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Casan: Divisão de lucros é questionada

O anúncio da distribuição de parte do lucro da Casan gerou polêmica no meio empresarial e político catarinense. A estatal de água e saneamento teve ganho de R$ 32 milhões em 2009 e pretende distribuir R$ 1,8 milhão, metade para funcionários e metade para diretoria.

O presidente do Sindicato da Construção Civil na Grande Florianópolis (Sinduscon), Hélio Bairros, quer barrar essa distribuição. Ele conversou ontem com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Paulo Roberto de Borba, e solicitou audiência com o governador Leonel Pavan e o Ministério Público Estadual.

Bairros entende que a distribuição de lucros pela Casan é “inaceitável e imoral”, uma vez que a diretoria da estatal já é remunerada e Santa Catarina tem um dos piores índices de saneamento básico do Brasil.

– Não somos contra o lucro, mas estamos fazendo nossa parte de contribuinte. A empresa pública existe para ser eficiente, não fazer politicagem e demagogia – avalia.

O deputado Joares Ponticelli (PP) afirma que a distribuição de lucros para uma diretoria formada por cargos indicados pelo governo é “indecente”. O parlamentar vai conversar hoje com assessores para estudar uma forma de impedir a distribuição.

Nenhuma decisão foi tomada ainda, segundo o presidente da Casan, Walmor de Luca. Ele afirma que o valor a ser repartido, de R$ 1,8 milhão, representa cerca de 5% do lucro líquido da empresa. Metade iria para a diretoria e metade para os empregados. O encaminhamento deve ser debatido em uma assembleia geral dos acionistas, em 20 ou 30 dias.

Uma outra assembleia, marcada para 12 de maio, vai apenas nomear os três nomes em aberto no Conselho de administração da empresa, formado por oito membros.

O presidente da Casan quer que esse lucro seja transformado em ações, mas o sindicato discorda. Representante dos empregados no Conselho de administração da estatal, o sindicalista Jucelio Paladini, opina que dos 10% de lucro que o estatuto da empresa permite distribuir, 5% seja dividido de forma igualitária entre empregados e patrões e os outros 5% investidos em saneamento.

A distribuição do lucro nas empresas em forma de dividendos é prática comum, como explica o analista Adriano Marques de Sousa, da Somma Investimentos. Com estatais, também não há impedimento legal.

– Desde que a empresa tenha atingido a meta e não prejudique acionistas, é uma forma de valorizar o trabalho. Vai da política da empresa e quem define é o Conselho – explica.

Presidente da Casan

“A Casan é lucrativa desde 2003, mas só começamos a dividir os lucros a partir de 2007, quando o prejuízo no balanço foi neutralizado.”

(Por Alicia Alão, DC, 04/05/2010)

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