Da coluna de Moacir Pereira (DC, 10/05/2009)
Florianópolis vai se transformar, no próximo fim de semana, na capital do turismo internacional, com a realização da reunião do WTTC. O evento poderá virar a página das carências neste importante setor, um dos dínamos da economia em vários países. Mas é preciso atacar com urgência as áreas mais vulneráveis.
A primeira obra fundamental para dinamizar o turismo e quebrar a sazonalidade é o novo aeroporto internacional. Já se passaram mais de 15 anos e Florianópolis continua com o pior terminal dentre as capitais. Há anos perde, disparado, para Porto Alegre e Curitiba. A Infraero fez uma meia-sola, construiu um puxadinho. Mas nem finger existe para facilitar acessos nos dias de chuva. Nos dias de maior movimento, filas intermináveis se formam no interior, causando confusão e desconforto.
Os motoristas de táxi daqui não falam nem o “portunhol”. Inglês, só com particulares. O sistema viário continua uma piada, a começar pelas estradas. Nem se fale nos dias de jogo do Avaí.
Acessos aos principais empreendimentos turísticos precisam de uma imediata revisão, alargamento e melhoria.
Isto vale para o Sul, Norte e Leste da Ilha. Planejamento para estas áreas há muito pouco. A prefeitura deu nova paisagem à entrada dos Ingleses, Lagoa e Canasvieiras. Mas é pouco.
As praias continuam poluídas. Despoluição? Depende de sistema de esgoto, sim! Mas, na ausência deste, há alternativas de engenharia sanitária. Portanto, combater os que poluem as praias, rios e lagoas é questão de vontade política, de atuação rigorosa da Vigilância Sanitária. Vigilância que precisa ser, também, mais presente nos bares e restaurantes. Tem casa que prestaria mais serviços ao turismo se fechasse as portas. Matilhas nas areias brancas depõem contra a qualidade do turismo. Ninguém vê cachorrada nas ilhas baleares, na Cote D’Azur ou em qualquer praia da Europa, Caribe ou países asiáticos.
Florianópolis permanece de costas para o mar. Balneário Camboriú conta com a Marina Tedesco, a melhor, mais moderna e ecológica do Brasil. Mas a Capital não tem uma só marina decente. O único trapiche, da Beira-Mar Norte, continua interditado. Deques são encontrados só na Costa da Lagoa, decorando aquele aprazível recanto, gerando empregos e dando um tom romântico à paisagem. Hotéis cinco estrelas, de bandeira internacional, só o Sofitel.
E o que dizer do sistema de saúde? Se for urgência, o estrangeiro está num mato sem cachorro. Terá que enfrentar as emergências dos hospitais públicos, sempre superlotadas. Sendo um endinheirado, ainda pode se socorrer de clínicas particulares, que oferecem serviços de qualidade.
Segurança pública? Dizem as autoridades que a estatística dos índices de criminalidade diminuiu. Mas se disserem aos big boss do turismo que 60 criminosos saíram pela porta da frente da delegacia duas vezes, eles reagirão, no mínimo, assustados.
Esta reunião do WTTC não pode ser apenas um encontro de celebridades do turismo que aqui discutem dois dias, descem de helicópteros, entram nos jatinhos e retornam a seus países.
Representantes da sociedade deveriam ter acesso a alguns eventos, para depois aqui plantarem sementes.
E, como prova Gramado, o turismo de qualidade só cresce quando toda a comunidade está consciente de sua importância e participa de seus benefícios.
Diagnóstico pessimista? Pode ser. Mas é o mínimo que Santa Catarina precisa para entrar na sonhada rota mundial do turismo.
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