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Mapa das desigualdades

Artigo escrito por Bruno Peron Loureiro – Mestre em Estudos Latino-americanos (DC, 12/11/2009)

Redefine-se o mapa das desigualdades. Não se trata mais de entender a sociedade brasileira e as latino-americanas de modo mais amplo em função unicamente da concentração de renda, em que se aduz a distinção clássica entre ricos e pobres. Mas também da concentração de conhecimento, saber e tecnologia. A atenção desvia-se para as desigualdades no acesso à formação de qualidade, bens e serviços que proveem capital cultural, e artefatos com enorme valor tecnológico, que deslizam precisamente na direção dos setores endinheirados. Seria superficial cogitar as desigualdades, hoje em dia, somente em torno da produção, da circulação e do consumo materiais, como se o mais importante nas estatísticas de desenvolvimento fosse o universo do dinheiro. Um diagnóstico mais complexo exige pensar nos aspectos culturais, educativos, tecnológicos e na capacidade de produzir e usufruir deles.

Em vez de argumentar que o padrão econômico determina o educativo, como se o problema fosse só financeiro, prefiro redesenhar o mapa das desigualdades desde o padrão de acesso ao conhecimento, informação e tecnologia em segmentos diversos no Brasil. Ao lado das desigualdades internas, o Brasil se esforça para equilibrar a balança tecnológica que nos aparta dos países mais desenvolvidos. Há sinais positivos nos setores aéreo, sucroalcooleiro e de exploração do petróleo em águas profundas, mas os televisores, os acessórios de informática e os equipamentos da área médica ainda são quase todos importados. Esses bens materiais vêm de algum país em que, não há muito tempo, investiu-se na formação de seus cidadãos a ponto de obter conhecimento e desenvolver tecnologia para inseri-los no mundo competitivo, como Coreia do Sul, Japão e Taiwan, enquanto há países que confiam demais nos grãos, no etanol e no petróleo.

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