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São José: Adeus ao título de cidade-dormitório

São José comemora hoje 260 anos e até Claudia Leitte vem para a festa, num show que será realizado sábado. Mas a cidade tem muito mais a comemorar. Se nas décadas de 1980 e 1990, era chamada de dormitório da Capital, hoje se destaca como um polo de crescimento e de emprego.

De acordo com o Ministério do Trabalho, São José teve um crescimento de 3% no índice de geração de empregos nos últimos 12 meses. No mesmo período, Florianópolis amarga uma retração de 3,59% nos postos de trabalho.

Um exemplo real é a loja de design Imaginarium. Em 1º de fevereiro, em um investimento de R$ 2 milhões, a empresa transferiu seus Centro de Distribuição (CD) que ficava no Rio de Janeiro para São José. No mesmo local, concentra produção e distribuição para todo o país, gerando 50 novos empregos.

Segundo Carlos Zilli, diretor da empresa, a Imaginarium queria centralizar as operações em SC. Há 19 anos, desde que foi criada, mantém seu escritório na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Em 2005, decidiu instalar-se em São José, por estar perto da Capital, da BR-101 e do Porto de Itajaí.

– Neste caso, a cidade-dormitório se tornou Florianópolis – brinca o Edio Osvaldo Vieira, secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade.

Vieira observa que a economia do município registrou um crescimento acima da média brasileira em 2009:

– No ano da crise mundial, nosso Produto Interno Bruto (PIB) cresceu entre 3% e 4%, enquanto a média brasileira foi de 0,9%. Uma mesma empresa demitiu em janeiro de 2009, no pico da crise, 450 pessoas e readmitiu 600 em junho do mesmo ano.

Segundo o secretário, a taxa de desemprego da cidade é de 6%, que se resume principalmente a pessoas sem qualificação de mão-de-obra. Com 200 mil habitantes, a cidade concentra cerca de 2,5 mil empresas e 80 mil empregos formais. O setor de construção civil é o motor da economia. Mas há diversidade econômica, com a instalação de empresas de tecnologia até o setor de alimentos. Só a produção de ostras, moluscos e vieiras gerou um faturamento ao setor de R$ 4 milhões, em 2009.

Para o secretário, o desafio da aniversariante de hoje, é encontrar a fórmula para o crescimento sustentável e fomentar o desenvolvimento da indústria naval na cidade.

(Por Cristina Vieira, DC, 19/03/2010)

Histórias que se misturam

Dos quase 90 anos de dona Ondina Santos Melzer, em pelo menos 60 a história dela se mistura com a da cidade. Já bicentenário, São José é como dona Ondina. Apesar da idade, mantém a firmeza nos passos e a lucidez que mira o futuro sem refutar o passado.

No Beco da Carioca, no centro histórico de São José, dona Ondina construiu família, criou os filhos e esbanja sabedoria aos netos. Ensinou-lhes, inclusive, a ter amor pela cidade que a viu nascer, crescer e envelhecer. Gosta tanto a ponto de dizer que, enquanto tiver forças, é nas ruas de São José que quer andar enquanto puder. Quer ir à missa aos finais de semana e esperar o tempo passar. A relação de carinho com a cidade atravessou gerações. Tanto é que Roberto Melzer, 14 anos, que mora colado à vó e perto dos tios em um bairro saudosista que guarda ainda a tranquilidade de uma cidade de pescadores, assina embaixo das palavras da vó.

– Aqui tenho tranquilidade pra ficar perto dos amigos, da família. Não sinto falta de uma cidade grande – diz.

Vizinha de dona Ondina, dona Maria Erotides da Silva não aguentou a saudade de São José. Hoje, aos 71 anos, se arrepende só de uma coisa: ter saído “da terra”, como ela chama carinhosamente a cidade.

– Nasci aqui e gosto do ar, das pessoas, do cheiro de mar que sobe o morro. Só aqui sabia que seria feliz – diz a senhora que, depois de uma breve “escapulida” da cidade, por conta de trabalho há 40 anos, está de volta.

Ontem, um bolo foi cortado no hall da prefeitura de São José para marcar a celebração do aniversário do município. O doce distribuído à comunidade e confeccionado pelos profissionais da Fundação Municipal de Cultura e Turismo, serviu cerca de 500 pessoas.

(Por Jaqueline Morais, DC/Hora SC, 19/03/2010)

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