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21/05/2008
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21/05/2008

Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, já começou a se tornar digital. A proposta em andamento no município de 244 mil habitantes, a 277 quilômetros da capital, é um pouco diferente das demais Cidades Digitais. O foco é promover ações de inclusão digital e estimular projetos para desenvolver uma economia e uma sociedade da informação.
“O projeto tem três linhas: inclusão digital, empreendedorismo digital e, por último, pesquisa e desenvolvimento de produtos da cidade, a partir da demanda das empresas”, explica Cicília Maia, uma das coordenadoras do Mossoró Cidade Digital, nome oficial da iniciativa.
A conexão dos diferentes órgãos também está programada. No entanto, só poderá ser executada no ano que vem. “O Plano Plurianual do município só prevê esta ação em 2009”, esclarece o secretário de Cidadania, Francisco Carlos Carvalho de Melo. Assim que possível, a intenção é conectar não só os prédios das sete secretarias da cidade, como também as 81 escolas e os 40 postos de saúde. Os estudos sobre as tecnologias a serem usadas serão feitos mais adiante.
O secretário aponta, no entanto, que, internamente, os órgãos já estão com as bases colocadas para que a conexão em uma rede única possa ser operada. “Os órgãos públicos, nas atividades meio, já estão conectados a muitos serviços web. A parte financeira, a tributária e a de gestão de pessoas já estão informatizadas. Dados sobre saldos orçamentários e fluxos financeiros estão centralizados. Todas as secretarias fazem suas consultas numa base única”, comenta Carvalho de Melo.
Entre os passos já percorridos, estão também um provedor próprio de internet no prédio da Secretaria da Cidadania (que congrega as atividades das pastas de Educação, Saúde, Cultura e Desenvolvimento Social); 15 escolas com laboratórios de informática; mais de 40 postos de saúde com computadores; e uma ouvidoria com atendimento totalmente digitalizado. “No call center, a comunicação é feita majoritariamente por meio das máquinas, com um software especialmente desenvolvido”, especifica Melo.
A etapa seguinte será conectar todas essas instâncias que hoje estão parcialmente digitalizadas, porém, isoladas. Para que o projeto esteja inteiramente implantado, serão necessários R$ 5 milhões, a serem investidos por todas as secretarias. Melo considera que, do total, cerca de 1,5 milhão já foi investido.
Parcerias com universidades e empresas
Gerido majoritariamente pela Fundação Municipal de Apoio à Geração de Emprego e Renda (Funger), vinculada à Secretaria da Cidadania, o projeto atualmente é levado adiante com a atuação decisiva de uma série de instituições parceiras, incluindo universidades, empresas e a prefeitura municipal. Foi formada uma rede de aproximadamente 300 pessoas, que discutem e decidem os rumos do projeto. A intenção é, até o final de 2008, constituir legalmente um instituto para centralizar as atividades.
No elenco de ações, estará a gestão dos laboratórios de informática das escolas do município, “principalmente no aspecto de inserir novas tecnologias aplicadas à educação”, explicita Cicília Maia. Capacitação de multiplicadores de ensino de informática nos colégios também está nos planos.
A promoção de debates e formação de conhecimento sobre inclusão digital é outra frente de trabalho do Mossoró Cidade Digital. E esta já se encontra a todo vapor: cursos e palestras vêm sendo realizados, incluindo seminários anuais com participação de pessoas de vários estados.
Já está programado para agosto o terceiro seminário, para o qual cogita-se, como palestrante principal, o sociólogo Sérgio Amadeu, ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. “O debate aqui na cidade tem bastante eco. Temos três instituições com nível superior na área de tecnologia da informação”, justifica Cicília.
Em termos de telecentros, há dois diretamente operados pela prefeitura. Chamados de “Portal do Saber”, um deles funciona na biblioteca municipal, comportando 15 computadores com acesso livre e gratuito à internet. No local, fica disponível também acesso Wi-Fi para as pessoas que cheguem com suas máquinas para se conectar. Um outro Portal do Saber está instalado no bairro Abolição I. A Câmara dos Vereadores e duas organizações não-governamentais também oferecem, cada, um telecentro para a população.
Nas atividades de e-gov, além da ouvidoria já citada, a prefeitura está realizando pregão eletrônico e instalando, internamente, softwares da área de saúde produzidos e fornecidos pelo Ministério da Saúde. A principal, no entanto, é a instalação de três totens digitais, todos na principal rua da cidade: a Avenida Rio Branco, que, por congregar muitos dos aparelhos de cultura da cidade, já é conhecida como Avenida da Cultura.
Os terminais começarão a funcionar em julho, porém, dois já estão nos locais que ocuparão quando a atividade for iniciada. Nos totens, a população terá direito a sessões de 15 minutos para navegar livremente na internet. “Os cidadãos poderão acessar e-mail ou quaisquer sites desejados”, comenta Cicília. Além disso, eles emitirão sinal de internet sem fio para seu entorno, num raio de 200 a 250 metros, garante o secretário.
Em andamento, mas já premiada
O Mossoró Cidade Digital, apesar de ainda em implementação nas suas várias frentes, já é uma iniciativa premiada. Na edição do ano passado do Prêmio Ibero-americano de Cidades Digitais, levou a medalha de bronze na categoria Cidades Médias, ficando atrás das cidades colombianas de Manizales, segundo lugar, e Tulúa, grande vencedora.
“Fizemos um mapeamento de tudo que já havia de iniciativas de inclusão digital e, também, de tudo que havia na cidade que pudesse favorecer questões de tecnologia da informação, desde ações da prefeitura, de empresas, etc. Juntamos tudo e apresentamos ao prêmio”, conta Cicilia Maia, uma das coordenadoras do projeto.
Em 2008, a cidade concorreu novamente ao prêmio, cujos resultados foram anunciados em 12 de maio, mas não conseguiu ser novamente laureada. A premiação é concedida pela Asociación Iberoamericana de Centros de Investigación y Empresas de Telecomunicaciones (AHCIET), com sede na Espanha. Mais informações em www.iberomunicipios.org/premio.
(Guia da Cidades Digitais, 15/05/08)

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