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Festa do Divino: Desfile no Centro abre o ciclo da tradicional festa religiosa

Início da programação, que segue até setembro, é marcado por um cortejo que vai percorrer as ruas centrais de Florianópolis

Uma das mais fortes manifestações da cultura açoriana no litoral catarinense começa a movimentar a Grande Florianópolis a partir deste final de semana: a Festa do Divino Espírito Santo. Em São José, o evento religioso teve início ontem. Na Capital, as bandeiras e cortejos de 14 comunidades se reúnem hoje, às 9h30min, na sede da Fundação Franklin Cascaes para realizar um grande desfile que anuncia as festividades. Após, o cortejo segue pelas ruas centrais da cidade. A programação se estende até setembro.

A Festa do Divino representa o culto e a devoção do povo ao Espiro Santo, uma das entidades da Santíssima Trindade. Em Florianópolis, a primeira celebração foi realizada em 1776, pela Irmandade do Divino Espírito Santo (Ides), que mantém a tradição até os dias de hoje.

De acordo com a diretora de assuntos espirituais da instituição, Elisabeth Mussi, cerca de 400 pessoas, entre voluntários e contratados, trabalham para a realização da festa, que começa a ser preparada com pelo menos seis meses de antecedência.

– As pessoas que se envolvem, fazem isso por amor – diz a diretora.

A verba arrecadada é aplicada nos projetos sociais da Irmandade, que atende 1,2 mil crianças e adolescentes em situação de risco. Em 2009, cerca de 30 mil pessoas passaram pelo evento realizado no Centro da cidade.

Na programação, um dos momentos mais esperados é o cortejo imperial. Em cada comunidade, crianças e adolescentes são escolhidos para representar o imperador e a imperatriz, as porta-bandeiras, as damas e os nobres que acompanham o casal imperial. A disputa pelas vagas é acirrada.

Na festa do Centro da Capital, quem representará a imperatriz neste ano será a estudante Maria Eduarda Bogoni Brustolin, 14 anos. Ela participa do evento desde os sete anos e já esteve no papel de vários personagens:

– Serei imperatriz pela primeira vez e é uma honra muito grande.

A mãe de Maria Eduarda, Anjela Maria, trabalha desde 1998 na festa, ajudando a produzir as crianças que participam do cortejo.

(Por Mayara Rinaldi, DC, 15/05/2010)

Tudo começou no século 13

A Festa do Divino Espírito Santo teve início em Portugal, no reinado de Dom Dinis e da rainha Isabel, no século 13. Conta a história que o rei teve um filho fora do casamento e queria levá-lo ao trono do império.

A partir daí, começaram as disputas pelo poder e para restabelecer a paz. Quando os conflitos cessaram, a rainha ofereceu ao Divino uma festa para servir ao povo no espírito da caridade e humildade. Ao fim da solenidade, um banquete era partilhado com os pobres.

Por ordem da Casa Real, a festa passou a ser realizada todos os anos na mesma data, ultrapassando as fronteiras do tempo e do território português.

Em Santa Catarina, pelo menos 23 comunidades de nove cidades realizam o evento atualmente. Para a socióloga e escritora Lélia Nunes, autora de um livro sobre essa tradição no Estado, a festa tem um significado muito forte nas famílias que conhecem a cultura pela tradição da oralidade (de pai pra filho).

– É a festa da partilha, do espírito solidário, da comunhão, da liberdade. É a festa da esperança de um mundo melhor, de uma nova era. É o louvor à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: o Espírito Santo – explica Lélia.

A tradição é repleta de símbolos que representam a história da Rainha Isabel e o culto ao Espírito. A Bandeira, juntamente com a Coroa de prata lavrada, são os símbolos centrais. O Divino Paráclito, representado por uma pombinha branca, está presente em todas as referências do culto e da festividade. Estes elementos identificam e unificam as Festas do Divino Espírito Santo nos diversos municípios catarinenses.

Em Florianópolis, a festa mais antiga é a realizada no Centro. A mais tradicional, de acordo com Lélia, é a do Ribeirão da Ilha. Já a mais jovem começou há cinco anos na Prainha.

– A festa da Prainha é um exemplo de (re)invenção da tradição. Tem o seu valor pela expressão cultural e por ser desejo manifestado da comunidade em realizá-la – diz Lélia.

(DC, 15/05/2010)

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