O tratamento de resíduos e a geração de energias renováveis na Alemanha foi a experiência apresentada na Assembléia Legislativa (Florianópolis) por Karin Opphard, diretora da Associação Nacional de Resíduos Urbanos. Fundada em 1912, a entidade congrega associações e empresas municipais do segmento. A Alemanha investe por ano 1,7 bilhão de euros na gestão de resíduos e em serviços de limpeza urbana e de limpeza de inverno. O segmento emprega 76 mil funcionários. O papel da associação é atuar em prol da regulamentação de normas e políticas de gestão de resíduos e energias renováveis, além de praticar formação e educação relacionada a resíduos.
A associação também se ocupa de garantir que os resíduos sejam tratados de maneira ecologicamente correta e com segurança, com a eficácia da coleta seletiva e o uso energético eficiente desses materiais. “Quanto mais qualidade de vida um país tem, mais lixo produz, por isso a primeira preocupação deve ser conscientizar a população sobre a importância de reduzir o volume de resíduos gerados”, ensinou Opphard.
Desde 2005 não se pode mais utilizar aterro sanitário para tratamento de resíduos urbanos na Alemanha. O país adotou diversos tipos de usinas para tratamento do resíduo urbano, além de concentrar esforços na coleta seletiva e na reciclagem dos rejeitos. Conforme a palestrante, a coletiva seletiva já é tradição na Alemanha. As pessoas selecionam o lixo em casa, em quatro tipos de lixeiras independentes. No lixo residencial são separados resíduos orgânicos, metal, plástico e papel. Resíduos especiais, eletrônicos e de construção possuem coleta específica pelas prefeituras.
A Alemanha recicla 100% dos resíduos reaproveitáveis e faz compostagem do resíduo orgânico. Em 2010 será alterada a lei dos resíduos do país, renovada constantemente, que se tornará ainda mais rígida do que a atual. Os alemães gerenciam o tratamento dos resíduos em usinas de reciclagem, usinas de tratamento de resíduo biológico e usinas de incineração. Em aterro, tratam apenas resíduos especiais.
A incineração do lixo é muito utilizada no país para geração de energia. As incinerações são feitas por empresas privadas ou municipais e geram energia térmica e elétrica. Na cidade de Wuppertal, a energia gerada pela incineração do lixo é utilizada na climatização das casas. Em Bassum, foi criada uma produção alternativa de combustível através da incineração. O lixo é selecionado, cortado em pedacinhos e substitui o carvão mineral em usinas térmicas. Na cidade de Leonberg, utilizam-se gravetos de madeira para aquecer água de piscinas, hospitais e escolas.
A palestrante também apresentou exemplos de geração de biogás a partir de resíduos urbanos. Em Hamburgo foi criada a primeira usina de biodigestão de alimentos que passaram da data de vencimento. A usina produz 2 milhões de metros cúbicos de biogás e 6,7 MW de eletricidade e com isso alimenta 1,5 mil residências e proporciona uma economia de carbono de 5,4 mil toneladas por ano.
A Alemanha investe muito na economia de recursos naturais, estimulando a coleta e o uso da água da chuva para lavar carros e calçadas, além de utilizar combustíveis alternativos como óleo de plantas nas frotas de caminhões de coleta seletiva.
(Por Lisandrea Costa, Alesc, 27/05/2010)
Case de Moura serve de referência na geração de energia solar
A experiência da cidade de Moura, cidade portuguesa que tornou-se referência em energia solar, foi explicada por Vitor Paulo Soares, da Lógica, empresa mista criada naquele município para desenvolver o projeto. Situada na região europeia com maior potencial para geração de energia solar, Moura concluiu em 2008 a construção da maior central fotovoltaica do mundo, com potencial de 42 MW e painéis que ocupam área de 250 hectares, gerando energia suficiente para abastecer 30 mil habitações. O empreendimento comporta uma fábrica de painéis fotovoltaicos e um laboratório.
O governo criou um fundo social com recursos da tarifa de energia elétrica, no valor de 3 milhões de euros, para possibilitar a construção do Laboratório Fotovoltaico da Lógica, completamente equipado para fazer verificações e avaliações do cumprimento das normas do sistema elétrico. O laboratório tem a pretensão de entrar, em breve, no mercado de certificação de energia fotovoltaica.
A Lógica está investindo também na construção de centrais solares térmicas de concentração e já possui autorização do governo para instalar uma central desse tipo em Moura. A diferença em relação à central fotovoltaica é que a central de concentração utiliza células com rendimento maior. O município projeta, para o futuro, a instalação de um cluster de empresas especializadas em energia solar. A experiência desenvolvida em Moura credencia a Lógica a participar de projetos portugueses e europeus voltados à produção de energia solar.
O Laboratório da Lógica está credenciado a realizar ensaios elétricos, mecânicos e de observação visual. “Grande parte dos equipamentos que utilizamos foram desenvolvidos por nós mesmos, em conjunto com empresas portuguesas. Não há esse tipo de equipamento disponível para comprar no mercado, é preciso estudar e desenvolver. Muitos desses equipamentos já estão com patentes registradas ou em curso.”
O Brasil ainda não possui nenhum laboratório com capacidade para desenvolver esse tipo de equipamento, por isso Soares apresentou uma proposta de parceria para desenvolver uma experiência desse gênero no país. Disse que o Brasil possui um potencial imenso de energia solar, portanto é incoerente que continue a queimar energia fóssil. Afirmou também que é criminoso gerar energia com água potável, que deve ser preservada para o consumo humano.
(Por Lisandrea Costa, Alesc, 27/05/2010)
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1 Comentário
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