Santa Catarina precisa explorar melhor o seu potencial costeiro com belas praias e enseadas para a promoção do turismo náutico e de cruzeiros, indicou o presidente do Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC), Jean-Claude Baumgarten. Apesar de conhecer pouco o Litoral catarinense, considerou-o pouco utilizado, com oportunidades, principalmente, para construção de mais marinas.
Com esses atrativos e a promoção de esportes como o golfe, Baumgarten acredita que o Estado deve ampliar a atração de turistas de alto poder aquisitivo. Iates e casas de luxo na costa devem trazer mais dinheiro e também contribuir para a construção de uma boa imagem no mercado internacional.
Tratando de outro aspecto dos negócios, Baumgarten afastou alarmes sobre as preocupações com cuidados ambientais no turismo. Para ele, aderir a responsabilidades ecológicas deve ser uma tendência inevitável para os negócios num futuro próximo. O encarecimento das matérias-primas e da energia tornará o consumo consciente o melhor negócio. Nas suas próprias palavras, “ser verde será lucrativo”.
– Eu odeio a ditadura do verde. Não é assim que se solucionam as coisas. O verde precisa se tornar lucrativo – afirmou.
O presidente do WTTC respondeu durante dois blocos aos questionamentos de autoridades públicas, jornalistas e empresários catarinenses. Eles buscaram, principalmente, indicações sobre como incrementar os negócios do turismo no Estado e também como aproveitar os seus benefícios para a comunidade.
Ao primeiro questionamento, feito pela presidente da Embratur, Jeanine Pires, sobre como se obter competitividade no turismo, Baumgarten indicou qual a principal medida para o desenvolvimento do setor: a atividade deve ser eleita como prioridade pelo chefe de Estado, pessoalmente.
– Em todos os lugares onde o chefe de Estado assumiu o turismo como prioridade, as coisas aconteceram.
Diante de sua convicção de que o turismo deve se expandir ainda mais nos próximos anos, o presidente do WTTC foi questionado pelo jornalista Moacir Pereira se a melhor estratégia para acompanhar essa tendência seria a concentração em nichos. Baumgarten assinalou que o foco em determinadas áreas é essencial.
– Em um banquete você não consegue comer tudo, se não fica com dor de estômago. É preciso escolher – comparou ele.
O desafio, portanto, seria identificar os nichos certos.
O colunista Cacau Menezes abordou a questão do turismo de elite, que tem crescido, principalmente, no Litoral do Estado, o que, na sua avaliação, acaba deixando de lado a recepção a visitantes mochileiros. Baumgarten argumentou, usando exemplos de destinos citados pelo colunista, como Saint-Tropez, na França, e a ilha de Ibiza, na Espanha, que esses locais contam tanto com opções de turismo de luxo quanto com alternativas mais modestas.
Da mesma forma, afirmou que o Estado deve promover turismo para todas as classes. Não se pode perder de vista, disse ele, que o mochileiro de hoje é o visitante que um dia voltará com mais dinheiro para gastar.
Tocando em um assunto considerado um dos principais gargalos para a expansão do turismo, a jornalista Estela Benetti questionou sobre as obras de infra-estrutura necessárias ao país e ao Estado.
Ressalvando que, acima de tudo, é preciso definir a atividade como prioridade, Baumgarten indicou que é fundamental estabelecer melhorias em saneamento básico, aeroportos e rodovias. Ele destacou que se tratam de projetos de médio prazo, para serem planejados para os próximos cinco ou 10 anos.
Recado do exterminador do futuro
Baumgarten disse ser contrário a “ditadura verde”. O especialista afirmou que melhor palestra que ouviu sobre meio ambiente foi feita pelo governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. O ex-astro de cinema disse que, depois do Vale do Silício, a Califórnia vai criar o ecovale porque lucrará com isso.
– Vindo do exterminador do futuro, há esperança – completou Mário Motta, o mediador do Painel RBS.
Metade do ano em viagens
Apesar de encurtar sua explanação, o viajante Baumgarten avisou logo de início que queria deixar a maior parte de sua bagagem com os debatedores e a platéia. Referia-se aos conhecimentos e experiências de quem passa metade do ano em viagens ao redor do mundo. Ao final garantiu: sua bagagem estava quase vazia.
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