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Pedaços para contemplar a história

Rodrigo de Haro restaura seu mosaico no reitoria da UFSC

Entre os anos 1995 e 1997, Ro-drigo de Haro e seu assistente Idésio Leal emendaram dias e noites pesquisando a história das Américas. Um dado se transformava em imagem na cabeça do artista, que era desenhada numa imensa parede e, depois, coberta com pequenos e coloridos pedaços de azulejo. Desta forma, eles criaram o espetacular mosaico que abraça o prédio da reitoria da UFSC, em Florianópolis. O trabalho é citado no livro Mosaicos Brasileiros, de Henrique Gougon, como uma das referências deste estilo no país.

Passados 12 anos, os dois artistas voltaram ao mesmo local para recuperar o mural. Na primeira fase, executada ao longo de 30 dias, a dupla restaurou a obra da parte frontal do prédio que conta a história das Américas.

– Me deram uma parede para narrar a história da América, mas fui além e comecei a contar a história das civilizações pré-colombianas – observa Rodrigo, enquanto contempla sua obra.

Nos próximos dias, o artista e seu discípulo vão retomar os trabalhos e dar pequenos retoques na obra que está no lado interno do hall da reitoria, onde parte de uma parede é dominada por um mosaico com a imagem de Catarina de Alexandria, padroeira dos estudantes e do Estado de Santa Catarina.

Mas a grande expectativa de Rodrigo está reservada para o dia 3 de agosto, quando ele não vai apenas restaurar mas, sim, refazer a obra Travessia, exposta na lateral da Sala dos Conselhos e do auditório.

– Vou quebrar a monotonia deste painel – planeja Rodrigo, que tem uma forma muito particular de trabalhar: a pesquisa vira imagem desenhada direto no suporte que vai receber o mosaico. Nada de fazer escala no papel.

Nos mosaicos de Rodrigo de Haro, as imagens parecem brincar com o espectador e, peça por peça, vão narrando a história das Américas por meio de relatos de viagens, lendas amazonenses, literatura colonial e poemas de autores contemporâneos. Há também fragmentos de textos do folclorista Câmara Cascudo, dos navegadores e cronistas Francisco Lopes de Gómara e Adelbert von Chamisso e dos escritores Raul Bopp, Pedro Port e Alcides Buss.

Intervir na própria obra encantou Rodrigo.

– A obra de arte está sempre em aberto – diz.

Mas ele não pretende parar por aí e planeja concluir o projeto original.

– Minha ideia é colocar mosaicos nas duas alas superiores. Pensei em retratar ali a órbita celeste e elementos da ópera O Guarani – conta.

Mas se os mosaicos imensos orgulham Rodrigo, os murais do pai Martinho de Haro, um dos mais expressivos pintores modernistas brasileiros, que estão no hall do prédio, são motivo de intensa emoção.

– É como devolvê-lo à minha intimidade. Estreitar os laços com quem foi meu modelo – comenta.

(DC, 17/07/2009)

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