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Fortalezas reivindicam prioridade dos governos na preservação

De sangue e de glória, de derrotas e de conquistas. As fortificações militares guardam em suas ruínas a história de dor e alegria das povoações que deram início ao desenvolvimento das cidades em todo mundo. “Tido como um país do futuro, o Brasil descuidou do seu passado, mas não se projeta o amanhã sem considerar os acontecimentos de ontem”, sentenciou o vice-reitor da UFSC, Carlos Alberto Justo da Silva, na quarta-feira (31), durante a abertura do VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e o Primeiro Encontro Técnico de Gestores de Fortificações, que prosseguem até sexta-feira (2), no auditório da Reitoria e encerram com uma visita guiada às Fortalezas de Anhatomirim e Ratones, na Ilha de Santa Catarina. Em seu discurso, o vice-reitor comprometeu-se com a recuperação do Forte da Ilha de Araçatuba, em Naufragados.

Os dois eventos reúnem 28 palestrantes e cerca de 200 pesquisadores do patrimônio histórico, museólogos, historiadores, educadores e principalmente gestores de 15 fortalezas de sete estados brasileiros, além de Uruguai e Açores (Portugal). Eles têm a missão de apresentar e discutir práticas bem-sucedidas de gestão que garantam o futuro desses monumentos, como destacou o coordenador do Projeto Fortalezas da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, Joi Cletison, que também falou na abertura. Em todo mundo as fortalezas enfrentam problemas de recursos para sua preservação e o caminho apontado pelos participantes é criar mecanismos de autossustentação que diminuam a dependência dos cofres públicos, como apontou Roberto Tonera, outro coordenador do evento.

Na quinta-feira (1), ao final das comunicações, os gestores vão formular um documento com recomendações dirigidas às autoridades ligadas ao patrimônio histórico e cultural sobre a necessidade de ações para a preservação, valorização e dinamização das fortalezas.

Entre essas sugestões está a promoção de atividades artísticas que promovam a educação sobre a importância do patrimônio, como a esquete teatral com figurino de época apresentada por Salvador. Outra solução é a possibilidade de aluguel das fortalezas para promoção de eventos sociais, a exemplo do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, que com esse tipo de solução triplicou sua visitação para um milhão de pessoas no último ano e conseguiu pagar sua manutenção.

Autossustentação
Em Florianópolis, uma portaria já assinada pelo reitor Alvaro Prata e em tramitação no Conselho Universitário regulamenta a abertura do uso das três fortificações administradas pela UFSC (Ratones, São José da Ponta Grossa e Santa Cruz de Anhatomirim). Falta apenas a definição de taxas de aluguel e os critérios de uso para que entrem em funcionamento, segundo Cletison. Os congressistas também vão submeter a plenário moções específicas solicitando a recuperação de fortalezas em ruínas, como a de Araçatuba, em Florianópolis, e outras duas, em Salvador, além de propor que o Ministério da Cultura crie uma linha de financiamento para manutenção dos fortes.

O movimento Brasil-Uruguai-Portugal pela revitalização das fortalezas iniciou há seis anos, em torno dos acordos de cooperação cultural entre esses países e pretende envolver o velho mundo. Com sede pela primeira vez no Brasil, o seminário, que era sempre realizado em Montevidéu já começa a dar retorno. Os gestores conseguiram a recuperação de alguns fortes como o de São Marcelo, em Salvador e o início da recuperação das muralhas das fortalezas do Uruguai, que foram todas destruídas. “Queremos ampliar a força dessa organização para todas as fortalezas do mundo, utilizando os recursos da internet”, salientou Adriana Careaga, outra coordenadora do evento e gestora do projeto Al Pie da Muralla, em Montevidéu.

Uma importante contribuição nesse sentido está sendo dada pela UFSC, que às 10h45min desta quinta apresenta o Projeto Fortalezas Multimídia. Trata-se de um site permanente com todo o conteúdo desses eventos e um Banco de Dados com o qual pretende informatizar a história e os dados de todas as fortificações do mundo (www.fortalezas.org). Criado pelo arquiteto Roberto Tonera e acessível pela internet em três idiomas, o banco já tem cadastradas mais de 850 fortificações de vários países, entre eles Uruguai, Brasil, Chile e Colômbia. Foi desenvolvido para funcionar em forma de rede colaborativa, numa espécie de comunidade virtual de investigadores e instituições interessadas na história e na preservação das fortificações.

Durante os seminários, os participantes poderão fazer consultas monitoradas ao Banco de Dados e também ao CD-ROM Fortalezas Multimídia. Pioneira na administração de fortalezas no mundo, com uma experiência de mais de 30 anos, a UFSC é considerada modelo nesse tipo de gestão. “Estamos socializando nossa experiência com os demais países e universalizando o conhecimento”, lembrou Tonera. O público que não está inscrito nos eventos pode navegar pelo CD ou apreciar a mostra fotográfica com 46 imagens das fortalezas participantes, além da exibição de dois vídeos sobre as fortificações (UFSC e Salvador), visitação de estandes e exposição de maquetes das fortalezas da UFSC.

