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A imaginação não tem limite

Festival Isnard Azevedo, aberto com um espetáculo que convida à reflexão, apresenta 32 grupos em diferentes palcos da Capital catarinense

Bastou Anita dizer uma palavra para que a garotada que ocupava as primeiras filas da lona instalada no Largo Alfândega, grudassem os olhinhos no palco. Em cena Anita e Almira, personagens de Elas, espetáculo de rua que abriu o 16º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo que começou ontem em Florianópolis e que prevê a apresentação de 32 grupos até o dia 23 nos principais palcos da cidade.

Mas enquanto a dupla não dava início ao espetáculo, os estudantes da Escola Estadual Lauro Müller, localizada na região central da cidade, aguardavam a encenação com ansiedade.

– Eu tenho medo de palhaço, mas acho que vai ser legal – disse a falante Alecsandra Lopes, de 11 anos.

–Vai ser um monte de palhaçada – brincou Pietra Silva, de 10 anos que participou com a escola no festival do ano passado.

A alemã Gerta May, que mora no Brasil desde 1973 mas que ainda guarda muito do sotaque, não resistiu à lona.

– Eu estava indo para casa, no Sul da Ilha, quando vi o espetáculo e fiquei para assistir– disse ela encantada com o que via no palco.

A beleza de compartilhar a vida pela amizade

É impressionante a capacidade de interação da dupla Anna Paula de Oliveira e Ivani Melo com o público. Mesmo usando poucas palavras, a expressão corporal da duas atrizes é garantia de atenção por parte de crianças, jovens e adultos.

Na trama, Anita e Almira, duas palhaças que se conhecem desde bebê, se encontram nas mais diversas situações da vida, firmando assim uma forte amizade. Os conflitos e vínculos se aprofundam com o surgimento do amor adolescente e da atuação dos hormônios, motivo de irritações e inexperiências que geram inseguranças e atitudes extremas para chamar a atenção. Passam pelo sonho e pelas nuances do casamento, encantam-se com a maternidade, dividem-se entre os afazeres profissionais e domésticos característicos da mulher moderna e, por fim, já idosas e avós, relembram todas as suas peripécias e alegrias.

Em 20 ações cênicas, Elas trabalha o universo feminino, sua sensibilidade, aspirações, vontades, medos, tudo revestido e representado pela linguagem poética e ingênua dos clowns.

Mas, ao mesmo tempo em que mostra as semelhanças humanas, abre espaço às inescapáveis diferenças de raça, credo, de classes sociais e concepções de mundo para propor uma reflexão atual das mais importantes, que é a beleza de compartilhar, de se unir, de criar vínculos, de ser e ter amigos.

(Jacqueline Iensen, DC, 12/08/2009)

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