Uma cidade que até dias atrás pleiteava ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, que já se disse capital turística do Mercosul, que recebe milhares de visitantes na alta temporada, enfim, que se proclama bela e privilegiada, não poderia ter uma mancha como essa que o Notícias do Dia mostrou em sua edição de fim de semana. O rio Papaquara tem um nome sonoro e ocupa uma bacia de grande beleza e biodiversidade, mas está morto, literalmente, porque foi tomado por aguapés, algas e bactérias que sufocam qualquer possibilidade de vida em seu leito.
Esse fenômeno é resultado da poluição por esgotos despejados no rio e pela ação nefasta dos moradores, que até sofás já jogaram ali, segundo depoimento de um de seus habitantes. O Papaquara é tributário do rio Ratones, que desemboca na Baía Norte, perto da praia da Daniela, ainda um recanto de moradas e moradores requintados, de bom poder aquisitivo. Há uma suspeita que o mar, ali e nas regiões próximas, já tenha sido afetado pelos dejetos que vêm da bacia, que em algum lugar precisariam ser depositados. Ou seja, a lenta agonia do Papaquara já faz outras vítimas, em lugares cujos ocupantes podem nem suspeitar que ali perto existe um rio que morreu e cuja poluição é agora dividida com outras comunidades da ilha.
A questão do Papaquara parece não ter solução. Remover as famílias pode ser a saída, mas quem assumirá essa iniciativa, e a que custos? Um esgoto a céu aberto, o lugar se afigura como um mal do qual todas as autoridades desejam se livrar. Contudo, ali há pessoas cuja situação precisa ser levada em conta, assim como um ecossistema agredido que, em breve, pode afetar outros, desencadeando uma degradação capaz de depor contra a sofisticação turística do Norte da Ilha.
Faço das palavras do Editorial veiculado nesta data no Jornal Notícias do Dia completando com mais algumas situações que nossa comunidade está vivenciando:
– Reciclagem clandestina no local. O que tem valor revende o restante o destino é queima do lixo e o rio Papaquara.
– Abandono de animais de outras comunidades no local. Últimos anos um descaso, inclusive vivenciado pela Coordenadoria do Bem estar do animal.
– Tráfico intenso de drogas. O local extremamente estratégico. Muitos traficantes pesados de Foz de Iguaçu alimentando todo o Norte da Ilha e principalmente canasvieiras. A violência aumentou significativamente na comunidade.
O Norte da Ilha, meio ambiente e moradores da região merecem mais respeito das autoridades. Sabemos que o problema foi “herdado” por incompetência de outras administrações. Isso não justifica a falta de vontade na solução!
Governo e Prefeitura façam uma reflexão nos investimentos (arena multiuso, pontes, viadutos, recuperação de patrimônio, etc.). O que temos de mais valioso e apelo ao turismo e negócios?
O Norte da Ilha merece a solução para o Rio Papaquara!
(Por e-mail, 27/11/2009)
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