Dizer que faltou água no litoral catarinense no verão é a mesma coisa que falar que em fevereiro, ou março, tem Carnaval. Há pelo menos seis anos consecutivos, moradores e turistas de Florianópolis e região reclamam que ficaram de torneiras secas nessa época do ano.
As justificativas da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) também se repetem. O excesso de pessoas no Litoral, o abuso no consumo e a falta de manutenção nas caixas d’água são os principais motivos apontados pela Casan, que nos últimos seis anos também garantiu que na próxima temporada o problema não iria mais acontecer.
Desta vez, o presidente da companhia, Walmor de Luca, justificou que a Casan foi pega de surpresa porque projetou um aumento de 10% na população de Florianópolis, mas que números do setor hoteleiro apontam um crescimento entre 30 % e 40%. Ele ainda lembrou que, em 2008, com a inauguração da nova adutora que leva água do Bairro Sambaqui para o Norte da Ilha, o abastecimento de água para aquela região aumentou em 35%.
O presidente afirmou que uma solução efetiva para o problema, que é crônico durante o verão, custaria muito caro, o que pesaria no bolso do consumidor:
– Se fizéssemos um investimento maior para atender apenas os turistas que vêm pra cá no verão, quem pagaria a conta seriam os moradores. Não podemos melhorar o turismo e jogar o problema para o consumidor.
Uma dessas soluções seria criar uma outra adutora, que também saísse da ponte e levasse mais água ao Bairro Itacorubi, passando pela Avenida Beira-Mar Norte. O custo estimado seria de R$ 26 milhões.
O presidente explicou que o maior problema de levar água para o Norte da Ilha está no Itacorubi, por causa do crescimento desordenado.
Para ele, deveria haver ainda uma política para controlar a entrada de turistas em Florianópolis. Ele ressaltou que a população precisa ser mais disciplinada ao consumir água.
Escolta
O corretor de imóveis Eduardo Henrique Amorim, 35 anos, aluga oito casas no Norte da Ilha de SC. Entre terça e quarta-feira, disse ter recebido mais de 70 ligações de seus inquilinos – todos reclamando da falta de água. Mas conseguiu um caminhão-pipa com a Casan para abastecer seus imóveis.
– Soube que alguns moradores fizeram barreiras para parar os caminhões. Então decidi acompanhar o veículo para garantir o trajeto.
Regra é economizar
Na casa de praia do professor de Educação Física Gerolamo Poltronieri, 55, todos estão avisados: a regra é economizar água. Há cinco dias ele sofre com a falta de abastecimento na Praia do Gravatá. Além de Navegantes, problemas foram registrados desde o Natal em Penha, Itapema e Bombinhas. Em Navegantes, a rede é abastecida durante a noite. O Departamento de Água e Esgoto (DAE) da cidade alega que o consumo aumentou em relação à última temporada e que a água enviada por Itajaí não tem sido o suficiente.
Piscina quebra um galho
No primeiro dia do ano, o aposentado Walter Barcelos vai fazer 70 anos. Parentes do Rio de Janeiro, de Brasília e do Rio Grande do Sul chegaram a sua casa, localizada na Servidão dos Coroas, na Barra da Lagoa, em Florianópolis. Tudo seria perfeito se não fosse a falta de água.
– A festa é mais ou menos uma surpresa. Se não chover e não faltar água ela vai ser boa. Por enquanto, usamos a água da piscina para algumas coisas, como limpar os vasos dos banheiros e fazer a limpeza da casa.
O problema começou na terça-feira. No primeiro contato por telefone com a Casan, Walter recebeu um protocolo. No segundo, foi ainda pior.
– Eu dei uma volta pela estrada geral da Barra da Lagoa e vi que o problema era só na nossa rua. Então liguei pela segunda vez para lá. A telefonista desligou na minha cara. Mas temos que reclamar porque pagamos impostos e não podemos sofrer estas sanções.
A enjambração
No Canto do Lamin, em Canasvieiras, em Florianópolis, moradores também sofrem com o problema. A água até chega à torneira do pátio da casa da comerciante Anabel Costa, 45. Por causa da pouca pressão, para por ali.
– Para lavar a louça eu liguei uma mangueira até a cozinha. Mas para o resto não tem solução. É ir tomar banho na casa dos vizinhos. Na minha propriedade também moram outros 12 inquilinos. Eles até reclamam e pensam que sou a culpada.
