(Editorial, DC, 16/11/2009)
Oficialmente, os compromissos recém-assumidos pelo país na área ambiental, com uma guinada em direção ao desenvolvimento sustentável, são motivados pela Conferência de Copenhague, marcada para o próximo mês, e cujo objetivo principal é estabelecer um novo protocolo ambiental, em substituição ao de Kyoto. Tanto quanto as pressões externas, que ameaçam se transformar até mesmo em sanções comerciais para quem não mudar suas políticas de preservação, preocupam também ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva as de ordem interna, incluindo as de interesse eleitoral. Independentemente das razões, porém, o importante é que o país assuma metas factíveis, buscando conciliar de forma adequada as metas de crescimento com as necessidades de preservação.
A particularidade de a questão ambiental estar sendo antecipada como tema obrigatório da próxima campanha presidencial pode acabar significando ganhos importantes para os brasileiros. Bastou a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva confirmar sua intenção de candidatar-se à disputa ao Planalto pelo Partido Verde para que a ministra-chefe da Casa Civil e provável postulante ao cargo pelo PT, Dilma Rousseff, intensificasse a questão ambiental em sua agenda. Um sinal claro dessa intenção foi sua presença em anúncios significativos para a área, como o de uma redução importante no desmatamento, e a confirmação de seu nome para chefiar a delegação brasileira a partir de 7 de dezembro, na Dinamarca. Já o governador de São Paulo, José Serra, tido como o provável candidato ao Planalto pelo PSDB, antecipou-se ao governo federal firmando compromissos públicos para a diminuição das emissões de poluentes. É preciso, porém, que as boas intenções de ordem ambiental – como a meta de redução de até 38,9% no dióxido de carbono emitido pelo Brasil até 2020 – possam sair dos discursos políticos para produzir efeitos na prática.
Avanços ambientais dependem, antes de mais nada, de decisões de âmbito individual que, ao se somarem umas às outras, possam contribuir de alguma forma para um desenvolvimento capaz de conciliar progresso com preservação. É óbvio, porém, que os governantes têm um papel importante nesse aspecto e precisam se preocupar em definir políticas factíveis para esta área, que permitam crescimento seguro sem impor prejuízos irreversíveis para as futuras gerações.
Tanto no plano interno quanto no externo, é difícil imaginar que as mudanças de padrões possam ocorrer com facilidade. Até por isso, as metas de governo na área ambiental precisam ser tratadas com o máximo de transparência e devem se mostrar afinadas com as necessidade da preservação do planeta e as aspirações da sociedade brasileira.
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