Quem busca informações sobre a crise econômica internacional já deve ter lido que um dos setores que menos tem sido impactado pela fuga do capital estrangeiro é o imobiliário. Graças ao forte vínculo com o crédito nacional, o mercado de imóveis deve sentir em menor escala o impacto do novo regime econômico mundial. Quem apostou no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), por exemplo, pode respirar um pouco mais tranqüilo, pois, neste caso, o valor do crédito deve se manter estável.
A Caixa Econômica Federal informou recentemente que tem mantido sua oferta de crédito e a procura continua alta. Segundo o Portal Infomoney, até setembro, o banco liberou R$ 16 bilhões de recursos de habitação entre Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e consórcio, o que representa alta de 54% em relação aos recursos liberados no mesmo período de 2007. A liberação proporcionou moradia para 352 mil famílias ou mais de 1,4 milhão de pessoas.
Segundo o vice-presidente de finanças da instituição, Márcio Percival, a procura pelas linhas do banco continua em alta e as captações se mantêm no ritmo esperado. O estoque de poupança na Caixa soma R$ 88,2 bilhões e o de CDBs, R$ 16 bilhões. Segundo ele, a situação tende a melhorar com a política adotada pelo Banco Central de liberação dos recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo. A medida inclui também depósitos interfinanceiros e a exigibilidade adicional sobre depósitos à vista e a prazo.
Onde investir
Mesmo que ocorra desaquecimento da demanda na economia em geral e que o crédito fique um pouco mais caro em alguns segmentos imobiliários, o atual momento econômico mundial só reitera a certeza de que o imóvel é sempre a mais segura forma de investimento. “Analisada a longo prazo, a rentabilidade do investimento em imóvel é a maior e a menos suscetível a perdas. Naturalmente que esta percepção já se manifesta na linha de frente do mercado, onde se percebe uma migração para a compra de imóveis à vista através de recursos que estão sendo retirados da bolsa e até da renda fixa”, explica Marcos Alcauza, gerente da Brognoli Vendas. Segundo ele, tal movimento, apesar de ainda incipiente, só tende a aumentar e isso compensará em muito qualquer reflexo no mercado causado por pequenas mudanças nos financiamentos.
Segundo especialistas, o ritmo de construção deve diminuir nos próximos meses, mas o crescimento do setor não será prejudicado. Principalmente no que se refere a imóveis comerciais e de lançamentos, a demanda deve se manter alta, já que estes tipos de imóveis continuam garantindo retorno de investimento com baixo risco de queda, tudo que os investidores procuram. “No caso do reflexo nos imóveis comerciais, por conta da insegurança causada pelas enormes perdas no mercado financeiro, que redimensionam a percepção de investimento seguro inclusive nas estratégias de aposentadoria das pessoas, muitos recursos já existentes e a serem produzidos serão direcionados para a economia real, incrementando a necessidade de bens imóveis para negócios próprios e para locação”, completa o gerente.
Brasil x crise
Segundo o Portal Exame, cenas de investidores estrangeiros deixando o País são recorrentes na história recente do Brasil, mas hoje, enfrentamos essa situação com uma postura diferente. A publicação afirma que a crise bate à porta em um momento razoável da economia, já que grande parte dos indicadores brasileiros são considerados positivos. Segundo o IBGE divulgou no final de setembro, a renda da população cresceu pelo terceiro ano seguido, a inflação voltou a ficar sob controle e a taxa de crescimento do País em 2008, antes estimada em 4,8%, foi revista para 5%.
A boa fase colaborou para que os bancos nacionais aumentassem a oferta de crédito pessoal e empresarial. Em agosto, por exemplo, os empréstimos para empresas no país chegaram a R$ 422 bilhões. No mesmo período de 2007, foram aproximadamente R$ 300 bilhões. Com o agravamento da crise nos Estados Unidos, as companhias deverão continuar recorrendo aos bancos nacionais como fonte de financiamento. A publicação aponta ainda que o setor imobiliário deve permanecer em crescimento graças ao estímulo do crédito. Para se ter uma idéia, de agosto de 2007 a agosto deste ano, os bancos privados financiaram a compra de mais de 276.000 imóveis, um recorde histórico.
(Revista MekingOf, 30/10/2008)
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