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O projeto para instalação de ciclovias da orla de Coqueiros foi congelado pela prefeitura da Capital. Depois de calorosas reuniões com o executivo municipal, moradores e comerciantes não concordaram com partes da obra de revitalização das praias do bairro, que inclui uma ciclovia de duas faixas em um trecho de 930 metros da Avenida Desembargador Pedro Silva. O centro do impasse é a perda de estacionamentos, o que prejudicaria a Via Gastronômica, já que as ciclofaixas ocupariam 2,6 metros da avenida e reduziriam drasticamente o número de vagas.
A primeira etapa das obras de revitalização da orla de Coqueiros engloba melhorias nas praias do Rizzo, do Meio e da Saudade, no valor de R$ 995 mil. Nas três, serão construídos decks de madeira, quiosques padronizados, bicicletários, acessos à faixa de areia, respeitando as normas para deficientes físicos, áreas contemplativas com bancos, reestruturação dos estacionamentos e, enfim, a conflituosa ciclovia. Esta última sairia do Parque de Coqueiros até a Base Operacional da Polícia Militar, na Praia do Meio. Com início em agosto, as obras serão concluídas em 120 dias.
Segundo o secretário adjunto da Secretaria do Continente, Luiz Ernesto Quaresma, a intenção seria ligar com ciclovias a Beira-mar Continental com a de São José, totalizando mais de seis quilômetros, com adaptação de mais de quatro mil metros de calçadas. Posteriormente, o objetivo seria permitir ao ciclista do Continente ir de bicicleta até a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
De acordo com o secretário, as diretrizes da obra são pautadas no projeto Abaetetuba, que foi formulado por arquitetos e representantes do bairro durante a II Oficina de Desenho Urbano promovido com apoio do FloripaAmanhã. Para possibilitar a instalação da ciclovia em Coqueiros, cada faixa da avenida principal teria largura reduzida para 3,6 metros, o que tornaria o trânsito mais lento, mais um espaço de 2,5 metros em um dos lados que permitem estacionamento de veículos. “A gente tem que fazer o que a maioria quer. Mas sofremos pressões das minorias”, afirma o secretário, sobre a exclusão temporária da ciclovia do projeto. “Ela está em discussão”, completa.
Via Gastronômica ameaçada
Apesar de apoiarem o projeto de revitalização da orla e serem favoráveis a ciclovias, os comerciantes do bairro não concordaram com os moldes da obra. Além de temerem que a ciclovia não seja respeitada, ela poderia inviabilizar a Via Gastronômica, sustentada hoje por cerca de 40 bares e restaurantes. O maior embate é a perda de vagas de estacionamento, que poderia trazer mais problemas do que soluções. A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), em carta à Secretaria do Continente, chegou a se manifestar contra os impactos negativos da ciclovia.
Para a proprietária da padaria Pão da Casa, Linda Cover, em relação ao paisagismo, o projeto está bonito, porém, a ciclovia não é bem-vinda. “Ela não vai agregar, e sim tirar mais espaço. O bairro vai crescer e a rua em vez de alargar, vai estreitar”, opina. Segundo a comerciante, a ciclovia acabaria com mais de 150 vagas de estacionamento nas três praias. Ela reclama ainda da ação da Guarda Municipal, que tem tirado a liberdade dos motoristas de estacionarem nos locais para freqüentar os restaurantes, pelo menos nos finais de semana. “Sou a favor da ciclovia, mas ela tem que ser estudada de outra forma”, diz. “É o mesmo que dar e depois tirar”, completa Linda, referindo-se ao decreto lei assinado pelo prefeito Dário Berger criando a Via Gastronômica de Coqueiros, em 2006.
A proprietária do Restaurante Sobradinho, Leila Cristina Fernandez, acredita que a ciclovia vai deixar o trânsito do bairro ainda mais caótico. “Coqueiros virou caminho de tudo o que é bairro. É muito bonito só pintar a rua de vermelho. Mas com o trânsito complicado, ninguém vai querer mais vir aqui”, acredita.
