O arquiteto e urbanista curitibano diz que o maior problema das grandes cidades é a mobilidade e que sua imagem de qualidade de vida se baseia na tartaruga: morar e trabalhar no mesmo lugar. E ainda propõe a criação de ruas portáteis
O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, 71 anos, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, passa boa parte do ano dando palestras pelo mundo. Suas credenciais incluem a implantação em Curitiba de um sistema de transporte considerado exemplar, hoje adotado em 83 cidades. O que mais seduz as plateias são suas ideias arrojadas para a solução dos problemas urbanos. Lerner falou ao editor Okky de Souza:
O trânsito nas grandes cidades brasileiras é cada vez mais caótico. O que fazer para melhorá-lo?
A mobilidade é hoje o grande problema em todas as cidades do mundo. Um dos maiores equívocos que se cometem ao discuti-la é a polarização entre o automóvel e o metrô. Com a multiplicação da frota de carros, os governantes investem em grandes obras viárias que apenas levam de um congestionamento a outro. Ah, então a solução é o metrô, dizem. Mas o metrô que existe no imaginário das pessoas é o de Londres, Paris ou Nova York. Eles foram construídos há mais de 100 anos, quando era mais barato trabalhar no subsolo. A operação do metrô precisa ser subsidiada. O dinheiro do subsídio vai fazer falta em outros setores da administração. Construir uma linha leva vinte anos. Para melhorar o transporte público de superfície bastam dois anos. A cidade não é tão complexa quanto os vendedores de complexidade querem nos fazer acreditar.
Sem obras viárias e sem metrô, a cidade não para?
O metrô é ótimo, mas acredito que o futuro da mobilidade nas cidades está nos ônibus circulando em canaletas exclusivas, passagem pré-paga, embarque no mesmo nível da plataforma e alta frequência. A chave consiste em não ter meios de transporte competindo no mesmo espaço. Esse sistema foi implantado em Curitiba e deu certo. Muitos colegas dizem: “Ih, lá vem o Lerner falar de Curitiba de novo”. Citando o dramaturgo francês Molière na peça Don Juan, digo sempre a mesma coisa porque é sempre a mesma coisa.
O que fazer para melhorar a qualidade de vida nas cidades?
Minha imagem de qualidade de vida numa metrópole é a tartaruga. Ela tem o abrigo, o trabalho e o movimento juntos, no mesmo espaço. Se você cortar o casco da tartaruga, vai matá-la. É exatamente isso que estamos fazendo com nossas cidades: morar num bairro, trabalhar em outro e buscar o lazer num terceiro. Gasta-se energia desnecessariamente. Por que gostamos das cidades europeias? Porque as funções estão mais integradas.
Como aplicar esse modelo no Brasil?
A grande revolução em nossas cidades já está acontecendo, através da mudança de escala dos criadores de empregos. Boa parte dos empregos está hoje nos serviços. As indústrias do vestuário e de alimentos têm tamanho menor e se acomodam dentro da malha urbana. Isso permite a parte da população morar e circular na mesma área da cidade em que trabalha.
Como resolver a questão das áreas centrais degradadas, como as de São Paulo?
Ninguém quer morar na região da Luz, em São Paulo, porque de dia o bairro tem vida, mas de noite vira a cracolândia. Quando a solução não está no espaço, está no tempo. Por que não deixar os vendedores ambulantes trabalhar depois das 6 e nos fins de semana? Para isso temos o projeto das ruas portáteis, módulos projetados para abrigar o comércio ao ar livre. Os módulos são instalados na sexta-feira à noite e recolhidos na segunda-feira de manhã. Ao se promover o movimento constante de pessoas numa região, ela fica mais segura. Isso evita que, para revitalizar áreas, seja necessário desapropriar prédios, um processo demorado e caro. Quando se quer um projeto criativo, deve-se cortar um zero de seu orçamento.
(Veja, Planeta Sustentável, 05/05/2009)
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