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13/04/2010
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13/04/2010

Saúde: calamidade

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 13/04/2010)

As deficiências dos hospitais públicos são conhecidas da maioria da população. Emergências lotadas, atendimentos retardados, filas intermináveis de consultas, cirurgias urgentes sem datas, precariedade de equipamentos e falta de incentivos aos profissionais. Um quadro que se agravou, na área estadual, com o pacote salarial de gratificações, beneficiando apenas os servidores que trabalham na Secretaria da Saúde.

A pesquisa Mapa revelou, de forma contundente, quais os mais graves problemas enfrentados hoje pela população. Deu, disparado, em primeiro lugar, exatamente a “saúde”, com 35,3%. Na segunda posição, bem distanciado, a “segurança pública”, que, em alguns municípios, constitui outra calamidade. Representa 12,3% das apreensões.

O cenário do setor saúde apresenta um paradoxo. Quem tem dinheiro recorre a consultas particulares, exames em instituições privadas e internação hospitalar, e pode contar com assistência qualificada. Os exames são feitos na hora, os equipamentos são sofisticados e há bons apartamentos. A classe média também consegue se blindar da calamitosa situação, através dos planos de saúde. No caso de SC, destaque para a Unimed, que cumpre dupla função, social e médica. De um lado, assegura assistência médico-hospitalar de boa qualidade a seus milhares de segurados. De outro, desafoga o atendimento nos hospitais públicos.

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Parâmetros

O problema grave situa-se na população de baixa renda que depende do SUS. Há alguns segmentos com trabalho elogiável. Na Capital, o Cepon, que trata dos pacientes com câncer, é um magnífico exemplo de assistência de alto nível, com pessoal dedicado e atencioso, no Centro Hospitalar Vilson Kleinübing. Um excepcional exemplo do serviço público que funciona muito bem. O mesmo ocorre no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, em relação aos transplantes. Tudo pelo SUS.

Há, ainda, os casos dos hospitais filantrópicos, que também cumprem papel excepcional. Em Florianópolis, o destaque continua com o Hospital de Caridade. Mas há, felizmente, exemplos incontáveis em outros municípios.

Deficientes mesmo são os hospitais públicos do Estado. Na Grande Florianópolis, dias de verdadeira calamidade tem vivido o Hospital Regional de São José, que possui o maior número de leitos. Pacientes que para lá se dirigiram ontem, às 9h da manhã, receberam a informação de que seriam atendidos 12 horas depois. Na emergência, padeciam, em macas e cadeiras, 36 pacientes com diferentes enfermidades.

Na semana passada, segundo o vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, técnico de enfermagem Luiz Antônio Silva, eram mais de 50 doentes espalhados pelos corredores. Ele já fez relatos dramáticos no conselho. Em 1989, a emergência do Regional atendia 50 mil casos. Realizava 5 mil exames radiográficos em quatro aparelhos fixos e oito móveis. Em 2007, foram registrados 320 mil casos de emergência e mais de 100 mil exames de raio X, com apenas três equipamentos fixos (sucateados) e dois móveis. Enfermeiros com 17 anos de casa ganham média de R$ 1,7 mil, valor apenas da gratificação da administração central da Saúde.

Os servidores realizaram assembleia geral e se declararam em “estado de greve”. Rebelam-se contra o pacote salarial do governo que marginalizou justamente os profissionais de enfermagem que atendem nos hospitais e postos de saúde. É a calamidade gerando o caos.

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