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18/02/2010
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19/02/2010

Fogo amigo no setor turístico

Hotéis reclamam de concorrência desleal por parte das operadoras de cruzeiros marítimos.

A temporada de cruzeiros marítimos divide opiniões no setor turístico. Enquanto as operadoras defendem a ampliação para gerar mais receita onde os navios aportam, os hoteleiros reclamam da perda de hóspedes e da concorrência desleal.

O alvo da discórdia são os cruzeiros de cabotagem, navegação comercial entre portos de um mesmo país. Em 1995, foi aprovada uma lei que permite aos navios estrangeiros atuar no Brasil. O empresário Fernando Marcondes de Mattos, dono do Costão do Santinho Resort, acredita que os cruzeiros disputam mercado com os resorts em “condições desiguais”.

Entre os argumentos de Mattos estão a falta de regulamentação da atividade, o pagamento de menos impostos em relação aos hotéis, a contratação de estrangeiros em condições abusivas de trabalho, evasão de divisas para o exterior e a prática de jogos de azar nos navios

Além disso, o empresário discorda da estatística de que cada cruzeirista deixa cerca de US$ 100 (R$ 183) nas cidades em que aporta.

Mattos argumenta que o turista que paga R$ 50 por dia para ter hospedagem e refeições inclusas nos cruzeiros não gasta R$ 183 em terra.

– É absurdo, duvido que peguem táxi. Se pegam, dividem em três, quatro. Eles se alimentam bem no navio, não consomem em restaurantes.

Para a concorrência se tornar mais equilibrada, Mattos defende que 50% da tripulação seja nacional e submetidos à legislação brasileira.

O presidente da Santur, Waldir Walendowsky, órgão oficial do turismo de SC, afirma que o Estado apoia todos os segmentos indistintamente. Sabe que há diferenças na cobrança de impostos entre hotéis e cruzeiros, mas lembra que é uma questão federal.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/SC), João Eduardo Moritz, lembra que a entidade não é contra cruzeiros, mas incentiva a presença de turistas estrangeiros e defende o pagamento de taxas que concorram com a hotelaria.

– Os cruzeiros mais populares atendem às classes C e D, enquanto os resorts a A e B. Não temos dados de quanto a hotelaria perde por causa dos cruzeiros, mas sabemos que os resorts são os mais afetados.

Mas Moritz calcula que 30% dos passageiros de navios costumam retornar ao destino quando gostam. Para tanto, defende que Florianópolis tenha um porto adequado e marinas.

(DC, 18/02/2010)

Segmento diz cumprir a legislação

O presidente da Associação Brasileira de Terminais de Cruzeiros Marítimos Brasil Cruise, Cadu Bueno, afirma que toda a área de cruzeiros no mundo tem tributação diferenciada. Segundo a Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas (Abremar), foram pagos US$ 34,5 milhões (R$ 63,13 milhões) de impostos na temporada 2008-2009 pelos cruzeiros de cabotagem no Brasil. As taxas se referem a vendas, combustíveis e consumo a bordo.

Quanto aos trabalhadores dos navios, uma resolução do Conselho Nacional de Imigração determina que sejam contratados pelo menos 25% de funcionários brasileiros. Bueno observa que esse índice chega a 40%.

O diretor para Região Sul da Brasil Cruise, Ernesto São Thiago, afirma que há operadoras que oferecem hospedagem e city tour. E que os trabalhadores têm contratos de emprego de nove meses e, geralmente, acabam readmitdos na temporada seguinte.

– Há demanda imensa de gente qualificada para trabalhar a bordo. Difícil é achar camareiras e garçons que falem inglês. Percebemos a migração de trabalhadores dos hotéis para cruzeiros, porque o ganho maior é nos navios.

(DC, 18/02/2010)

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