Os ônibus do transporte coletivo da Grande Florianópolis começaram a quarta-feira nas garagens. Depois de seis horas de negociações ontem à tarde, os representantes dos sindicatos dos trabalhadores (Sintraturb) e das empresas (Setuf) não conseguiram entrar em consenso e a prefeitura encerrou as negociações. A tendência agora é que o impasse seja resolvido na Justiça.
Hoje, a partir das 10h, os representantes do Sintraturb e do Setuf voltam a se reunir no auditório do Ministério Público do Trabalho, sob a intermediação dos procuradores Luiz Carlos Ferreira e Marilda Rizzatti, para discutir as reivindicações dos motoristas e cobradores e as questões referentes à circulação de um número mínimo da frota.
De acordo com o prefeito da Capital, Dário Berger (PMDB), ainda não é possível afirmar se o valor das passagens do transporte coletivo, responsável pelo atendimento diário de cerca de 200 mil pessoas, sofrerão um reajuste. Esta decisão depende do resultado do futuro acordo judicial.
– Eu cheguei à exaustão. Para mim, as negociações estão encerradas. Como não houve consenso, só resta agora o caminho da Justiça e o dissídio coletivo deve ser instaurado. Só depois da decisão da Justiça, vamos poder calcular se a solução será o aumento do subsídio ou se as passagens serão reajustadas – afirmou o prefeito.
Desentendimentos quanto às questões financeiras, sindicais e trabalhistas estão entre os principais impasses travados ontem no encontro que terminou por volta das 20h30min e reuniu 13 pessoas, no auditório do Ministério Público do Trabalho (MPT), entre representantes do Sintraturb, do Setuf, da prefeitura, da Câmara de Vereadores e da Guarda Municipal.
Segundo o assessor político do Sintraturb, Ricardo Freitas, o setor patronal não apresentou nenhuma proposta para ser debatida e discutida com a categoria. Quanto à recomendação do MPT para que 70% da frota circule em horário de pico e 30% em outros horários, o assessor político do Sintraturb informou que nenhum decisão foi tomada. Segundo o procurador-chefe do MPT, Acir Alfredo Hack, o não-cumprimento da determinação implica em multa que pode chegar a R$ 50 mil por dia, tanto para o Setuf quanto para o Sintraturb.
No primeiro dia da greve, a Guarda Municipal de Florianópolis registrou 25 ocorrências, entre tentativas de furto, na passarela da Ponte Colombo Salles e Mercado Público, e brigas entre motoristas de vans, de mototáxis e taxistas.
À noite, um cinegrafista trabalhando para a RBS TV foi agredido por manifestantes ligados aos trabalhadores em transporte coletivo quando fazia filmagens próximas ao Terminal de Integração do Centro (Ticen). A agressão a Luciano de Carvalho Oschelski foi registrada ocorrência na 1ª DP.
Participaram da cobertura: Felipe Pereira, Nanda Gobbi, Lilian Simioni, Graziele Dal-Bó, Diogo Vargas, Cristina Vieira e Estephani Zavarise
Principais pontos de divergência
> As empresas garantem o emprego atual dos cobradores, mas não abrem mão de excluir a função gradativamente. Os trabalhadores querem garantia de dois trabalhadores por ônibus
> Os empresários querem passar o pagamento do salário de cinco dirigentes do Sintraturb para o sindicato dos trabalhadores. O Sintraturb não aceita
> O Sintraturb não concorda com a proposta do sindicato das empresas (Setuf) de só descontar a contribuição salarial dos trabalhadores sindicalizados ou que autorizem por escrito
> Há discordância sobre o pagamento na participação dos lucros, feito a cada seis meses. As empresas não têm lucro com o sistema, portanto, propõem definir em 90 dias por meio de uma comissão composta por Ministério Público do Trabalho, prefeitura, Sintraturb e Setuf, um critério de produtividade cujo resultado será distribuído para todos os colaboradores
(DC, 20/05/2009)