Os ônibus voltaram a circular pelas ruas da Grande Florianópolis ontem à noite. Após 33 horas, os trabalhadores do transporte coletivo votaram, em assembleia, o fim da greve.
A manutenção da função dos cobradores, garantia apresentada pelo prefeito da Capital, Dário Berger (PMDB), foi um dos motivos para a categoria voltar ao trabalho. A decisão, porém, não significa o fim do impasse entre os sindicatos dos trabalhadores (Sintraturb) e das empresas (Setuf), pois a campanha salarial e o estado de greve permanecem.
A frota de coletivos voltou a circular a partir das 18h30min e novas paralisações estão descartadas para esta semana, assegurou o assessor político do sindicato dos trabalhadores, Ricardo Freitas.
A garantia dada pelo prefeito no começo da tarde atendeu a um dos pontos mais importantes da mobilização dos trabalhadores, que temem a adoção do sistema de bilhetagem eletrônica e o corte das vagas.
– Não quero definir prazos, mas devo encaminhar nos próximos dias a proposta à Câmara. Tenho duas alternativas. Ou faço uma emenda parlamentar ou um substitutivo ao projeto de lei original que encaminhei recentemente – explicou o prefeito.
Os motoristas e cobradores, entre outras reivindicações, também pedem reajuste real do salário em 5%, mais o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período (5,83%), além de unificação e reajuste do tíquete-refeição para R$ 320.
Outro motivo que influenciou a decisão dos cerca de 2,5 mil trabalhadores presentes na reunião de cerca de uma hora, no Centro da Capital, foi o temor da interferência da Justiça do Trabalho na definição dos rumos das negociações salariais.
– A Justiça do Trabalho é conservadora e tem um padrão de julgamento que certamente pode nos tirar vários direitos. Não é menosprezo ou desrespeito com o Tribunal, mas o papel dele deve ser de julgar conflitos e não estabelecer regras – explicou o assessor do Sintraturb.
Quando os ônibus já circulavam, o Ministério Público do Trabalho acionou a Justiça e encaminhou em caráter de urgência, por volta das 20h, uma ação de dissídio coletivo, processo que permite à Justiça arbitrar as negociações.
A apreciação ficará a cargo da juíza Marta Maria Fabre, presidente do Tribunal Regional do Trabalho, que deve analisar e avaliar a validade do pedido dos procuradores do trabalho Luiz Carlos Ferreira e Marilda Rizzatti, já que não prática não há mais greve. A solicitação pede a declaração de abusividade da greve e o não-pagamento do salário dos grevistas referente aos dias da paralisação.
(DC, 21/05/2009)
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