Segundo Beatriz Cardozo, titular do sub-núcleo gestor do Plano Diretor Participativo em Coqueiros, o projeto não foi discutido pela comunidade e a secretaria está fazendo obras às escuras. “O trecho com ciclovia não leva a lugar algum. Não tem integração. Tem que ser uma coisa sistêmica. Não somos contra a ciclovia, mas sim fazer as coisas pela metade”, afirma.
Ao mostrar o projeto em reunião do Conselho de Segurança de Coqueiros (Conseg), o secretário adjunto do Continente, Luiz Ernesto Quaresma, recebeu algumas críticas da comunidade. O presidente da Associação de Moradores do Abraão (Amba), Paulo João Rodrigues, por exemplo, questionou a ampliação da obra até o Abraão. “O bairro sempre é discriminado”, afirmou.
Moradores defendem ciclovia
Se os comerciantes desacordaram sobre a ciclovia, os moradores apóiam a iniciativa. O estoquista Juciano Godoes, 19 anos, costuma utilizar a bicicleta para se locomover pelo bairro e hoje precisa pedalar na calçada para não se arriscar em meio aos veículos e correr o risco de atropelamentos. “Acho que é uma boa idéia. Vai ser mais seguro pra gente”, diz. O militar aposentado Altamiro Silva, 69 anos, possui uma bicicleta, mas admite que está “mofando” em casa, pois acha perigoso pedalar pelas ruas de Coqueiros. “Hoje a gente não pode pedalar por aqui. Só faço caminhadas”, conta.
A aposentada Rita Salvatto, 54 anos, há 30 moradora do bairro, também defende a instalação da ciclovia no bairro. Para ela, o número de carros nas ruas pode diminuir com a iniciativa. “Acho interessante. Hoje os ciclistas ficam competindo com os carros na pista, e até com os pedestres. Coqueiros têm muito ciclista”, pondera.
Vagas – Uma das reclamações dos comerciantes em relação ao projeto é a falta de um estudo para definir o número de vagas de estacionamento disponíveis na Via Gastronômica e quantas seriam perdidas com a instalação da ciclovia. Segundo o secretário do Continente, a avaliação já foi realizada. Pela contagem, 112 vagas seriam cortadas com a ciclovia. No entanto, outras 69 vagas seriam criadas pela prefeitura, a partir da liberação de locais que hoje são proibidos de estacionar, resultando em um saldo de 43 vagas perdidas.
O secretário defende ainda que a criação de estacionamentos é competência do dono do negócio, e não do poder público. De acordo com uma lei municipal, para estabelecimentos comerciais de até 250 metros quadrados, é exigida a reserva de uma vaga para cada 10 metros quadrados de salão de refeição. Para estabelecimentos acima desta medida, é exigida uma vaga de estacionamento para cada 20 metros quadrados de área construída. “Nós fechamos os olhos para isso em relação à fiscalização. Se fosse assim, não existiriam restaurantes na cidade”, explica.
Confira as obras em cada praia
– Praia do Meio
500 m2 de decks de madeira
2 quiosques
2 bicicletários
4 acessos à faixa de areia
4 áreas contemplativas com bancos
Reestruturação do estacionamento com áreas para deficientes físicos
– Praia da Saudade
1200 m2 de decks de madeira
1 quiosque
4 escadas de acesso à faixa de areia
2 rampas de acesso à praia para cadeirante
3 áreas contemplativas com bancos
Reestruturação do estacionamento com áreas para deficientes físicos
– Praia do Rizzo
450 m2 de decks de madeira
Trapiche
4 escadas de acesso à faixa de areia
2 rampas de acesso à praia para cadeirantes e barcos
2 áreas contemplativas com bancos
Tapete Preto
As obras de asfaltamento nas ruas de Coqueiros têm virado polêmica no bairro. Em algumas delas, nem sempre as máquinas são bem recebidas pela população. Na terceira semana de julho, moradores da Rua Ademar Grijo, na Praia do Meio, decidiram chamar a polícia para tentar impedir a obra de pavimentação da via, que era de paralelepípedos. Os moradores afirmaram que não foram avisados da obra e que são contra a cobertura asfáltica. As opiniões se dividem em outras ruas do bairro e têm dificultado o trabalho da prefeitura.