O comerciante Lourival Antunes, 59 anos, teve, ontem, uma tarde de trabalho na casa em que aluga, no Canto do Lamin.
– Primeiro, eu coloquei uma caixa d’água no térreo, onde a água chega. Depois, instalei uma bomba para empurrá-la para cima.
E quanto ele gastou?
– Nada, este sistema já foi feito no ano passado. Só perdi uma tarde de serviço.
Deu no DC
– 3 de janeiro de 1997
Com a água pingando da torneira sem pressão – e em alguns horários até faltando – os moradores e turistas da Ilha de SC enfrentam com dificuldade os primeiros dias do ano.
– 10 de março de 2003
Em Palhoça, moradores reclamam da falta de água durante o dia. Desde dezembro, quem mora no Bairro Jardim Eldorado está vivendo sob um esquema de racionamento.
– 3 de janeiro de 2004
Além de desconforto, a falta de água em pontos do Norte da Ilha está causando prejuízo. Alguns turistas antecipam sua volta. A Casan garante que o problema acontece em locais isolados.
– 4 de janeiro de 2005
A falta de água transformou em pesadelo as férias de um grupo de veranistas instalados na Praia do Santinho, Norte da Ilha de SC. Desde o Natal, 30 pessoas que estão em uma associação sofrem com o problema, que se repete em outras praias da Capital e do Estado, como Itapema.
– 3 de janeiro de 2007
Apesar da afirmação do presidente da Casan, Walmor de Luca, de que não haveria problema de falta de abastecimento durante a temporada, há cerca de uma semana moradores e turistas reclamam da falta de água nas praias do Norte da Ilha de SC.
– 3 de janeiro de 2008
O presidente da Casan, Walmor de Luca, disse que quando parte dos turistas que vieram para a virada do ano deixarem a cidade, o abastecimento no Norte da Ilha começa a ser normalizado.
(DC, 01/01/2010)
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Claro, mandem os turistas embora que o problema estara resolvido…haha..que piada de mau -gosto, nao investem na cidade,como se os impostos que todos os novos moradores pagam nao foswsem suficientes para investir na infra-estrutura, mas esta tudo largado, nem pintura em faixas de pedestre em frente de escola publica tem.A cidade esta abandonada, mal maquiada,alem disso as contas da Casan estao vindo superfaturadas para todos os moradores!!!
No Bairro Itacorubi não tem um pingo de àgua em nenhuma casa da minha rua. Além disso, quando temos água temos que nos adaptar ao horário que ela chega, pois vai embora rápido. Chega 2h da manhã e 11h da manhã ja não tem mais água no chuveiro, o pouco que enche dá tempo de tomar banho durante esse horário e sobrar o resto para as tarefas do dia-a-dia. Porém nesses ultimos dias, como já disse, nao tem uma gota d’agua. Estamos apavorados, tomando banho na casa de vizinho que também estão começando a sentir a falta de água. Todos com a pia cheia de louça, banheiro praticamente inutil pois não tem água nem para fazer as necessidade fisiológicas. Sem contar que é verão e precisamos de um banho pelo menos uma vez ao dia né, higiene também conta! Acho que falta de dinheiro não é, e sim falta de vergonha na cara. Muitos políticos passam a mão na verba pública e no fim das contas não ajudam o povo em nada, sempre promessas! Estou ouvindo a anos que a situação irá mudar e até agora: NADA.
Se a culpa é dos turistas, dêem um jeito de evitar a chegada deles, façam igual Fernando de Noronha (achoque é lá) onde cobram 40 reais por dia de cada turista para ficar na cidade. Quem sabe assim “têm dinheiro para fazer a obra” sem reclamar que falta o mesmo.
Não entendo, o governo reclama dos turistas e vivem fazendo propaganda da cidade e de suas belezas naturais para atrai-los. Eu mereço!!
Enfim, ESPERO QUE ALGUM CHEFÃO DA POLITICA LEIA ESSE COMENTÁRIO E ABASTEÇA, ARRUME O QUE FALTA, FAÇA ALGO PARA CHEGAR AGUA NO ITACORUBI URGENTEMENTE E NOS OUTROS PONTOS TAMBÉM.
PRECISAMOS DE ÁGUA, PRECISAMOS VIVER.
e só pra lembrar, mal usamos a água aqui na minha casa ja que é muito pouco a quantidade que chega no bairro, e a conta vem alta. Não sei nem que manutenção eles cobram. –‘
Tchau, obrigada desde já.