Relatório do Fórum Econômico Mundial divulgado em meados de janeiro afirma que os celulares são o melhor caminho para promover a inclusão social por intermédio do uso das novas tecnologias. Segundo o documento, que conta com o apoio de acadêmicos de diversas universidades norte-americanas e européias, além de grandes companhias telefônicas, há hoje quatro bilhões de pessoas conectadas via telefonia móvel. A quantidade de pessoas com um celular em mãos, diz o relatório, abre espaço para diversas inovações, inclusive na relação dos governos com os cidadãos.
“Para muitas pessoas no mundo, o celular é o único meio de acesso à internet. Obviamente, isso tem implicações na saúde, empreendedorismo, educação, governo eletrônico e segurança pública”, comenta Paul Jacobs, CEO da Qualcomm.
O documento reconhece que ainda há muito a ser feito para que os moradores de países em desenvolvimento possam utilizar todo o potencial da telefonia móvel, utilizando a internet para obter serviços, por exemplo. Se, por um lado, Brasil, Índia, África do Sul e China responderam, juntos, por mais de 300 milhões de novos assinantes nos últimos 12 meses, por outro, boa parte da população dessas nações permanece afastada das redes mais modernas, capazes de fornecer acesso à rede mundial de computadores e serviços em “nuvem”.
E, alerta, William Dutton, diretor do Instituto de Internet da Universidade de Oxford, “as interrelações entre os avanços da internet os nas comunicações móveis estão entre as mais fascinantes novidades a serem assistidas nos próximos anos”.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, os celulares têm possibilitado, em alguns países, a oferta de novos meios de pagamento de impostos e consultas , além de conteúdos educacionais. Em Bangladesh, onde apenas 10% da população possuem acesso à rede bancária, a telefonia móvel tornou-se uma forma eficiente de pagamento de contas, entre elas, encargos públicos.
Outra possibilidade é o fornecimento de informações médicas via telefone aos moradores de áreas rurais distantes dos postos médicos. O relatório sugere a abertura de linhas de atendimento para que dúvidas sejam sanadas e pequenos acidentes possam ser resolvidos no próprio local, caso não demandem a presença de um profissional de saúde.
“Os governos também podem estimular a adoção de soluções móveis de TIC para o cuidado com a saúde e outros serviços sociais. Se os governos criam políticas para apoiar seus próprios objetivos de oferta de serviços móveis, pode haver um segundo impacto, no qual outras atividades floresçam e ganham escala”, diz o documento.
Porém, afirmam os especialistas do Fórum, para que esse tipo de ação se torne uma realidade presente mundo afora, é preciso inovação e modelos de negócios alternativos. É por meio deles que serão gastos os US$ 2,3 trilhões de investimentos a serem feitos para incluir os cidadãos do mundo que ainda não possuem celular com acesso à internet.
O documento, intitulado “Escalando oportunidades: tecnologias da informação e comunicação para inclusão social” pode ser lido, em inglês, no link http://www.weforum.org/pdf/ICT/ScalingICT.pdf.
(Marcelo Medeiros, Guia das Cidades Digitais, 25/01/2010)
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