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Qualquer pessoa que more em Florianópolis ou que conheça a cidade tem noção do quanto é difícil deslocar-se por ela, principalmente se o trajeto for realizado nas horas de trânsito mais intenso. Na alta temporada de verão, quando a frota de veículos é multiplicada pelo acréscimo de dezenas de milhares de automóveis conduzidos por turistas, o sistema viário da Capital praticamente entra em colapso, tão generalizados e intensos são os engarrafamentos. O que não difere muito do que se vê ao longo de todo o ano, pois mesmo na baixa temporada o fluxo de trânsito pode ser considerado crítico. Esta condição, há muito percebida pelo cidadão comum, acaba de ser confirmada por estudo técnico desenvolvido pelo pesquisador Valério Medeiros, da Universidade de Brasília, que reproduziu no Brasil uma pesquisa realizada em diversas cidades do mundo de acordo com modelo pioneiro elaborado pela Universidade de Londres. O resultado: Florianópolis tem a pior mobilidade do país e a segunda pior do planeta, ficando atrás apenas da cidade tailandesa de Phuket.

É certo que as características geográficas da Capital dificultam de modo significativo a implantação de um sistema viário eficiente. Parte da cidade está no continente e outra na Ilha de Santa Catarina. Esta apresenta relevo acidentado, com cadeias de morros percorrendo-a em quase toda sua extensão, possui diversas áreas de mangues, dunas, lagoas e restingas, além de uma vasta cobertura florestal. Tudo isso precisa ser preservado. No entanto, os problemas tornaram-se muitíssimo maiores em decorrência de opções equivocadas adotadas ao longo do tempo. Ao priorizar, em meados do século passado, o transporte rodoviário em detrimento de outros modais, o Brasil criou para si uma cilada: investiu justamente na alternativa mais cara e aquela que mais estimula o uso individualizado do transporte.

Para que a qualidade de vida em Florianópolis e em outras cidades seja preservada e incrementada, não bastam as medidas tradicionais e pontuais, como a multiplicação de viadutos e túneis, a construção de pontes e mais pontes ou mesmo o rodízio de automóveis. É fundamental que a sociedade mude de mentalidade e que os poderes públicos adotem modelos de gerenciamento que levem em conta esta mudança de paradigma. O transporte público de qualidade e o estímulo ao uso de meios alternativos, como a bicicleta, são importantíssimos, mas é fundamental, numa perspectiva de longo prazo, que o próprio sistema de produção das nações, com a incorporação de inovações tecnológicas como a internet e outras por vir, permita que um número cada vez maior de pessoas possa trabalhar sem saírem de casa ou sem a necessidade de percorrerem grandes distâncias para chegar ao trabalho.

(DC, 26/05/2009)

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1 Comentário

  1. Waldir Gomes da Silva disse:

    Eis a questão, sempre que se da conta de que a cidade esta com sua capacidade de locomoção estrangulada, procurasse jogar a culpa para um seguimento, e neste caso o Transporte Coletivo mais uma vez é a vitima.Podemos afirmar com muita segurança que o nosso Transporte é um dos melhores do Brasil e do mundo, falo isso por conhecer várias capitais e cidades mundo afora. O que tais tecnicos deveriam dizer é que a cidade nunca foi planejada, cada dono de loteamento “cedeu” 6 metros da sua propriedade para permitir que o adiquirente de seu quinhão de terra pudesse acessá-lo, isto ocorre ainda hoje nos cantões da ilha. Para que um ônibus possa circular as ruas deverão ter no minimo 12 metros de largura em seu leito carroçável, e interligar bairros de tal forma que possa atender as pessoas o mais próximo possível de sua residência, e nossas EX-rodovias, SC 401 403 405 406, e Baldicero Filomeno, hoje avenidas que cortam varios bairros do interior da ilha, medem 7 mnetros de largura. Se há tecnicos que apresentem soluções, se não há, que sejam contratados, e que as autoridades pensem a cidade no amanhã da sociedade, e não só no amanhã eleitoral.

    Waldir Gomes da Silva
    Presidente do SETUF

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