O turista quer mais do que beleza

Com problemas de infraestrutura, SC deve ter crescimento modesto no número de cruzeiros e voos fretados em relação à última temporada

Santa Catarina acaba de ser escolhida – pela terceira vez consecutiva – como melhor destino turístico no Brasil, na opinião dos leitores da revista especializada Viagem e Turismo. A preferência pode ser explicada pela diversidade de belezas naturais, mas não tanto pela infraestrutura que o Estado oferece. A expectativa para a temporada de verão 2009-2010, de 15% de crescimento no número de cruzeiros e voos fretados, é considerada tímida.

Santa Catarina é o maior receptivo de voos charter da América do Sul, como informa o presidente da Santur, Valdir Walendowsky. E para acomodar melhor o turista, a estação de embarque do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, na Capital, foi ampliada em mil metros quadrados, o que não chega a empolgar o setor.

– Um puxadinho que já está defasado – na opinião de Eduardo Loch, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-SC).

Walendowsky observa uma tendência de crescimento de 15% em relação à temporada passada e destaca que o primeiro voo fretado pousa em Florianópolis em 20 de novembro, vindo do Uruguai.

Outros 59 já estão agendados, o que representa 26% do total da última temporada. Segundo a Infraero, além de Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, estão previstos voos da Bolívia, ainda não confirmados.

Os visitantes que chegam de navio ou de avião fretado são considerados turistas de poder aquisitivo mais alto. E sem a ampliação de aeroportos e a construção de portos turísticos, fica difícil atender à demanda, que só cresce, observa Loch.

– Quem é o melhor, caminha para ser o maior. Isso demanda oportunidade de crescimento – reforça ele.

Loch considera que o Estado tem atrações suficientes para manter o fluxo de turistas, mas o que não dá tranquilidade ao setor é a instabilidade portuária e a precariedade dos aeroportos. O projeto de ampliação do Hercílio Luz, para citar um exemplo, já existe no papel desde 2004 e ainda não conseguiu decolar.

Câmbio favorece pacotes internacionais

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Santa Catarina (ABIH-SC), João Moritz, espera que os números da próxima temporada, pelo menos, se igualem aos registrados do ano passado.

O anúncio de que o Estado é propício para vendavais e a cotação mais baixa do dólar – que faz com que pacotes para os principais destinos internacionais se tornem mais atraentes – são considerados fatores prejudiciais para o turismo.

Mesmo assim, Moritz espera receber uma “quantidade razoável” de argentinos e chilenos.

(DC, 27/10/2009)