A mobilização contra o crack deve ser centrada, em Santa Catarina, sobretudo na prevenção e na educação de adolescentes e jovens e no engajamento da família através de alternativas que envolvam a União, Estado, municípios e parcerias privadas. E mais: as ações não devem ser tomadas isoladamente, mas em conjunto para resultados efetivos.
Discussões neste sentido envolveram especialistas, autoridades e convidados, que participaram, ontem à tarde, do Painel RBS, em Florianópolis. Os debatedores foram unânimes em reconhecer que as ações contra a epidemia do crack nas cidades catarinenses não são necessariamente apenas de segurança e saúde pública. Para barrar o avanço da droga, o mutirão deve mobilizar a sociedade, criar alternativas e também estruturas próprias contra a fragilidade social instalada que envolve o usuário.
O debate do Painel RBS, realizado no estúdio da TVCOM, marcou o lançamento da campanha institucional do Grupo RBS em Santa Catarina: Crack, Nem Pensar. A iniciativa tem como objetivo ampliar o grau de conhecimento sobre o problema, promover ações de prevenção ao uso do crack e contribuir com iniciativas em diferentes setores da sociedade.
– A RBS tem como uma de suas funções participar ativamente das questões de interesse da comunidade. Fizemos isso no dia-a-dia na cobertura dos nossos veículos, mas também em bandeiras institucionais e que possam representar uma contribuição para a melhoria na qualidade de vida. Ao escolhermos o tema do combate ao crack, temos consciência que essa é uma das bandeiras mais difíceis e complexas a que nos propusemos – assinalou o presidente do Grupo RBS, Nelson Sirotsky, na abertura do Painel.
A mobilização do Grupo RBS pretende gerar consciência coletiva entre os catarinenses e contribuir para a mobilização social. A meta é não ter mais nenhum novo usuário de crack. Para isso, haverá divulgação de iniciativas, principalmente as de prevenção. Antes da discussão, os participantes assistiram a cenas de impacto da campanha, com narração do ator Lázaro Ramos, além de reportagens sobre o drama dos usuários do crack.
A maior dificuldade reconhecida pelos participantes é a ausência de um mapeamento sobre a dimensão dos males gerados pelo crack e a ausência de um estudo sobre os usuários em Santa Catarina.
Tratamento precisa envolver toda a família
De Brasília, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, lamentou a impossibilidade de se vigiar os 8 mil quilômetros de fronteira seca do país que permitem a entrada da droga. O secretário sugeriu ações dos agentes que atuam no projeto de polícia comunitária para identificar os jovens em situação de risco com o crack.
Diante de uma droga que mata 20% dos usuários em cinco anos, segundo o psiquiatra Marcos Zaleski, os participantes evidenciaram a necessidade de Estado, prefeituras e governo federal se unirem a parcerias privadas para oferecer novas alternativas aos potenciais usuários e seus familiares.
O tratamento aos usuários também foi um ponto de discussão dos painelistas. Conforme o presidente do Centro de Recuperação de Toxicômanos e Alcoólicos (Creta), Jonas Ricardo Pires, toda a família precisa ser tratada, já que o usuário gera consequências para todos os integrantes de uma casa. Para Marcos Zaleski, faltam estruturas para a recuperação, já que os viciados precisam de um ambiente específico e o programa de afastamento deve durar de três meses a um ano, além de acompanhamento posterior.
– As recaídas são mais de 90% em três meses – destacou.
(DC, 02/06/2009)
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