“Conhecendo o passado podemos guardar o futuro”, disse o reitor Prata ao visitar a exposição. Para a secretária de Cultura e Arte, Maria de Lourdes Borges, a Universidade precisa articular ciência, tecnologia, cultura e história.

(Por Raquel Wandelli, Jornalista na Secarte/UFSC – Agecom, 31/03/2010)

Boa gestão pode ampliar conhecimento e dar mais visibilidade às fortalezas

As transformações e a situação atual do belo Forte São Marcelo, que fica na frente do Elevador Lacerda e defendeu Salvador, capital da Bahia, dos piratas e corsários a partir do século XVII, foram o tema da palestra dada na manhã desta quarta-feira, dia 31, pelo coronel aposentado Anésio Ferreira Leite no auditório da Reitoria da UFSC, logo após a abertura do VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e do I Encontro Técnico de Gestores de Fortificações.

Administrador do espaço e identificado com o estudo das fortificações militares, o palestrante falou do abandono a que estava relegado o forte e da iniciativa da prefeitura de Salvador, em 1999, de recuperar o prédio e torná-lo mais uma das atrações turísticas da cidade. A inauguração da reforma se deu em 2006, e de lá para cá ele recebe milhares de turistas e estudantes de escolas públicas, desenvolve projetos culturais e sedia eventos no auditório e nos salões de exposições temporárias.

O administrador ressaltou que o forte São Marcelo, conhecido como “umbigo da Bahia”, também “tem pernas”, ou seja, circula pela cidade por meio de eventos e exposições. Uma das atividades mais conhecidas – apresentada em forma de esquete durante o intervalo para o café, nesta manhã – é a encenação de um passeio de D. João VI e da imperatriz Carlota Joaquina, que aumenta o interesse da população e dos turistas que visitam Salvador pelo forte. No final de sua explanação, Anésio Leite defendeu uma mobilização nacional pela criação do Dia Nacional das Fortificações.

Gestão compartilhada – Na conferência seguinte, os arquitetos José La Pastina Filho e Liliane Monfardini de Lucena falaram sobre as atividades realizadas na fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, localizada na ilha do Mel, no litoral paranaense. La Pastina, que começou sua carreira profissional participando da reforma da fortaleza de Anhatomirim, na baía norte, entre Governador Celso Ramos e Florianópolis, fez uma homenagem a Armando Gonzaga, responsável pela secretaria municipal de Turismo da Capital nos anos 70, quando começaram as grandes restaurações das fortalezas da Ilha de Santa Catarina.

Na sua fala, Liliane de Lucena ressaltou que o Iphan, que assumiu a gestão do forte da ilha do Mel em 2005, vem conseguindo aumentar a visitação por conta de uma parceria com a prefeitura de Paranaguá, com quem divide a operação e os custos operacionais. Hoje, o Iphan responde pela manutenção e compra de materiais de limpeza, cabendo ao município as despesas com profissionais de administração, segurança e orientação turística. Outros membros que participam da gestão compartilhada são o governo do Estado e a Polícia Ambiental do Paraná. “Além da conservação permanente, realizamos exposições e shows sobre temas folclóricos da região”, diz a arquiteta.

Forte com identidade – Na última apresentação da manhã, a arquiteta Eliane Veras da Veiga mostrou a recuperação e os usos dados ao forte de Santa Bárbara, onde funciona atualmente a sede da Fundação Franklin Cascaes, braço cultural da prefeitura de Florianópolis. Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisul, ela diz que a FFC vem realizando um trabalho intenso para tornar a edificação mais conhecida, porque a maioria das pessoas ainda a identifica como sede da Capitania dos Portos – função que perdeu há 13 anos, em 1997.

“Queremos recuperar a identidade do prédio”, afirma Elaine, que também destacou a existência de cinco fortins da Ilha que não tiveram o mesmo tratamento das fortalezas restauradas a partir da década de 70. Neste sentido, a Fundação Franklin Cascaes editou fôlderes e criou projeto Fortes da Cidade, que mostra esse conjunto de fortificações que não sobreviveram ao tempo ou, nos casos em permanecem intactas, são menos conhecidas que as grandes construções na Ilha e no seu entorno.

No caso do forte Santa Bárbara, a recuperação realizada pela Fundação, com a supervisão do Iphan, contemplou as alvenarias externas e permitiu adaptações internas pontuais importantes para estender o tempo de vida do prédio. Tombado em 1994, ele hoje está bem conservado e em condições de ser conhecido por toda a população de Florianópolis.

(Por Paulo Clóvis Schmitz, Agecom/UFSC, 31/03/2010)

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