Com o sinal verde das licenças para a instalação do resort Txai Ganchos, o município da Grande Florianópolis confirma sua posição de destaque no litoral de SC. Com 60% de território preservado, a cidade atrai investidores que apostam no turismo de alto padrão.
Enquanto pescadores lançam redes para capturar tainhas e camarões em Governador Celso Ramos, investidores projetam a valorização dos terrenos na cidade. A chegada de grandes empreendimentos turísticos deve injetar R$ 3 bilhões no município nos próximos três anos.
O cálculo é do prefeito Anísio Soares. São pelo menos cinco projetos, que envolvem resorts, hotéis, bangalôs, lotes residenciais, shopping, centro de convenções e até um hospital. Tudo em alto padrão. Os recursos ultrapassam com folga o orçamento do município, de R$ 20 milhões em 2010.
Com a confirmação das licenças ambientais para o grupo Brasil Hospitality Group (BHG), o resort Txai Ganchos começa a sair do papel. A companhia não divulga o valor oficial dos investimentos, mas o prefeito aponta que são R$ 140 milhões, com geração de mais de 150 empregos diretos.
A exemplo da unidade em Itacaré, na Bahia, o Txai Ganchos terá baixa ocupação e padrão seis estrelas, com trabalhos de responsabilidade social e ambiental. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e sua mulher, Carla Bruni, já se hospedaram no resort baiano.
A Praia de Fora, onde será localizado o hotel de luxo, é deserta. Portões e cercas guardam o terreno, acessível por trilha. Motivada por um questionamento do Ministério Público, a melhoria do acesso à praia foi uma das condições para a liberação da obra.
– Os empreendedores apresentaram uma solução, vão fazer melhorias, com passarelas de acesso. Como resolveram o problema mais crucial, a licença foi mantida – explica o presidente da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), Murilo Flores.
O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) também autorizou a obra. O coordenador Ricardo Castelli diz que não oferece risco à área de preservação de Anhatomirim. O Txai fica a menos de 10 quilômetros do espaço protegido.
A geração de empregos deste e outros resorts vai ultrapassar o número de desempregados na cidade: 2,8 mil. Só o Quinta dos Ganchos, o maior projeto de todos, vai gerar 6 mil vagas.
Mas os benefícios dos investimentos não convencem todos os moradores. Para o aposentado Sebastião Moreira, 65 anos, toda essa novidade não é boa.
– Deixo as coisas na rua, botijão de gás, bicicleta. Ladrão aqui não se cria. Mas com esses hotéis de luxo aí, vai ficar pior. Porque o rico atrai a malandragem – reclama.
O pescador Paganir de Oliveira Santos, 56 anos, também acredita que a situação de Governador Celso Ramos também tende a piorar com as obras.
– Quando a obra é para o rico, correm com os pobres – lamenta.
Já os pescadores Antônio Marcos, 40 anos, e Jamildo Vieira, 44, aprovam os empreendimentos. Eles acreditam que vai aumentar a clientela para os peixes e camarões, fartos na região.
Terrenos podem valorizar até 70%
Uma coisa é certa: comprar um terreninho nesta cidade aprazível, mesmo longe da praia, vai ficar mais caro. E logo. O delegado regional de São José do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci) de Santa Catarina, João Carlos Roldan Júnior, calcula que, hoje, a média de preço de um terreno em Governador Celso Ramos gire em torno de R$ 90 mil a R$ 150 mil, num lote de 420 metros quadrados longe da praia.
Roldan acredita em uma valorização de 30% nos terrenos, ainda neste inverno. Na alta temporada, acredita que os preços aumentem 70%.
Ele compara com Jurerê Internacional, na Capital. Lembra que, há cinco anos, os imóveis custavam R$ 200 mil. Hoje, o preço de uma casa na praia mais luxuosa de Florianópolis varia entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões.
– Governador Celso Ramos já está elitizada. É considerada um paraíso por muitos, fizeram a pavimentação recentemente. Claro que vão ampliar os negócios – aposta o corretor.
A maioria dos empreendedores apresenta compensações, como recursos para concluir a rede de saneamento básico da cidade. Somente metade está pronta. Atualmente, existem apenas dois hotéis, dois resorts e 12 pousadas na cidade. Entre 60% e 70% do território é considerado área de preservação, segundo a prefeitura.
Txai Ganchos
Onde: Praia de Fora
O que será: resort com três tipos de hospedagens para diferentes públicos, como pequenos grupos, casais e famílias
Empreendedor: Brasil Hospitality Group (BHG)
Em que pé está: tem todas as licenças ambientais. A empresa aguarda o registro de incorporação para fazer o lançamento ao mercado
Inauguração: obras devem começar no segundo semestre e deve entrar em operação em três anos
Investimento: estimado em R$ 140 milhões
(Por Alicia Alão, DC, 27/06/2010)
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0 Comentários
Isso é uma palhaçada!
Porque esses ricos não vão fazer resorte em outro lugar hein???
Deixa a gente aqui sossegado no nosso lugar!! A praia de fora é uma praia de acesso a todos e é só isso que deveria ser.Mas agora com esse resorte, a única praia mais bonita e mais limpa de Ganchos vai ser fechada por causa desses ricos,interditando o acesso de turistas e até pessoas daqui que pescam na época de tainha, surfistas… Agora as duas pontas de morro de Ganchos de Fora tem resortes,sem falar na falta de agua, se quase nem temos agua pra nós, ainda mais com as chegada de ricos e turistas nesse resorte.