Florianópolis na contramão
Os dados do o Mapa da Violência 2010, Anatomia dos Homicídios no Brasil sugerem que Florianópolis vai na contramão de Santa Catarina (vai dados do Estado mais abaixo). A taxa de homicídios por grupo de 100 mil habitantes cresceu 211,5 no período da pesquisa, de 1997 até 2007. No Brasil, a taxa referente as capitais caiu 4,4.
Os números são piores se analisados os assassinatos de crianças e adolescentes. Florianópolis apresentou o maior crescimento do país.
No ranking que compreende a faixa etária entre zero e 19 anos, a cidade aparece como a 11ª mais violenta. Em 1997, era a mais segura das capitais brasileiras.
Entre a população existente neste intervalo de idade a taxa de mortos por grupo de 100 mil habitantes é de 23,1, mais do que o dobro da média catarinense que é de 11,3.
Os especialistas explicam que em Florianópolis ocorre um fenômeno inverso ao que levou o Estado a figurar como o melhor do Brasil.
A Capital catarinense sofreu um processo de inchaço. O resultado foi a formação de bolsões de pobreza. O secretário de Segurança Pública, Ronaldo Benedet, admite que o problema é reflexo do crescimento desordenado ocorrido nos últimos anos.
A professora da UFSC Alline Pedra afirma que Florianópolis atraiu pessoas do interior em busca de emprego e formou áreas de risco.
Ela explica que as pesquisas acadêmicas mostram que, nestes casos, os jovens geralmente são os mais afetados por situações desfavoráveis que podem levar à criminalidade.
(DC, 31/03/2010)
SC tem menor taxa de homicídios
Estudo divulgado ontem mostra que o Estado registra média de 11,3 assassinatos por 100 mil habitantes, contra 17,8 do Brasil
Santa Catarina tem a menor taxa de assassinatos do país, revelou o Mapa da Violência 2010, Anatomia dos Homicídios no Brasil, divulgado ontem. De acordo com o estudo, o Estado registra média de 11,3 casos para grupos de 100 mil habitantes. No Brasil, a média é de 17,8. A pesquisa refere-se ao período de 1997 a 2007. No primeiro ano analisado, ocupava a terceira posição. Os números foram comemorados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Os investimentos no setor, o aumento das prisões e a contratação de policiais e de agentes prisionais foram as razões apontadas para o resultado. O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Benedet, diz que desde 2003 foram incorporados 1,4 mil agentes e delegados. Hoje, todas as comarcas têm ao menos um delegado. Segundo ele, 2,7 mil homens ingressaram na Polícia Militar. O número de agentes prisionais teria saltado de 590 para 1,8 mil.
O reflexo seria sentido no sistema prisional catarinense. Benedet cita que eram 6 mil presos em 2003, e hoje a massa carcerária é de 13 mil criminosos. O secretário considera que só essas medidas não serão suficientes para manter a taxa. Revela que 80% das mortes são consequência do tráfico de drogas. Ele defende programas sociais e escola em tempo integral nas regiões de risco de aliciamento de jovens. De acordo com Benedet, estas ações não são responsabilidade da SSP, que tem uma estrutura voltada à repressão.
Outra alternativa sugerida é informar a sociedade sobre os perigos do crime e implantação de política de redução de danos. O secretário avalia que ambas ocorrem de maneira incipiente. Apesar dos números favoráveis, o Estado apresenta um crescimento nas taxas de homicídios acima da média nacional.
Características do Estado explicam os resultados
Especialistas em segurança pública apontaram peculiaridades como as causas para o bom desempenho catarinense na pesquisa. Doutora em Criminologia pela Universidade de Lausanne, na Suíça, e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Alline Pedra não credita o resultado ao trabalho da polícia ou existência de políticas públicas. Considera que os serviços oferecidos nestas áreas não são melhores do que os do restante do país. Ela lembra que Santa Catarina tem centros urbanos menores e que as grandes cidades, com alta concentração populacional, estão mais sujeitas à formação de quadrilhas.
Se a polícia tem algum mérito é a concentração de pessoal em regiões problemáticas e por priorizar o combate ao tráfico de drogas, avalia o professor de Direito Penal da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Alceu de Oliveira Pinto. A estratégia torna o trabalho de repressão mais eficaz e impede que a criminalidade se estabeleça.
O professor acrescenta que os bons indicadores também são consequência das pequenas e médias propriedades rurais que impedem o êxodo para as cidades, reduzindo os bolsões de pobreza na periferia das cidades.
Membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o advogado criminalista Hélio Rubens Brasil aponta a escolaridade como um dos motivos.
Pessoas com mais instrução mantêm um crescimento econômico sustentável e diminuem fatores que levam à criminalidade, como desemprego e déficit habitacional.
O advogado lembra que a combinação desses fatores livra o Estado de problemas típicos de grandes centros urbanos. Em Santa Catarina não há registro de grupos de extermínio, de milícias e de locais controlados por quadrilhas de tráfico de drogas.
(Por Felipe Pereira, DC, 31/03/2010)
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