O setor que apresentou o maior crescimento na geração de empregos no Estado em 2008 e que viveu um incremento de vendas da ordem de 10% no período não está imune aos reflexos da turbulência global. O discurso otimista da construção civil catarinense não é mais unânime. Mas diante das incertezas que cercam este trimestre, a aposta que segue firme e promete mais segurança são os imóveis populares.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) da Grande Florianópolis, Hélio Bairros, diz que embora não se possa afirmar a extensão e a profundidade da crise, é certo que o setor vive um momento de retração.
– Não há dúvidas de que houve redução dos negócios, até mesmo da geração de emprego. Já ocorreram as primeiras demissões – destaca ele.
Segundo dados do Sinduscon, SC é hoje o sétimo Estado do país que mais emprega na construção civil. Em 2008, o segmento apresentou um saldo de 9.770 vagas geradas no Estado, alta de 19,03% em relação ao ano anterior, o maior índice de crescimento entre os setores pesquisados pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine). Mas já considerando apenas o mês de dezembro, o saldo ficou negativo em 2.316 vagas, queda de 3,64%.
Bairros observa que o primeiro trimestre de 2009 é que ditará o ritmo do ano e reconhece que o governo federal tem adotado medidas para manter a oferta de crédito, priorizando o mercado da construção civil.
– Mas não depende só da boa vontade do governo. O investidor e o consumidor aguardam o comportamento do mercado. Nosso papel é continuar divulgando o imóvel como um investimento garantido, diante da valorização e da opção da locação – destaca Bairros.
Desaceleração foi menor no Estado
E é o desempenho do trimestre que vai revelar, também, os nichos mais resistentes à crise. Por enquanto, a aposta mais certa, segundo Bairros, são os imóveis populares, voltados para os clientes com menor poder aquisitivo.
Atenta a este mercado, a paulista Rodobens Negócios Imobiliários está à frente do projeto Terra Nova Palhoça, na Grande Florianópolis, em parceria com a catarinense Klokplan Engenharia. O projeto prevê o lançamento de cerca de 7 mil unidades residenciais em condomínios no Bairro Bela Vista, no prazo entre cinco e sete anos. São imóveis populares com valor de até R$ 150 mil cada.
A etapa inicial, com as 326 unidades comercializadas, deve ter os primeiros apartamentos entregues em maio. A segunda etapa, que engloba mais 382 imóveis, já está 90% vendida e deve ficar pronta em outubro.
– A velocidade de vendas diminuiu, mas ainda é boa. O mercado nacional caiu como um todo. Mas SC foi um dos estados onde menos caiu – avalia o diretor presidente da Rodobens, Eduardo Gorayeb, lembrando que a empresa prospecta projetos semelhantes em cidades como Blumenau, Itajaí, Lages e Joinville.
Maior construtora do Estado, a Criciúma Construções também está passando imune à crise por causa do foco nos imóveis populares. No ano passado, a empresa alcançou crescimento de 30%.
E 2009 já começou bem. Em janeiro, as vendas cresceram 18% em relação ao mesmo mês do ano passado, aponta o presidente da Criciúma Construções, Rogério Cizeski.
– Atendemos todo o mercado, mas principalmente os públicos C e D e esse mercado não vai parar. O que já parou um pouco foi a venda dos imóveis de valor mais alto.
Hoje, dos 31 empreendimentos em obras da Criciúma Construções, 90% são voltados para a linha popular, com unidades com preços de até R$ 200 mil cada.
Mesmo com um discurso mais pessimista, apontando retração do mercado neste início do ano, o presidente do Sinduscon da Grande Florianópolis, Hélio Bairros, também acredita que 2009 deve fechar com crescimento para o setor no Estado. Não no mesmo nível do ano passado, que registrou alta de 10%, mas com um incremento da ordem de 5% ou 6%, aponta.
(Alexandre Lenzi, DC, 08/02/2009)
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