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Projeto Manguezal estuda encalhe de lixo no Pontal do Jurerê

Florianópolis possui cinco áreas de manguezais, localizadas no Saco Grande, Itacorubi, Tapera, Rio Tavares e Ratones. Nessa última, uma característica é evidente: o lixo urbano jogado entre as árvores e o lodo. Para saber quantos e quais são esses resíduos, alunos e a professora Natalia Hanazaki, do Curso de Biologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), desenvolvem desde 2008 o Projeto Manguezal.

O local de estudo é o Pontal do Jurerê, no norte da Ilha. Mesmo fazendo parte da Estação Ecológica de Carijós, o manguezal não escapa da contaminação pelo lixo. “A vegetação de borda presente no manguezal retém os resíduos sólidos. Por um lado isso é positivo, porque impede de entrar lixo na região. Porém, nessa mesma vegetação os caranguejos deixam os seus ovos e a poluição acaba prejudicando o ecossistema”, explica a estudante Bianca Vieira, coordenadora geral do Projeto Manguezal.

A primeira parte do trabalho contou com o envolvimento de 10 pessoas. Durante um ano, de outubro de 2008 a setembro de 2009, a equipe visitou o manguezal do Pontal do Jurerê e coletou amostras de resíduos sólidos urbanos para serem limpos em um dos laboratórios do curso. Durante um final de semana por mês, cinco integrantes do projeto se revezavam nas saídas de campo. “No dia 31 de dezembro estávamos coletando as amostras de lixo”, conta Dayse Dias, coordenadora de educação ambiental do projeto. A colega de turma, Bianca, complementa: “Já saímos às três da manhã para coletar os resíduos”.

Todo o esforço resultou em dados que serão transformados em um artigo para ser encaminhado à Revista Internacional da Gestão da Costeira Integrada. “Percebemos que uma grande quantidade de plástico era encontrada no manguezal, principalmente no verão, quando a região é mais visitada”, conta Dayse. A expectativa da equipe é de que entidades responsáveis pela fiscalização e destinação de resíduos na cidade de Florianópolis possam utilizar os resultados.

Palestras e oficinas

Em paralelo à coleta e análise dos materiais sólidos encontrados na área de manguezal, o grupo começou uma segunda etapa, a de educação ambiental. Foram realizadas palestras e oficinas sobre áreas de manguezal e resíduos sólidos para acadêmicos da UFSC, professores, pedagogos do ensino público municipal e alunos de 5ª série do ensino fundamental. Cerca de 2000 pessoas participaram dos eventos realizados na Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC (Sepex) e na Escola Básica Osmar Cunha, em Canasvieiras.

Materiais didáticos, como folders, banners, apresentações e o próprio site do Projeto Manguezal ajudam na conscientização ambiental que a equipe pretende difundir. O objetivo era que em 2010 o projeto continuasse, focado em ações educativas a respeito dos manguezais e resíduos jogados nessas áreas. Porém, os integrantes não conseguiram financiamento para que as palestras e oficinas fossem levadas adiante. Ainda assim, Bianca informa que o estudo continua contribuindo para a discussão entre estudantes de outros estados do país. “O site tem um número grande de acessos. Nos últimos tempos, trocamos e-mails com estudantes do nordeste, interessados nas informações sobre o manguezal catarinense, que tem características bem diferentes dos nordestinos”.

Mais informações no site www.projetomanguezal.ufsc.br / e-mail projetomanguezal@ccb.ufsc.br

(Por Claudia Mebs Nunes / Bolsista de Jornalismo na Agecom/UFSC, 08/04/2010)

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