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Turismo amador

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 08/02/2010)

As carências da infraestrutura turística de Santa Catarina são conhecidas de todos. Proclamadas em prosa em verso, discutidas em seminários e feiras, constam de incontáveis documentos, panfletos e planos de governo. Entra ano, sai ano. E o amadorismo continua imutável.

Para começar, a infraestrutura. A BR-101, durante a temporada, vira um inferno. Especialmente no trecho Sul, que continua penando por esta lentidão inexplicável do Dnit em concluir a duplicação. No interior do Estado, o destaque positivo fica com as estradas estaduais e algumas federais que tiveram melhoramentos. Mas o volume de tráfego na BR-282, o trecho da BR-470 no Vale do Itajaí e a situação da BR-280 são dramas de todos os dias que permanecem sem solução. No dia em que ruir uma das pontes da BR-470, a economia do Oeste ficará comprometida. Milhares vão sofrer prejuízos incalculáveis. As pontes ali têm mais de 30 anos e não recebem manutenção.

Aeroportos? Outro escândalo insolúvel. O Hercílio Luz, em Florianópolis, está no papel há mais de 15 anos. Temos líder do PT no Senado, líder do governo no Senado, líder disso e daquilo. E não há quem desenterre esta monstruosa caveira de burro. O de Navegantes teve até festa com a presença de Lula quando foi internacionalizado. Está lá. Uma vergonha. O de Joinville está longe de representar o potencial econômico da região e muito menos a obrigação de Brasília de retribuir em obras os bilhões de reais que recebe em impostos.

Melhorias?

Turistas nacionais e estrangeiros que se dirigem ao Sul da Ilha de Santa Catarina ficam entusiasmados com a paisagem da Armação, dos Açores, do Pântano do Sul, da bucólica Ribeirão da Ilha, da Caiacanga e de inúmeras atrações. Encantados e perplexos. Ali não há um só caixa eletrônico. De banco público ou privado. Agência bancária? Esquece! O Sul da Ilha não existe para estes exploradores da economia popular. E olha que hoje qualquer trabalhador tem cartão de crédito.

Produtores da equipe da cantora Beyoncé procuraram aproveitar a esplêndida Ilha de SC. Indagaram em que marinas poderiam alugar um barco. A rigor, tem apenas o Iate Clube Veleiros da Ilha, no Centro, e a Marina Blue Fox, em Canasvieiras. Outros queriam tomar uma caipirinha num barzinho à beira-mar, na Baía Norte. Opção zero. Deques de madeira para curtir a natureza? É proibido! A esplêndida Baía Norte, que já teve, antes do aterro, sete trapiches, e que acolhiam pobres e ricos, gregos e troianos, hoje tem apenas um. Que está interditado há mais dois anos pela prefeitura.

Neste fevereiro lindo e quente, dezenas de lanchas juntaram-se aos mergulhadores na encantadora Ilha do Arvoredo. Lá tem até um farol histórico. Mas não há um único ponto de apoio, um simples trapiche, uma trilha, um restaurante açoriano, para permitir o desfrute pelos nativos e turistas como em Fernando de Noronha.

Quer saber o pior? Santa Catarina é um dos maiores produtores de barcos de recreio do Brasil, com a Schaefer Yatchs (Phanton) e a Fibrafort (Focker) vendendo até no exterior. Mas se o proprietário de uma pequena embarcação precisar reabastecer, vai ter que comprar combustível em galões e realizar uma complicada operação. Se o barco for médio ou grande, não há um único ponto de reabastecimento ao redor de toda a Ilha.

É como iniciar viagem para São Paulo e não ter um único posto em todo o trajeto. Capital Turística do Mercosul? Acorda, Floripa!

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