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Uso irresponsável de sacolas plásticas é atacado em variadas frentes no País

Está hoje em curso no país um movimento salutar, emblemático de avanço na consciência ambiental da população – e da Indústria -, que busca abolir dos lixões, rios e mares um extraordinário despejo de sacolas plásticas. Como se sabe, esse tipo de resíduo, além de usualmente ter uma degradação extremamente lenta – chega-se a falar em 200 anos para sua total decomposição -, muitas vezes é ingerido por animais de várias espécies, impingindo-lhes uma morte lenta e sofrida.

Num dos investimentos para retirar das sacolinhas o rótulo de vilãs ambientais, muitas empresas brasileiras passaram a oferecer aos clientes produtos oxi-biodegradáveis. Eles recebem um aditivo químico chamado d2w, que tem a função de acelerar a degradação do plástico – divulga-se que sem causar qualquer impacto nos ecossistemas. O plástico d2w biodegradável leva, em condições normais, até 18 meses para se degradar – um alívio diante do período centenário atribuído ao plástico convencional.

O d2w é um conjunto de elementos químicos, abundantes no meio ambiente, que fragilizam as moléculas do plástico. Ele representa apenas 1% do total de materiais utilizados na produção. No Brasil, a única empresa a importar e comercializar o d2w é a Res Brasil, de Valinhos (SP). O aditivo mantém as mesmas características das sacolas convencionais, como brilho, resistência e leveza.

“A grande diferença é a drástica redução do tempo de permanência do plástico no ecossistema. Outro ponto fundamental é que os plásticos d2w biodegradáveis não causam qualquer impacto na natureza”, garante o presidente da Res Brasil, Eduardo Van Roost.

Para comprovar a eficácia dessa tecnologia, a Res Brasil encomendou uma série de estudos e testes, que foram realizados por instituições ambientais, universidades e organizações nacionais e internacionais, entre elas a Ecosigma e a UNESP (Universidade do Estado de São Paulo). Entre os estudos estão o de compostabilidade (se os compostos são degradados naturalmente por microorganismos) e ecotoxidade (teste feito com plantas, microorganismos e minhocas). Em todos os testes, o d2w foi aprovado.

O Brasil está entre os 60 países que usam essa tecnologia. Só a representante nacional já conta com mais de 160 fabricantes licenciados do setor plástico que adotam o produto em suas embalagens. O principal setor a utilizar o “plástico amigo” é o do varejo, que corresponde a 90% das vendas. Entre algumas empresas que adotaram a proposta, estão as redes de lojas Renner, C&A e Zara. A seguradora de veículos do Banco do Brasil também aderiu, recentemente, passando a exigir o aditivo em suas carteiras para guarda de documentação.

A Indústria do plástico convencional questiona essa eficácia (confira na matéria EXCLUSIVO – Polêmica no problema das sacolas plásticas: o que é gato; o que é lebre?).

Ciente do problema ambiental causado por seu produto, centrou baterias no Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, lançado inicialmente na cidade de São Paulo, e agora, em 1º de outubro, na Grande Porto Alegre, em dez lojas de supermercados – cinco da rede Zaffari e cinco da UnidaSul.

Cerca de 500 pessoas estão sendo treinadas, entre gerentes, supervisores, operadores de caixa e empacotadores. O objetivo é torná-las aptas a conscientizar a população contra o desperdício e em favor do consumo responsável das sacolas plásticas.

O Zaffari disponibiliza para seus clientes sacolas plásticas de sete quilos e o UnidaSul, de seis quilos (os tamanhos são diferentes), todas fabricadas de acordo com os requisitos da Norma ABNT NBR 14.937.

A população vem sendo orientada a reduzir essas embalagens, utilizando-as em sua capacidade máxima e evitando colocar uma sacola dentro da outra, bem como a reutilizá-las e reciclá-las (a síntese do conceito dos 3 R’s). Em cada loja, há promotoras, displays, banners, folders e cartilhas de apoio.

A iniciativa é da Plastivida (Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos), do INP (Instituto Nacional do Plástico) e da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF). O objetivo geral do programa é reduzir o consumo nacional das sacolas plásticas em cerca de 5,5 bilhões de unidades (equivalente a 30% do total de 18 bilhões) no período de um ano.

No outro vértice desse triângulo, está a opção – que também vem ganhando força – de simplesmente não utilizar essas sacolas. Muita gente está se habituando a levar às compras as hoje chamadas bolsas ecologicamente corretas, feitas em lona ou em outros materiais de grande durabilidade, não descartáveis.

Consumismo

Na opinião da ambientalista Miriam Duailibi, superintendente do Instituto Ecoar (SP), as sacolas duráveis, que podem ser reutilizadas muitas e muitas vezes, são, indubitavelmente, mais aconselháveis. “Como em todo consumo, necessitamos refletir sobre porque usar descartáveis, sejam eles biodegradáveis ou não, se podemos usar objetos que durem por um longo tempo”, disse ela a AmbienteBrasil.

“Esta prática do uso de descartáveis, que acabou por se tornar um hábito, faz parte de uma cultura criada a partir da premissa da Indústria de produzir objetos com obsolescência programada, de modo a fazer do consumidor um escravo do consumo constante, possibilitando a ela (Indústria) produzir mais do mesmo, com tecnologia dominada e a um custo muito baixo”, diz Miriam, que ironiza: “a isto se deu o nome de modernidade…”

Ela lembra que, longe dos grandes templos do consumo, ainda se encontram sacolas de algodão, de lona, boas, resistentes a preços bastante convidativos. “Também podemos mandar fazer a nossa ou mesmo confeccioná-la, só depende da nossa habilidade e imaginação”, sugere.

(Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 16/10/2008)

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