A presença dos principais investidores do turismo mundial em Florianópolis para o Congresso Mundial de Viagem e Turismo (WTTC) é uma oportunidade única para estabelecer o planejamento estratégico do setor no Estado. Entretanto, mais do que planejar como atingir determinado objetivo, a Capital precisa definir onde quer chegar, que tipo de turismo pretende desenvolver e para qual perfil de turista.
Só com um modelo definido é possível priorizar os investimentos em infraestrutura. Em Dubai, onde foi realizada a última edição do congresso, tudo é planejado. Todos os anos, multiplicam-se os equipamentos de lazer com o objetivo de atrair cada vez mais turistas estrangeiros de alto poder aquisitivo.
Até 2010, a cidade de Dubai pretende receber 10 milhões de visitantes internacionais. Para se ter uma ideia, o Brasil inteiro recebeu 6 milhões de turistas estrangeiros no ano passado.
De acordo com o presidente da Santur, Valdir Walendoswki, existem duas formas de fazer turismo. Uma delas é como é feito o turismo em Dubai: com muito dinheiro proveniente do petróleo, a cidade está sendo construída com a visão única de atrair os turistas. Apenas nos parques temáticos de Dubai estão sendo investidos US$ 62 bilhões.
– Em Florianópolis, o processo é inverso. Se aproveita o apelo das belezas naturais para atrair turistas, que deixam aqui o dinheiro para ser reinvestido no turismo. Nós precisamos tornar o destino conhecido, criar o fluxo e fazer caixa, para que, a partir daí, governos e iniciativa privada possam investir na infraestrutura necessária com planejamento – avalia.
De acordo com o secretário estadual da Articulação Internacional, Vinícius Lummertz, mais do que planejamento, Florianópolis precisa de uma “intenção estratégica”.
– É preciso pensar a intenção estratégica não só da Capital, mas de toda a Grande Florianópolis e de todo o Litoral catarinense. O que precisamos é definir onde queremos chegar para desenvolvermos um planejamento regional do turismo – diz.
Falta de diálago entre cidades emperra o desenvolvimento
Segundo ele, o que não é planejado dá errado. E apesar de SC ter se tornado o lugar dos sonhos para todo o Sul do país e também do Mercosul, não há diálogo nem dentro da própria Capital, quanto mais entre os municípios do Litoral, para o desenvolvimento de um objetivo comum.
– Veja o exemplo da Praia de Ingleses (Norte da Ilha). Cresceu desordenadamente. Hoje, tem construções muito próximas do mar, faixa de areia muito estreita, um trânsito inviável e uma estrutura de comércio e serviços que só opera dois meses por ano – exemplifica Lummertz.
O secretário entende que um falso dilema entre desenvolvimento e sustentabilidade emperra o planejamento do turismo em SC. Falso porque hoje há como fazer desenvolvimento sustentável. Conforme ele, o entrave é decorrente do debate ideológico entre o setor da construção civil e conservacionistas ecológicos.
– No Campeche (Sul da Ilha), o plano diretor está em discussão há 20 anos. No Itacorubi, há um impasse. Mas não se deixou de construir neste período, só que desordenadamente.
Para Lummertz, Florianópolis é uma cidade difícil, onde não foi definido com clareza o que se quer fazer num espaço limitado (uma ilha).
– O que existe é um ambiente de conflito que impede definições para o avanço da infraestrutura necessária. Esperamos que o congresso mundial nos tire da adolescência e nos leve a um grau de maturidade – ressalta.
(Simone Kafruni, DC, 13/05/2009)
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