Quem passa por fora do terminal Rita Maria não tem idéia do abandono a que foi entregue aquele reconhecido terminal de ônibus. A sujeira, lixo acumulado, mato tomando conta de tudo, banheiros quebrados, sem água, faltam lâmpadas, diversas goteiras e sem segurança. Sem dono. O Terminal Rita Maria está do jeito que o diabo gosta. E os drogados, traficantes, assaltantes e prostitutas também. E o povo simples e decente, que não anda de helicóptero, que se lixe.
História
Quem passa ao largo do Rita Maria não se lembra que o nome escolhido foi uma homenagem a uma senhora, moradora das imediações, que recebia os visitantes que aqui chegavam. O terminal foi inaugurado no dia 7 de Setembro de 1981, pelo secretário de Transportes Esperidião Amin Helou Filho e pelo governador Jorge Konder Bornhausen. A área construída é de 15 mil 718,15m2 e a área coberta é de 13 mil 689,31m2. Atualmente passam por ali, na alta temporada, cerca de 12 mil pessoas/dia, com média de 515 ônibus/dia. Já na baixa temporada a circulação de pessoas chega a 8 mil pessoas/dia, com média de 350 ônibus/dia. Segundo o historiador Osvaldo Rodrigues Cabral, Rita Maria teria vivido entre os séculos XVIII e XIX. existe uma certa polêmica sobre esse nome, pois uns atribuem a um homem negro de sobrenome Rita Maria e outros à bondosa senhora, filha de escravos, conhecedora dos segredos das rezas e dos chás, herdados de seus antepassados e que ficou conhecida pelos muitos benefícios que fez à população local. Também levou o seu nome a antiga fábrica de pontas (fábrica de pregos) fundada em 1896, que pertencia à família Hoepcke, tradicional na cidade. Daquele lugarejo nada restou, pois com o progresso, todo o cenário modificou-se, mas o nome de “Rita Maria”, devido à sua bondade e fama de curandeira, resistiu ao tempo e continua na lembrança do ilhéu.
Abandono
Leia matéria publicada no blog (http://blogdomarcelofernandes.blogspot.com) do jornalista Marcelo Fernandes Corrêa, um depoimento simples e direto, que chega no ponto crítico a que foi jogado nosso terminal rodoviário. Leia, se fique indignado e critique os governantes que são pagos para cuidar, zelar e manter o patrimônio da sociedade e o jogam no lixo como se fosse um casca de banana.
Fala Marcelo
Não se pode elogiar. Ontem mesmo, passeando pelas ruas principais do centro de Porto Alegre, me horrorizei com o estado lastimável das ruas da capital gaúcha. A sujeira e a falta de cuidados (tanto da sociedade, como do estado) me levaram a fazer aqui, logo que consegui chegar a um shopping – um oásis da civilização “moderna” – uma verdadeira declaração de amor e saudade de Florianópolis, um verdadeiro céu, comparada às velhas e surradas ruas do Centro porto-alegrense.
Pois é, não se pode elogiar. Cheguei hoje em Florianópolis, eram 7 da manhã. A cena que vi no Terminal Rita Maria, durante uns vinte minutos que ali fiquei, me deixou envergonhado, indignado, como morador, com cidadão daqui.
A sujeira é generalizada. Tudo é sujo, descascado, caindo aos pedaços, sem pintura. Muitos dos banheiros estão interditados, fechados. Os que funcionam (funcionam?), imundos, cuidados (sic) por gente maltrapilha, despreparada, pra dizer o mínimo.
O sujeito que precisar de um carrinho para carregar suas malas não vai conseguir. Não há carrinhos. Ou melhor, os poucos carrinhos, velhos e tortos, estão sob o controle de “funcionários” – sabe-se lá de quem, que cobram para levar ou emprestar aquele raro e público equipamento. Um desses espertos chegou ao requinte de pintar o carrinho de azul e colocar seu nome. Portava até um crachá, o que lhe dava um ar de carregador oficial da rodoviária.
Chegando aos táxis, outra cena de guerra e um festival de falta de educação. Os motoristas, em muitos casos humilham seus “clientes”. Gente pobre, que chega com malas, sacolas, e crianças de colo, além de pagarem uma das bandeiradas mais caras do Brasil, enfrentam as grosserias e desdém desses maus e arrogantes profissionais, que não são maioria, mas em número expressivo, que intimidariam qualquer gestor sério daquela repartição pública.
Para completar o quadro, não temos Polícia, pelo menos àquela hora. Se um vigarista ou um batedor de carteira principiante resolver dar um “atraque” nos sonolentos passageiros que chegam ali, certamente, serão presas fáceis. Não há ninguém por perto, nem no horizonte mais distante das vistas.
Me lembro, isso já faz uns bons anos, já vivi esta cena. Cheguei a armar um “barraco” contra o pessoal responsável dali, quando reclamava da falta dos carrinhos. Fui desrespeitado, humilhado e debochado pelos aqueles “servidores públicos”. Vejo que nada foi feito, nada mudou. Continuam lá, protagonistas daquele “estado de sítio” que vive o terminal rodoviário de Florianópolis, “capital turística do Mercosul”, que pretende ser uma das sedes da Copa de Mundo de 2014.
Ah, é claro, nem o Comitê – tão famoso, que esteve por aqui, nem os turistas mais endinheirados que chegam, desembarcam por ali. Preparem pelo menos uns tapumes em volta do Rita Maria, para os visitantes não verem aquela vergonha que ali está.
(ImpactoSC, 25/02/2009)
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