Segurança pública, saneamento básico e mobilidade urbana. Esses foram os principais problemas apontados pela audiência pública que discutiu a temporada de verão 2010 no litoral catarinense. O evento foi realizado na tarde desta quinta-feira (27), no Plenarinho Paulo Stuart Wright, por iniciativa da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, por intermédio do deputado Edison Andrino (PMDB), e contou com a presença de representantes da Santur, prefeituras municipais, Marinha, Polícia Militar, Casan, Celesc e lideranças do empresariado turístico.
Valdir Rubens Walendowsky, secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte e presidente da Santur, destacou que Santa Catarina é hoje um dos quatro estados que mais recebem turistas no Brasil e foi escolhido por três vezes consecutivas o melhor destino turístico brasileiro. Citando pesquisas realizadas pela Embratur, ele afirmou que 50% do turismo realizado em Santa Catarina e no país é baseado em atividades ligadas ao sol e ao mar.
“O governo vem priorizando o litoral, sem deixar de promover as outras nove regiões turísticas do estado. Estamos trabalhando em um plano de marketing que prevê cenários para o estado até 2020. Para isso, contratamos uma das empresas mais renomadas do ramo, que trabalhou na divulgação da Olimpíada de Barcelona, em 1992”. Para o secretário, que participou do Salão Brasileiro de Turismo, que está sendo realizado em São Paulo, o setor apresenta vários desafios em Santa Catarina, principalmente em relação à infraestrutura, mas que esse é um problema comum a várias regiões brasileiras.
A opinião de Walendowsky é compartilhada por Tarcísio Schmidt, presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares da Grande Florianópolis, para quem a atividade turística ainda é vista com descaso no estado. “Onde estão as prometidas ampliação do aeroporto Hercílio Luz, duplicação do trecho sul da BR-101 e a recuperação da SC-401? São obras das quais muito se fala, mas que não se realizam”. Tarcísio cita a realização do WTTC (World Travel & Tourism Council), evento mundial de turismo ocorrido em Florianópolis em 2009, no qual foram levantados vários problemas relativos ao setor e pouco foi realizado. “Nem mesmo algo que é tão visível, como a duplicação de um trecho de 3,6 km no acesso ao sul da Ilha, foi feito. Não é possível que não exista verba nem para isso”, desabafou.
Casan e Celesc
Além de obras viárias, problemas relacionados ao fornecimento de água e luz também foram muito citados, o que levou à manifestação dos representantes da Casan e Celesc. Osni Souza Filho, diretor de Orçamento e Planejamento e Informação da Casan, afirmou que os problemas de falta d’água acontecem em virtude do incremento de quase 100% na população de Florianópolis, principalmente durante a virada do ano e no carnaval. “A Casan está presente em 203 municípios catarinenses e realizamos investimentos continuamente. Até o próximo ano, cerca de R$ 1 bilhão devem ser investidos em obras de água e saneamento”.
Representando a Celesc, Gilberto dos Passos Aguiar afirmou que a companhia é regulada e fiscalizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), estando em dia com as normas reguladoras. “Dentro do faturamento anual da empresa, precisamos cumprir vários compromissos e sobra uma pequena margem de investimentos. Ainda assim, conseguimos aplicar R$ 300 milhões em melhorias no estado em 2009”. Aguiar também citou o alto fluxo de turistas durante a temporada, bem como ações na justiça movidas por moradores, que não querem que novas linhas de transmissão sejam construídas perto de suas propriedades.
Segurança pública
Com relação à segurança pública, representantes da Polícia Militar e Capitania dos Portos em SC discorreram sobre as atuações durante a temporada de verão.
Reconhecendo que o policiamento na temporada não é o ideal, o coronel Nazareno Marcineiro citou números para demonstrar que a PM tem priorizado sua atuação durante a temporada, em operações batizadas Operação Verão. Marcineiro, chefe do Estado Maior da PM, destacou que a corporação mobilizou entre 19 de dezembro e 7 de março, 8 mil policiais, 2.500 viaturas, 4 aeronaves e 50 embarcações nestas operações, que intensificaram o policiamento no litoral e estâncias hidrominerais, abrangendo 43 municípios catarinenses, nos quais 30.270 ocorrências foram registradas. ”Fazemos estudos preliminares para escolhermos quais delitos devem ser priorizados. Esses mapeamentos que são refeitos todo ano”. Segundo ele, a PM tem um projeto de capacitação da corporação para recepcionar os turistas nas entradas das cidades, com entrega de material informativo. “Infelizmente esbarramos no repasse de R$ 1,2 milhão e não pudemos levá-lo adiante”, afirmou.
Implementações em segurança da orla marítima também estão previstas para a próxima temporada. Segundo o capitão José Antônio Gomes da Silva, representante da Capitania dos Portos de SC, a Marinha deve reforçar a fiscalização de embarcações e atividades de dispositivos rebocados, como banana boat, para prover a segurança dos banhistas. “Na última temporada fizemos 4 mil abordagens e 300 notificações, com o registro de apenas um acidente fatal, índice que podemos considerar excelente”.
Homero Gomes, secretário de Turismo de Florianópolis, considerou importante a iniciativa dos parlamentares ao propor eventos que visem compartilhar responsabilidades. Gomes aproveitou a oportunidade para sugerir que os representantes de entidades ligadas ao turismo presentes “antecipem os planejamentos para a próxima temporada, destacando-se o que pode ser priorizado”.
(Por Alexandre José Back, Alesc, 27/05/2010)