Seguindo o conceito de responsabilidade social e preservação ambiental, as empresas integrantes do Pólo de Moda de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, estão apresentando em seu estande na bolsa de negócios da moda Fashion Business produtos para a primavera e verão de 2009. A coleção se destaca, porém, por privilegiar, entre outros artigos de moda, o jeans ecológico e peças feitas de reciclagem de fibras de bambu e garrafas PET, por exemplo.
O presidente do Pólo de Moda de São Gonçalo, Aldeir de Carvalho, ressaltou hoje (11/06) à Agência Brasil a importância de se preservar a Mata Atlântica por intermédio de um trabalho de base para que a poluição possa ser reduzida e não crie um problema maior no futuro.
As bolsas produzidas pelas empresas do pólo têm como matéria-prima resíduos de garrafas PET e fibras de bambu e palha de bananeira, que antes eram jogados no lixo, salientou a consultora de moda Célia Martins. “Pode-se fazer qualquer coisa com esse tecido”, observou Aldeir de Carvalho. Célia Martins acrescentou que o objetivo é mostrar que “você, reciclando ou fazendo uma coleta de lixo seletiva, pode ganhar dinheiro”.
Carvalho explicou que o jeans ecológico é fabricado com fibras da natureza que não contribuem para a poluição. Os tingimentos do tecido são feitos à base de produtos naturais “que não trazem nenhuma agressão futura aos rios, lagos e também ao solo, enquanto os tecidos fabricados com pigmentos tradicionais são maléficos para as águas dos rios”.
As empresas do pólo produzem as peças cujos tecidos são industrializados a partir do material reciclável recolhido por catadores. Carvalho comentou que o homem precisa recuperar o solo que ele próprio destruiu. “Nós vamos partir, mas os nossos filhos e netos não vão ter como respirar se não houver a conscientização do homem”. Célia Martins enfatizou que, com o lixo reciclado, “pode-se fazer arte aliada à moda”.
A consultora do Pólo de São Gonçalo afirmou que, a partir de pesquisa de mercado realizada este ano, foi possível começar a trabalhar com tecidos ecológicos em nível industrial, registrando-se redução de até 30% no preço do produto. “Porque a tecnologia quando é descoberta é muito cara. Você não consegue. Mas depois, quando todos têm acesso, isso acaba barateando.”
Martins destacou ainda que o pólo não realiza apenas a parte ecológica, mas também um trabalho social. “A gente tem várias cooperativas que trabalham conosco. E a gente consegue dar trabalho para elas o ano inteiro e elas cobram para nós um preço bem inferior do que cobrariam para uma vez só por ano”. O objetivo principal é conciliar moda e meio ambiente com sustentabilidade.
O Pólo de Moda de São Gonçalo reúne cerca de 400 empresas cadastradas na prefeitura, que geram 12 mil empregos diretos para costureiras em máquinas e mais oito mil indiretos. São fabricados 1,5 milhão de peças por mês, ao preço médio de R$ 20,00 por peça. O pólo é apoiado pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do estado (Sebrae/RJ) e pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), entre outras entidades. No momento, o principal foco das empresas do pólo, em sua maioria micro e pequeno porte, é o mercado interno.
(Agência Brasil, 11/06/08)