Em Nova York e no Rio de Janeiro eles são amarelos; em Londres, há os clássicos pretos; em Curitiba, a cor é laranja e em Florianópolis eles são brancos, com uma faixa quadriculada azul na lateral. Mas o que mais chama a atenção na frota de táxis da Capital do Estado não é a cor, e sim a quantidade de veículos. Desde 1979, são 258 carros. Número insuficiente sobretudo no Norte da Ilha, onde não há pontos de táxi. Nesses 30 anos, a população florianopolitana passou de 188 mil habitantes para 396 mil, conforme estimativa de 2007 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto em São Paulo há uma média de um táxi para cada 305 habitantes, em Florianópolis existe um veículo para cada 1,5 mil. Para o presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Florianópolis, Luiz Gonzaga Gonçalves, ela não atende à demanda da cidade, principalmente nas praias.
Em Florianópolis, são 42 pontos de táxi distribuídos entre Ilha e Continente. Nas praias, há ponto de táxi somente na Lagoa da Conceição.
– A cidade cresceu, principalmente no Norte da Ilha, porém não existe ponto de táxi em Ingleses ou Canasvieiras, por exemplo – diz Gonçalves.
O prefeito interino e secretário municipal de Transportes, João Batista Nunes, concorda que é necessário aumentar a frota e informou que a prefeitura trabalha em um novo edital de licitação de placas de táxi. Há quase dois anos, o primeiro processo licitatório da Capital foi suspenso pela Justiça devido a irregularidades no edital. Nunes afirma que, para a frota na Capital ser ideal, seriam necessários 90 novos veículos:
– Há um estudo técnico que aponta que o correto é uma cidade ter um táxi para cada 1,2 mil habitantes.
De acordo com o secretário municipal de Transporte, o processo licitatório que definirá os novos proprietários de placas de táxi, para um período de 10 anos, consiste em uma prova com questões específicas da cidade e conhecimentos gerais, e outra com discussões técnicas dos veículos.
Enquanto não há licitação, as placas são vendidas informalmente a preços que variam de R$ 100 mil a R$ 350 mil. Centrais de táxis e motoristas foram ouvidos e revelaram que o valor da placa varia principalmente pela localização do ponto. Os mais valorizados são os da Praça XV, shoppings e principais ruas do centro.
Trânsito intenso encarece as corridas
A tarifa de táxi em Florianópolis não é das mais caras do país. O preço da corrida teve reajuste de 11,8% (6% repassados em 2008 e 5,8% este ano). A bandeirada passou a valer R$3,40 e o quilômetro rodado na bandeira 1, R$1,81.
O preço fica abaixo de São Paulo (SP), onde a bandeirada custa R$ 3,50 e a bandeira 1, R$ 2,10. Já no Rio de Janeiro (RJ), a arrancada vale R$ 4,30 e a bandeira 1, R$ 1,25. Além disso, o custo da hora parada em Florianópolis é menor do que em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Nunes lembra ainda que Florianópolis ficou quatro anos sem reajuste.
As frotas
Em Florianópolis, são 258 carros (em torno de um veículo para 1,5 mil habitantes), dirigidos por 700 taxistas que se revezam em turnos.
O Sindicato dos Condutores Autônomos de Florianópolis estima que, por 12 horas de serviço, cada motorista faz cerca de 30 corridas.
Confira a frota de táxi em outras cidades da Grande Florianópolis:
São José 110
Palhoça 84
Biguaçu 30
Santo Amaro da Imperatriz 16
Outras capitais
São Paulo: 33 mil veículos (cerca de um veículo por 350 habitantes)
Rio de Janeiro: 32 mil veículos (cerca de um veículo por 200 habitantes)
Belo Horizonte: 6.044 veículos (cerca de um veículo por 400 habitantes)
Curitiba: 2.252 veículos (cerca de um veículo por 800 habitantes)
Porto Alegre: 3.925 veículos (cerca de um veículo por 370 habitantes)
O que dizem os usuários
José Mendes, 53 anos, mora em Florianópolis e conta que eventualmente precisa utilizar o serviço de táxi. Entre as críticas que ele faz está a postura dos taxistas e a relação deles com o trânsito:
– Acho que faltam cursos para eles ficarem padronizados e atenderem melhor os clientes. Também já vi muito taxista de boné para traz, com umbigo de fora, relaxados. Acho que isso pega mal para uma capital turística. Também acho que os motoristas podiam ter cursos para comportamento no trânsito e dirigirem mais tranquilos.
No que se refere ao preço da tarifa, ele acha que não é caro, mas que está dentro do máximo aceitável.
Moradora do Centro de Florianópolis, Valmira Guimarães da Silva, 62 anos, conta que usa o serviço em situações como, por exemplo, quando está com muita dor nas pernas ou com pressa. Para ela, o serviço oferecido é bom. Valmira diz que sempre foi bem atendida pelos taxistas e que é melhor andar de táxi do que enfrentar os ônibus da cidade.
O baiano Josenilton Martins Jesus, 21 anos, mora há nove meses em Florianópolis e não tem do que reclamar dos táxis da Capital. Ele relata que usa táxi principalmente para ir a lugares que não conhece e diz não considerar o serviço caro.
– Eu acho o preço razoável. Na Bahia é bem mais caro do que aqui.
(Julia Antunes, DC, 22/06/2009)