Da coluna de Moacir Pereira (DC, 18/05/08)
O Aeroporto Internacional Hercílio Luz foi dimensionado para 1,1 milhão de passageiros/ano. Movimentou quase 2 milhões de pessoas em 2007. É, disparado, o pior dentre as capitais de todo o litoral. A Infraero planeja a sua ampliação, mas apenas para embarque e desembarque. Instalação de fingers para proteger os passageiros que entram e saem dos aviões só com o novo terminal. Previsão de conclusão: lá para 2012 ou 2014. O edital que morreu na praia por falta de concorrentes é para a elaboração do projeto executivo, fundamental para a futura licitação visando à construção. Prazo para este projeto executivo: 210 dias. Façam os cálculos.
O Aeroporto Serafim Bertaso, de Chapecó, é o segundo em movimento de Santa Catarina, com 8 mil passageiros/mês. Por ali circulam os executivos das maiores agroindústrias do país e empresários de multinacionais. Há três anos, a prefeitura e o setor produtivo apelaram à Infraero para que assuma aquela unidade. O pedido foi reiterado há um ano. Continuam todos sem resposta. O terminal de passageiros é uma piada. Quando dois vôos se encontram, mais de 500 pessoas se amontoam como sardinha em lata. Até pouco tempo, as malas eram depositadas no pátio externo, debaixo de chuva, por falta de uma simples esteira.
O Aeroporto Diomício Freitas, de Forquilhinha, projeta-se como o mais importante da economia no Sul do Estado. Perderam-se na poeira do tempo os pedidos de Luiz Henrique para que a Infraero incorporasse suas instalações. Falou com parlamentares, apelou a ministros e só não contatou com o presidente da República. Acertou, finalmente, a transferência com a Infraero, que prometeu financiar 60% das obras de ampliação. De repente, parou tudo. A estatal quer, agora, que o governo do Estado pague 100%.
Centralismo
O Aeroporto de Joinville ocupa, há anos, uma função estratégica na principal cidade de Santa Catarina. A estação está bonita, mas a conclusão da pista do pátio de acesso dos passageiros prolonga-se por anos. Incrível que os políticos governistas não se escandalizem com tanta desconsideração, usuários que são daquele aeroporto.
O Aeroporto de Navegantes foi internacionalizado no governo Lula, com festa, discursos e foguetes. Depois disso, nada aconteceu na prática. Mesmo sendo vital para o turismo de Balneário Camboriú e para o Beto Carrero World, tem uma estação de passageiros ridícula.
O Aeroporto de Jaguaruna despontou, no final do século passado, como a redenção do transporte aéreo no Sul. Acolheria os viajantes de Tubarão, Criciúma e região. Sua pista, ótima para Boeings e Airbus, está concluída há mais de um ano. Ficou lá, perdida. Não se falou mais na estação de passageiros, acesso e obras complementares.
Finalmente, o Aeroporto de Correia Pinto, a redenção da Serra Catarinense possui uma pista considerada o sonho dos pilotos de jatos. Custou mais de R$ 25 milhões. Faltam 200 metros para ligá-lo à BR-116. Está lá totalmente abandonado, sem previsão de obras do terminal.
A indústria aeronáutica avança, o Brasil cresce, o setor produtivo se expande, as necessidades de transporte aéreo se multiplicam. E Santa Catarina travada pelo centralismo burocrático de Brasília e pela desarticulação do governo estadual. Também em relação ao transporte aéreo, o poder público está a reboque da iniciativa privada.