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Capital é a menos pior em educação infantil

Se Florianópolis fosse um aluno, não seria dos melhores. Pelo menos quando o assunto é a educação infantil. Apesar da qualidade das creches e pré-escolas da cidade ser a mais alta na comparação com outras seis capitais brasileiras, a média não passou de cinco. Os dados são de uma pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Educação (MEC), que avaliou as instalações, a metodologia aplicada em sala de aula e a relação entre os alunos e professores.

A falta de livros disponíveis e ao alcance das crianças é apontada como um dos principais problemas da educação infantil não só de Florianópolis, mas de todo o país. Na maioria das instituições, os materiais estão guardados em lugares aos quais os alunos não têm acesso ou sequer existem. Para especialistas, a situação estimula o afastamento da literatura, enquanto a escola deveria ser o local para o entrosamento com ela.

Outro quesito destacado negativamente é o sono. Falta espaço nas salas para manter os berços a, pelo menos, 90 centímetros uns dos outros, conforme manda a lei. Isso sem contar que há escolas em que os professores, por excesso de atividades, deixam crianças por mais de 15 minutos sozinhas no berço depois de acordadas.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Maria Malta Campos, isso comprova que, ainda que Florianópolis tenha tido a média mais alta entre as cidades avaliadas, há muito para avançar. O maior desafio deve ser reduzir as filas de espera por vagas, opina.

Fila de uma das creches tem 93

Em apenas uma das creches da Capital, há 93 crianças esperando. E a expectativa da direção é de que a fila chegue a 140 na segunda-feira, com o fim das inscrições.

– Precisamos melhorar em diversos aspectos. Nosso desafio é conseguir dinheiro para isso. Não é possível ampliar o atendimento recebendo R$ 1, 7 mil da União por aluno, enquanto cada um custa R$ 9 mil – avalia a diretora de Educação Infantil da secretaria municipal de Educação, Sônia de Lima Fernandes.

A nota da Capital confere o conceito de básico para o ensino infantil (confira os conceitos de cada pontuação no quadro ao lado). Apenas um conceito, considerado insatisfatório, fica abaixo deste.

Além do orçamento insatisfatório para a educação, a nota baixa de Florianópolis pode estar ligada a uma cultura de cuidar das crianças em vez de educar. Especialistas avaliam que o costume é muita atenção e pouca lição na educação infantil.

O investimento em creches e pré-escolas é essencial, por ser nesta fase da vida que o estudante conclui a formação da personalidade. As primeiras saídas de casa ocorrem aí. Apesar de que, até os seis anos, o desenvolvimento não é voltado às letras, mas à ludicidade.

Preparação importante antes do fundamental

As historinhas e as brincadeiras desenvolvem o senso crítico, a imaginação e a criatividade. Mas para tudo isso, é preciso estudar, planejar e não pensar que a leitura, por exemplo. pode ficar para depois.

– Em algumas creches, a gente chega e percebe que estão todos em frente à TV durante a tarde. Essa cultura de cuidar precisa ser substituída pela de educar – comenta o secretário municipal de Educação, Rodolfo Pinto da Luz.

A pedagoga Gilmara dos Reis explica que é possível perceber a diferença entre as crianças que passaram pela educação infantil antes de chegar ao primeiro ano do ensino fundamental. Elas costumam ter mais facilidade para aprender e socializar, por terem sido estimuladas antes e convivido com colegas e professores:

– Até a questão de limites é colocada ali, no ensino infantil, porque tem muitos pais que delegam a educação para o colégio, nem sempre ela vem de casa.

(Por Mariana Ortiga, DC, 20/03/2010)

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