João Moreira, presidente do CBC&VB, acredita que o Brasil poderá mostrar seu potencial turístico durante o WTTC
João Luiz dos Santos Moreira, presidente da Confederação Brasileira de Convention Visitors Bureaux, escreveu um artigo no qual fala sobre a importância do evento WTTC, que acontece nesta semana em Florianópolis, para o turismo brasileiro.
“O Turismo do Brasil está em franca conquista de espaço representativo nos organismos internacionais de turismo. Depois de deslanchar uma ofensiva, no início desse ano, que garantiu lugar para a Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux (CBC&VB) no Conselho da Organização Mundial de Turismo (OMT), o país vai acolher um dos mais importantes eventos de turismo do mundo, o 9º Fórum Mundial de Turismo do WTTC – World Travel and Tourism Council. Será na cidade de Florianópolis, (SC), no período de 14 a 18 de maio. É um fato que cresce de importância na medida em que essa é a primeira vez que a reunião acontece num país da América Latina.
São aguardados para o evento os 100 principais executivos de todo o mundo membros do WTTC. O Fórum, cujo público participante estimado é de 800 congressistas, terá como cenário as dependências do Costão do Santinho. Na pauta de debates, as tendências do turismo para os próximos anos e possíveis parcerias capazes de garantir o sucesso do setor como atividade econômica. Obviamente, também, – e porque o momento exige -, incluirão os reflexos da crise mundial no segmento.
Esse evento oferece ao turismo brasileiro a oportunidade para crescer aos olhos dos que comandam os negócios do turismo internacional, exibir o Brasil como produto competitivo, rico em diversidade e belezas naturais, com excelentes instalações também para acolher eventos, a fatia mais rentável da atividade. Temos o dever de nos empenhar para que os líderes das maiores companhias de viagem e turismo do mundo se alinhem com o objetivo de conquistar e ampliar os espaços de participação do Brasil nos organismos internacionais de turismo.
Só o custo da organização do 9º Fórum consumiu algo em torno de R$ 12 milhões, rateados entre o Governo de Santa Catarina, EMBRATUR e outros patrocinadores. Já o WTTC reservou US$ 3,5 milhões para veicular a realização do evento na mídia internacional. Ou seja, o Brasil será promovido em diferentes praças. É como dizer ao mundo que esse é um destino que vale a pena, como já aconteceu com alguns países que acolheram o evento em anos anteriores.
Entretanto, não basta receber tamanha atenção. Fica por nossa conta demonstrar os diferenciais brasileiros: infraestrutura, profissionalismo, competitividade, qualidade dos serviços prestados. Deixar que os participantes do Fórum vivenciem a marca da nossa hospitalidade, desfrutem da rica gastronomia e de tudo mais que revele o Brasil como um lugar ímpar. Só desse modo vamos romper a barreira dos poucos mais de cinco milhões de turistas estrangeiros que recebemos há muitos anos. Aliás, vale o registro: dos 898 milhões de pessoas que viajam por ano em todo o mundo, cerca de 5,5 milhões têm como destino o Brasil, o que corresponde a 0,5% do volume total. E desse grupo, 35% vêm participar de eventos no ramo de turismo de negócios.
O cenário é favorável. Tirar proveito dessa oportunidade, uma questão de sabedoria do setor público e privado. A hora abomina amadorismos e qualquer intervenção que prejudique a meta de fazer com que os próximos anos confirmem o diagnóstico do WTTC, que aponta o Brasil como a 14ª economia de turismo do mundo, com tendência de crescimento rápido e estável a curto e médio prazos, à razão de 5,3% até 2017. Quer dizer, potencialmente um país emergente.
Os profissionais do setor têm certeza da influência positiva que um evento dessa magnitude representa para o país sede. Portanto, chegou a vez de mostrar aos líderes mundiais de negócios de viagens e turismo o promissor mercado brasileiro de turismo, reforçar o papel do setor como fonte de riqueza e empregos em toda parte do mundo, onde o turismo emprega 230 milhões de pessoas, o que corresponde a 8,3% do total de empregos e um impacto direto de aproximadamente 10% do PIB mundial. Isso quer dizer que uma, em cada grupo de 12 pessoas trabalha no segmento.
Conforme previsões do WTTC para a década 2007/2017, o turismo da China deverá registrar o maior crescimento do mundo, algo em torno de 9,1% e gerar, em 2017, 75,710 milhões de empregos, deixando prá trás Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Itália e Canadá. Até lá, os Estados Unidos deverão ter faturamento de US$3, 067 trilhões. Já o Brasil nesse prazo, prevê o WTTC, fecha com 7, 773 milhões de empregos, alçando à quinta posição no ranking, atrás da China, Índia, EUA e Japão.
Como se percebe, a concorrência é estupenda. Como segunda maior economia de turismo na América Latina, em 2017, o Brasil deve gerenciar uma receita de US$ 304,3 bilhões. A primeira barreira foi vencida: o turismo já é uma prioridade estratégica para o Governo. Agora é transformar nosso potencial em empregos e desenvolvimento econômico.
Dizer que o Brasil é sensacional, colocar o turismo brasileiro em evidência e atrair investimentos, nos parece tão importante quanto ter consciência da realidade. Vamos nos exibir a um público altamente profissional, experiente, que não perdoará amadorismos. Investir para oferecer situações peculiares e favoráveis a hospitalidade brasileira é um bom sinal. Devemos, entretanto, ir mais longe, aliar criatividade com profissionalismo, ficar antenados às expectativas dos participantes e não desperdiçar a chance de ouro que terá o Turismo do Brasil.”
(Mercado e Eventos, 12/05/2009)
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