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Do morro ao asfalto

Um em cada oito moradores da Capital vive em comunidades classificadas como de interesse social

Um em cada oito moradores da Capital vive em favelas. A Florianópolis das belas paisagens e da qualidade de vida tem comunidades carentes que chegam a abrigar 5 mil pessoas.

O número de favelados na cidade ultrapassa 50 mil, o equivalente a toda a população de Rio do Sul, por exemplo. De acordo com o último levantamento feito pela prefeitura, em 2007, 13% dos moradores da Capital estão nestas comunidades. No Rio de Janeiro, o último censo do IBGE, do ano 2000, apontava um percentual de 19%.

Em uma semana em que a violência nos morros do Rio esteve em evidência, vale lembrar que o percentual de moradores destas comunidades envolvidos com o tráfico de drogas, por exemplo, é muito baixo. O número em Florianópolis é ainda menor.

O levantamento da prefeitura mostra uma cidade com 64 áreas classificadas como de interesse social. Do início da década de 1980 até o final dos anos 1990, o crescimento destas comunidades dobrou – de 20 mil para 40 mil pessoas. A tendência não se repetiu nos últimos anos, como lembra o arquiteto e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lino Fernand Perez.

O crescimento da população foi mais modesto entre 1997 e 2007 – de 40 para 50 mil –, o que está relacionado ao crescimento rápido da periferia da Grande Florianópolis. A comunidade Frei Damião, em Palhoça, é um exemplo.

As mil famílias no ano 2000 se transformaram em 5 mil atualmente. Considerando-se que cada família tem quatro pessoas em média, a Frei Damião abriga 20 mil moradores.

O número de pessoas vivendo nestas condições é uma “afronta à vida” para o professor de antropologia e ética da Unisul, Jaci Rocha. Diminuir a estatística depende da união entre ideias da comunidade e poder público.

– O drama é sério e revela que há muitas pessoas necessitadas na Capital. Essa realidade costuma ser ignorada ou maquiada por medidas como a remoção da antiga favela da Via Expressa, na entrada da cidade, na década de 1990. Muitos já foram para a Frei Damião – comenta Jaci.

O professor critica a descontinuidade de políticas públicas e reconhece que há um aumento gradativo da qualidade de vida em algumas comunidades, especialmente nas que têm lideranças que planejam as melhorias e as sugerem ao governo.

Para mapear a situação das comunidades, a prefeitura encomendou um estudo à Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos (Cobrape). Foram levados em conta aspectos como saneamento, coleta de lixo, água tratada e material das casas. Um ranking de urgência de investimentos foi montado.

A comunidade em melhores condições é a Novo Horizonte. A pior é a Caieira da Vila dos Operários I, II e III. Conheça um pouco da vida de uma família de cada uma destas comunidades na página ao lado.

(DC, 25/10/2009)

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