra.
Para alertar que a preservação do meio ambiente depende de cada um, o Diário Catarinense conversou com cinco especialistas e pediu a cada um que apontasse qual o problema ambiental mais sério em SC. Depois de mapear o desafio a ser resolvido, os entrevistados indicaram cinco soluções que você pode fazer e pôr em prática no seu dia a dia. A conclusão: salvar o planeta das agressões ambientais não é impossível. Ao contrário, as ações individuais, pequenas e rotineiras, são fundamentais para que o meio ambiente não só seja preservado, mas também recuperado.
Nos últimos cinco anos, cada um de nós passou a produzir 200 gramas a mais de lixo por dia. A produção fica entre 0,8 e um quilo. Infelizmente, o aumento na produção de resíduos não acompanhou a mudança de comportamento necessária. Mas sempre é tempo de repensar os hábitos. Reaproveitar a casca da banana e transformá-la em adubo, utilizar os dois lados de uma folha, não estacionar o carro nas dunas, ligar para as organizações competentes quando encontrar um animal silvestre machucado, economizar água e não jogar papel no chão são atitudes simples, que podem até passar despercebidas, mas que fazem muita diferença para a preservação do meio ambiente.
Lixo
O não reaproveitamento dos materiais e a falta de políticas públicas fazem do lixo o principal problema ambiental de SC. Sem coleta seletiva eficiente e a indisponibilidade de aterros sanitários públicos, muito do que se produz de lixo vai parar nas ruas e bueiros. Quando o resíduo vai para o lixão, o problema não está solucionado. O chorume contamina o lençol freático.
Mar
Santa Catarina continua de costas para o mar. Não há políticas públicas que sirvam para identificar qual a vocação de cada praia e nem para reconhecer a zona costeira como um bem público. Por isso, há tantas construções e empreendimento à beira-mar e um uso quase espontâneo da área litorânea. Como resultado, a mesma área pode ser disputada pela Maricultura (cultivo de ostras, mexilhões e camarões em cativeiro), atividades portuárias, desenvolvimento urbano, pesca artesanal, turismo e até a produção industrial. A costa catarinense é muito heterogênea. Há lagunas no Sul, praias para turismo em todo o seu Litoral e muitas unidades de preservação espalhadas por todo o território. O problema é que o espaço da mesma praia é disputado por diferentes setores. Uma mesma praia ser usada para diferentes finalidades resulta em grandes perdas econômicas, sociais e principalmente degradação ambiental. A legislação marinha é forte, mas há uma descontinuidade na sua aplicação prática.
A aplicação mais severa das leis da Marinha na costa pode salvar as praias catarinenses.
Ocupação
Sem consultar órgãos competentes e nem se preocupar com a própria segurança, as pessoas construíram cidades em cima de morros e beira de rios. Invadiram as encostas e espaços destinados ao leito da água. Retiraram a cobertura vegetal, que segura o solo, e provocaram erosão. Em épocas de chuva intensa, pagam o preço por terem desconsiderado morar em uma área de declive: a terra encharca, amolece e desliza. Na beira dos rios, os moradores ribeirinhos retiraram a mata ciliar, a cobertura vegetal às margens da água, que servia como proteção. Sem a barreira e com a erosão agravada, o processo natural do rio é sair do leito quando chove bastante, o que causa as inundações.
Muitas pessoas quando foram fazer suas casas, invadiram encostas de morros, retirando a cobertura do solo. Em épocas de chuvas fortes, pagam o preço por isso.
Água
Córregos, rios e lençóis freáticos do Oeste, Norte e Sul, além das águas do mar, podem estar ameaçados se as práticas atuais não forem repensadas. A contaminação está relacionada diretamente à falta de saneamento básico em todas regiões de Santa Catarina. O fato de sermos o segundo Estado com pior rede coletora, evidencia que as águas catarinenses estão em risco. Menos de 14% do território catarinense tem coleta. O que sobra vai para os rios e contamina os lençóis freáticos. A contaminação da água no Oeste ocorre principalmente pela agroindústria. Sem a destinação correta, herbicidas e dejetos de suínos poluem os lençóis freáticos. No Sul, a exploração de minas carboníferas tirou a vida do Rio Tubarão. No Norte, os resíduos da indústria têxtil causaram a liberação de metais pesados nos rios. No Litoral, a poluição da água, por meio de coliformes fecais lançados diretamente no mar, fica mais evidente no verão, com a chegada de milhares de turistas às praias catarinenses.