Segundo o secretário adjunto do Continente, Luiz Ernesto Quaresma, 55 ruas serão asfaltadas pelo Continente na última etapa da Operação Tapete Preto, o que representa quase seis quilômetros de melhorias. Deste número, até agora, 12 já tiveram os trabalhos concluídos e o restante das obras está sendo feito. Quanto às ruas que estão incluídas no pacote e que o aslfatamento não é unanimidade entre os moradores, Quaresma explica que, nestes casos, o critério utilizado é o da maioria. “Já recebemos abaixo-assinados e também vereadores contra o asfaltamento. Nas ruas que aconteceu este problema, nós tiramos do projeto”, afirma.
Das ruas que estavam incluídas na operação, a Rua Fritz Muller, em Coqueiros, e a Rua Hercílio de Aquino, no Abraão, foram excluídas por pedidos da população. Outra via cuja pavimentação divide opiniões entre os moradores é a Doutor Abel Capela, que tem extensão de 596 metros. Para a dona-de-casa Marlene Maack, um futuro asfaltamento traria sujeira para a rua, mais calor com o sol forte e o local viraria uma pista de corrida. “Não sou contra o asfalto, mas a lajota é ecologicamente menos poluente. Acho que deveria ser refeita a rua com lajotas, tirando os solavancos”, acredita.
Reni Custel também é contra a pavimentação da Rua Abel Capela. Segundo ele, a obra vai facilitar a velocidade e aumentar o fluxo de veículos (veja opinião do morador na seção de cartas). O valor das obras de asfaltamento das 55 ruas soma um investimento de quase R$ 1 milhão.
Lazer – O Parque de Coqueiros também vai ganhar melhorias. Segundo o secretário, dentro de 60 dias o parque vai receber a implantação de um pórtico de entrada, a instalação de monitoramento eletrônico por câmeras, 15 novos bancos de madeira, cinco bicicletários, três mesas para jogos, chuveiros para o campo de futebol e plantas frutíferas no bosque. O parque também vai ganhar o Aquário Público Municipal, com o intuito de promover aos alunos do ensino básico, fundamental e médio, assim como a comunidade em geral, conhecimentos da fauna e da flora costeira do litoral catarinense.
Ao apresentar o projeto à comunidade, durante reunião do Conselho de Segurança de Coqueiros (Conseg), Quaresma foi questionado sobre a construção do Aquário, já que ele pode reduzir o espaço do parque. “Os moradores não foram ouvidos para opinar sobre a obra”, reclamou Beatriz Cardozo, representante do Plano Diretor na região.
Confira a lista de ruas
– Rua Doutor Abel Capela (Coqueiros)
– Rua Ivo Reis Montenegro (Itaguaçu)
– Rua Paula Ramos (Coqueiros)
– Rua Coronel Ivan Dentice Linhares (Coqueiros)
– Rua Senador Milton Campos
– Rua Ademar Grijo (Coqueiros)
– Rua Eliseu Guilherme
– Rua Pascoal Simone
– Rua Videira (Abraão)
– Servidão José Amaro Ouriques (Abraão)
– Rua Monsenhor Frederico Hobold (Itaguaçu)
– Rua Capitão Savas (Itaguaçu)
– Rua Aldo Luz (Itaguaçu)
– Rua Dep. Frederico Mascarenhas (Itaguaçu)
– Rua Professor Abelardo Rupp (Itaguaçu)
– Rua Lauro Bustamante (Itaguaçu)
– Travessa E (Itaguaçu)
– Rua Coronel João Cândido Alves Marinho (Itaguaçu)
– Rua Alberto Beck (Itaguaçu)
– Rua Santos Lostada (Coqueiros)
– Travessa Antônio Jeneroso da Silveira (Coqueiros)
– Servidão José Luiz
– Travessa Algemiro Marcelino Vieira
– Rua Hercínio de Aquino (Abraão)
– Rua da Fonte (Vila Aparecida)
(Luiz Eduardo Schmitt, Folha de Coqueiros, 11/08/2007)

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0 Comentários

  1. Dierre disse:

    Por que não a contrução de estacionamentos-prédios?
    Resolveria o problema dos espaços. Florianópolis precisa de ciclovias.

  2. Arnaldo Torres disse:

    Concordo com a idéia de que estacionamento é problema do comerciante, pois ele deve criar um local para receber seus clientes. E no fato do asfalto, este pode apenas estar nas vias de maior movimento (como já tem na Max de Souza e Pedro Silva), sendo nescessário apenas reparos de rotina nas ruas de movimento local, concordo e muito com os moradores que estão contra o asfalto nestas vias. A idéia da ciclovia é muito boa, podendo até talvez diminuir o fluxo de carros nas avenidas principais, tudo depende da conscientização das pessoas que por ali transitam.

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