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Esgoto, vergonha para o turismo de Santa Catarina

Santa Catarina investe pesado em propaganda turística ressaltando as suas belezas naturais, mas esconde uma realidade vergonhosa: o baixo índice de tratamento de esgoto nas principais cidades que recebem esses visitantes.
Foi o que revelou uma pesquisa nacional sobre o índice de atendimento de esgoto nos destinos turísticos brasileiros. Foram observados 24 destinos indicados pela Embratur, quatro deles no Estado de Santa Catarina.
O pior resultado ficou com Bombinhas, onde só 17,49% da população tem sistema de esgoto adequado. Florianópolis também é destaque negativo pela mesma pesquisa: apresenta um índice de 45,14% de atendimento de esgoto.
Ao todo, a rede de esgoto da Capital catarinense possui 490 quilômetros de extensão, onde são coletados e tratados 11.994 mil metros cúbicos de esgoto por ano. As outras cidades pesquisadas foram Imbituba e Balneário Camboriú.
– Apesar do relevante aumento de arrecadação e renda resultantes de maior fluxo de pessoas, essas localidades acusam ainda um subinvestimento das necessidades básicas – destacou o professor Marcelo Néri, coordenador da pesquisa.
Para se ter idéia da disparidade das cidades catarinenses em relação ao país, o índice de atendimento de esgoto nos destinos turísticos brasileiros – incluindo as cidades litorâneas mais visitadas pelos turistas internacionais – é de apenas 61,99%.No Rio de Janeiro, por exemplo, o índice chega a 82,01%.
O estudo foi realizada pelo Fundação Getúlio Vargas em parceria com o Instituto Trata Brasil e Ministério das Cidades.
Situação no Brasil
– Na última década, cerca de 700 mil internações hospitalares, ao ano, foram causadas por doenças relacionadas à falta ou inadequação de saneamento.
– Somente em 2005 foram mais de 900 mil pessoas internadas.
– Com um ponto percentual de aumento da cobertura de esgoto sanitário, a expectativa de vida aumenta 0,18 ano.
– Se o esgotamento sanitário atingisse 80% da população, em 2010, a expectativa de vida do brasileiro passaria de 68,6 anos em 2002, para 69,8 anos em 2010.
– 2,5 mil crianças menores de cinco anos morrem, ao ano, por diarréia, doença que se prolifera em áreas sem saneamento. São 210 crianças por mês (sete por dia).
– Cerca de 46 mil pessoas morreram de doenças infecciosas e parasitárias, em 2004, o equivalente a 3.833 pessoas por mês, 126 por dia.
– Cerca de 65% das internações em hospitais de crianças com menos de 10 anos são provocadas por males originados da deficiência ou da inexistência de esgoto e água limpa.
– No Brasil, em 2004, o acesso à rede de esgoto era de 4% da população rural e 53% da população urbana.
– Os gastos anuais do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de doenças ligadas à falta de higiene chegam a R$ 300 milhões.
– Cerca de 80% do esgoto produzido no país não recebe nenhum tipo de tratamento e é despejado em lagos, rios, mares e mananciais.
– Apenas 48% da população brasileira tem acesso à rede de coleta de esgoto, ou 89 milhões de pessoas atendidas – e há ainda 97 milhões sem acesso a esse serviço, levando em consideração a população em 2004, de 186 milhões de habitantes no Brasil.
Fontes: IBGE, Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) 2005, FGV e Ministério das Cidades
(DC, 04/04/08)

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