Animais
A biodiversidade da fauna e flora está ameaçada em Santa Catarina porque a ocupação humana ocorre cada vez mais em áreas de floresta. Locais onde antes havia somente animais e vegetais. Construções, plantações e criações de gado situadas nestes ambientes trazem um prejuízo imenso à natureza. Os animais ficam sem o espaço reservado para o seu habitat natural e podem morrer. É comum ocorrerem mudanças de comportamento que, nem sempre, dão certo; podendo causar doenças e até a morte daqueles que não conseguem se adaptar ao espaço reduzido. Além disso, a diminuição do habitat deixa os animais encurralados e torna mais acirrada a luta pela sobrevivência. Gambás e veados são espécies que correm sério risco de extinção no Estado devido a esta situação. Sem espaço, os animais são cada vez mais presença comum nas zonas urbanas, onde viram alvos fáceis de predadores.
Onde denunciar:
– Fatma
(48) 3216-1700/ 0800-6448500
www.fatma.sc.gov.br
– Polícia Militar Ambiental
(48) 3348-0336 /3240-1270
www.pm.sc.gov.br
– Ibama
(48) 3269-7111
www.ibama.gov.br/fauna/cetas.htm
– Ministério Público do Estado
(48) 3229.9000 / www.mp.sc.gov.br
Faça a sua parte
– Faça a separação do lixo em casa, no trabalho, na escola e participe da coleta seletiva
– Apóie as organizações e associações de catadores de lixo
– Repense os hábitos de consumo: não compre, especialmente material tecnológico, sem necessidade e apenas por consumismo
– Faça a compostagem em casa (transformação do resíduo orgânico em adubo natural) e jogue a matéria orgânica na horta
– Reaproveite materiais: reduza a impressão de folhas, use os dois lados, não descarte uma caneta sem a carga ter acabado
Faça a sua parte
– Exija a criação de espaços públicos na costa, como parques, museus ao ar livre e jardins, para que não se tenha mais a possibilidade de criar praias particulares
– Desista de ter casa à beira-mar
– Não jogue lixo na praia, não pesque na época do defeso e nem estacione o carro nas dunas ou vegetação
– Respeite a vocação de cada praia
– Consuma produtos da Maricultura sustentável
Faça a sua parte
– Não jogue lixo na rua para evitar o entupimento dos bueiros
– Antes de construir ou comprar um imóvel, verifique a segurança do terreno. Buracos ou fendas são indícios de um possível deslizamento
– Não more em áreas de encosta
– Preserve a mata em torno dos rios
– Capte a água da chuva em cisternas e reservatórios e a reaproveite na limpeza da casa e do carro
Faça a sua parte
– Para evitar a contaminação dos lençóis freáticos na cidade, cada um deve ter em casa o sistema de coleta e tratamento de resíduos. No campo, a fossa asséptica cumpre a mesma função
– Preservar a água limpa significa não ligar a rede do esgoto com a rede pluvial. Além de contaminar as águas, a ligação é ilegal e o mau cheiro provoca a proliferação de mosquitos, que são transmissores de diversas doenças
– Cobre dos síndicos e administradores de condomínios a captação e reaproveitamento da água da chuva
– Quando vir algum esgoto a céu aberto, ou desconfiar de ligação ilegal de esgoto, é importante denunciar para a Fatma
– Além de não poluir, é importante não desperdiçar a água limpa disponível. Não escovar os dentes durante o banho, por exemplo
Faça a sua parte
– Conheça quais são as áreas de floresta e não as ocupe
– Quem mora nestes locais, não deve deixar os animais de estimação soltos. Além disso, deve colocar sinos nos gatos e cachorros para que possam ser identificados à distância pelos animais da mata
– Fazendeiros não devem deixar o gado e ovelhas passar a noite no campo para evitar ataques de pumas e outros predadores
– Quando encontrar algum animal silvestre fora da área de floresta, o encaminhe para o Ibama ou para a Polícia Ambiental
– Saiba quais são regras da legislação ambiental e as respeite
(Por Francine Cadore, DC, 05/06/2010)
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