Todos os dias, a contato comercial Grasiela Viezzer, 31 anos, convive com os congestionamentos. Ela mora no Rio Tavares, Sul da Ilha, e trabalha no Bairro Barreiros, em São José, região Continental da Grande Florianópolis. Os quase oito quilômetros que poderiam ser percorridos em 20 minutos, costumam levar quase uma hora, principalmente de manhã. – O mais difícil é na parte não duplicada da SC-405, até o trevo da Seta – desabafou.
Grasiela dirige um entre os cerca de 222 mil carros cadastrados na Capital. Os que precisam usar as principais vias em horários de pico (das 7h às 9h e das 17h30min às 19h30min) estão à mercê das filas. Em um centro urbano candidato a sediar a Copa de 2014, os problemas não são poucos, e a prefeitura admite não ter condição de aliviar o estrangulamento do trânsito de imediato. Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostra que, em 15 anos, todo o Centro pode estar saturado, com filas e lentidão constantes.
Como está hoje, se o motorista sair às 18h da UFSC, ele pode demorar até 1h30min para percorrer os 10 quilômetros até o Bairro Coqueiros, parte continental de Florianópolis.
Uso individual do carro é um problema cultural
Uma das principais alegações das autoridades é a falta de dinheiro para executar projetos que deveriam ter ficado prontos na década de 1990: terceira pista na Via Expressa, conclusão da SC-401, duplicação da Via Expressa Sul até o Aeroporto Internacional Hercílio Luz e a quarta ponte.
Há outras propostas mais recentes, como um túnel no Morro da Lagoa da Conceição, o transporte marítimo e o metrô de superfície.
Some-se à falta de recursos o rápido crescimento da frota de carros na cidade, o fato da Ilha ter apenas 28% de sua área disponível para construções, o problema cultural do uso individual de automóveis em detrimento do transporte coletivo – considerado caro pelo próprio Sindicato dos Trabalhadores em Transporte da Região de Florianópolis (Sintraturb) – e a falta de planejamento nas últimas décadas. O resultado é um cenário pouco promissor.
“A tendência do trânsito é piorar”, prevê o gerente de Operações do Ipuf, Lirio Legnani.
Não haveria, então, alternativas viáveis para desafogar o trânsito e melhorar a vida dos motoristas dos mais de 450 mil carros que circulam nas 22 cidades da Grande Florianópolis? Segundo Legnani, a resposta é sim:
“Basta melhorar a infra-estrutura e reduzir o número de veículos”.
Difícil é tirar as idéias do papel, desengavetar projetos e concretizar melhorias. O diretor de Operações do Ipuf, Carlos Eduardo Medeiros, não é tão otimista:
“As soluções passam por uma pesquisa de destino dos moradores que não temos dinheiro para fazer (em torno de R$ 2 milhões)”.
Ipuf fala em taxar trânsito de veículos no Centro
Diante dos problemas financeiros, uma das soluções defendida pelo Ipuf é intensificar a taxação dos carros no Centro. “Isso passa pelo incremento no transporte de massa”, ponderou o presidente do Ipuf, Ildo Rosa. Segundo ele, os preços das 4,6 mil vagas de Zona Azul podem subir até o fim do ano. Hoje, cada carro paga R$ 1 por hora.
(DC, 30/03/08)
Não faltam projetos em análise
Não faltam idéias nas cabeças dos dirigentes do Ipuf, órgão responsável pelo trânsito da Capital, para reduzir os congestionamentos e melhorar a vida dos motoristas na cidade. Proibição de estacionamento para carga e descarga, transformação de parte do Centro em calçadões, aumento da taxa de estacionamento na região central, cobrança de pedágios, rodízio de veículos, restrições a caminhões, transporte aquaviário, metrô de superfície e teleféricos.
A lista é longa, mas entre tantas sugestões, a medida candidata a entrar em vigor mais rapidamente é o aumento da taxação da Zona Azul, que pode chegar a R$ 2 depois das eleições, seguida de melhorias na Rua Deputado Antônio Edu Vieira, no Bairro Pantanal, e a continuidade das marginais da Beira-Mar Norte, sentido Polícia Federal-Itacorubi.
O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) também estuda a viabilidade da construção da terceira pista na BR-282, a Via Expressa.
Alguns projetos que mais parecem lendas, como o transporte por barcos e o metrô de superfície, são complexos e de viabilidade ainda duvidosa.
“Se fosse viável sem a ajuda do governo, a iniciativa privada já teria feito”, afirmou o gerente de Operações do Departamento de Transportes e Terminais de Santa Catarina (Deter), Roberto Scalabrin.
Segundo ele, será contratada, ainda este ano, uma empresa para analisar a viabilidade do projeto.
Metrô de superfície pode sair do papel até 2010
Já o metrô de superfície, ligando Biguaçu à UFSC, é visto com entusiasmo pelas autoridades, mas ainda longe de virar realidade.
“O metrô é possível. O problema é que ainda não definiram nem qual será o chassi do trem. Quando decidirem e lançarem o edital, as empresas terão dois anos para entregar os veículos”, comentou Romualdo França, presidente do Deinfra.
Mas França mostra-se confiante que, até 2010, a proposta terá saído do papel. Ildo Rosa, do Ipuf, alerta que o trem teria que passar onde há demanda, como na Avenida Mauro Ramos, em vez da Beira-Mar Norte. Ele analisa a criação de teleféricos, integrados com o futuro metrô, saindo do Continente, passando pelas pontes, Morro da Cruz, e chegando até a UFSC.
(DC, 30/03/08)
1 Comentário
Esquecendo de certos projetos faraônicos ,cuja realização demandaria muito dinheiro e tempo, e que quando da sua implementação já estariam defasados, deve-se procurar soluções de realização imediata, certamente muito doloridas e polêmicas. A equação do trânsito é: muito carro e pouca rua. As soluções: aumentem as ruas ou diminuam os carros. Aumentar as ruas é tarefa para super-heroi. Diminuir (ou estacionar no volume atual) o número de carros é coisa para suicida. Some-se na equação e explosão imobiliária da cidade, que pode ser contida por um Plano Diretor inteligente mas que vai bater de frente com gente muito poderosa. Enfim, devem estar carecas de receberem palpites porém muita gente está preocupada com soluções coletivas pensando em como vamos nos mover na cidade dentro de poucos anos.