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Santa Catarina às avessas

Santa Catarina não anda mesmo bem das pernas quando o assunto é preservação da natureza. Depois de um Código Ambiental que permite o desmatamento indiscrimado de matas que margeiam rios e afins e do compasso de espera em que se encontram unidades de conservação federais com araucárias naquele estado, agora se registra a derrubada de árvores no município de Santa Terezinha.

De acordo com a não-governamental Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida), a área conhecida como Fazenda Parolim sofre com a devastação acelerada há cerca de três anos e abriga algumas espécies de árvoes centenárias, nobres e ameaçadas de desaparecimento. Entre elas, araucária, imbuia, canela-preta e canela-sassafrás. O mais grave, no entanto, é que a grilagem de terras e o comércio ilegal de madeira ocorrem dentro da zona proposta para a criação do Refúgio de Vida Silvestre do Rio da Prata.

A história data de longo tempo e é um retrato das disputas políticas que tomam conta da agenda ambiental do país. Os estudos para a criação da unidade de conservação foram realizados em 2006, depois de um acordo judicial firmado no ano anterior entre Ibama, Incra e Ministério Público Federal. Em seguida, foram realizadas audiências públicas nos municípios de Vitor Meirelles e Santa Terezinha, nas quais a sociedade se mostrou amplamente favorável à proteção da área.

Há mais de dois anos, no entanto, o processo de criação do refúgio se encontra parado nos escaninhos da Casa Civil. Enquanto o governo não se decide, o ecossistema sofre. Segundo moradores locais, toda noite cerca de dez caminhões recheados de toras saem de Parolim, enquanto as sobras de madeiras são enviadas para os fornos de carvão.

Caso o desmatamento continue neste ritmo, é possível que todo o remanescente de Mata Atlântica da região seja extinto em menos de um ano.

Na última semana, a Apremavi enviou uma carta ao presidente Lula, ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. No texto, informa sobre a rotina de desmatamento da região, pede uma ação de fiscalização urgente no local e a criação definitiva da unidade de conservação.

(O ECO, 12/05/2009)

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