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Professores em greve a partir de hoje

A partir de hoje, os alunos da rede estadual de educação estão sem aulas por tempo indeterminado em Santa Catarina. Em assembléia realizada na tarde de ontem, no Clube Doze, em Florianópolis, professores votaram a favor da greve. Em nota, o secretário de Educação, Paulo Bauer, afirmou que os dias não-trabalhados serão descontados na folha de pagamento.
Cerca de 2,5 mil pessoas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), estiveram na assembléia. Após duas horas e meia de discussões, quase todas ergueram a mão em favor da greve.
Estudantes também foram ao local defender a paralisação. A presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Chapecó, Michele Peralta, disse que a situação já foi discutida entre os discentes e que a maioria apóia a decisão dos servidores:
“Não queremos a paralisação, somos os mais prejudicados com ela. Mas os professores precisam ser valorizados. As escolas precisam melhorar a infra-estrutura. Queremos, também, eleger o diretor da escola por votação”, afirmou.
Após a votação, os manifestantes saíram em direção à secretaria de Educação e à Assembléia Legislativa, onde se juntaram aos servidores estaduais que realizavam um ato público para a retirada do projeto que privatiza a Previdência Social.
Grevistas visitarão colégios que não aderirem à greve
O indicativo da greve havia sido aprovado em outubro de 2007, quando as reivindicações foram passadas ao governo estadual. No ano passado, nove audiências foram realizadas entre os professores e o secretário de Educação, Paulo Bauer. No início deste ano, o Prêmio-Educar foi proposto aos docentes e, em 28 de fevereiro, o Sinte apresentou contraproposta pedindo a incorporação do abono.
Hoje, os grevistas devem conversar com os alunos sobre a paralisação. Amanhã, organizarão os comandos regionais. A partir de segunda-feira eles visitarão os colégios que não tiverem aderido ao movimento, pressionando pela greve. Atos públicos, organizados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, são esperados para a próxima sexta-feira, dia de greve geral da categoria.
Contraponto
O secretário de Educação, Paulo Bauer, manifestou-se por nota. Confira os principais pontos:
“A direção do sindicato se fixa em reivindicações que sabe serem impossíveis de implementar e apresenta pauta adicional de reivindicações de ordem administrativa que fogem a sua competência, pois referem-se a questões de plano de governo, de política governamental e de gestão pública sob a responsabilidade exclusiva do governo.”
“A Secretaria de Educação (…) buscará os meios legais para assegurar o funcionamento das escolas, cumprindo a legislação vigente que determina o desconto de faltas aos professores que se ausentarem do trabalho.”
“Continuaremos trabalhando para viabilizar os projetos e ações em curso e programadas, certos de que não ocorrerá a adesão esperada pelas lideranças sindicais.”
“(A secretaria) Buscará a instituição do Prêmio Educar que somente se transformará em realidade a partir da regularidade do funcionamento de toda rede escolar (…).”
“A secretaria recomenda aos pais que encaminhem seus filhos às escolas (…). Conclama ainda os professores e servidores da educação para que compareçam às unidades escolares.”
Principais reivindicações
– Cancelamento do Prêmio-Educar: a categoria é contra a proposta do governo do Estado que prevê o pagamento de R$ 200 em duas parcelas iguais (em março e agosto) para os professores que estão em exercício. Para orientadores educacionais e outros profissionais ligados à educação, esse abono seria de R$ 150. Docentes aposentados, em licença para tratamento de saúde ou em licença-prêmio não teriam direito à verba.
– Incorporação do abono de R$ 100 mais reajuste de 6,7% sobre o piso: no lugar do Prêmio-Educar, os docentes pedem que um abono de R$100 seja incorporado ao salário. Também exigem reajuste salarial de 6,7%. Hoje, o piso inicial dos professores com magistério é de R$ 509. A reivindicação é que o salário seja elevado para R$ 650. O piso de professores com terceiro grau completo é de R$ 830. Os servidores querem, pelo menos, que esse valor seja equiparado ao salário dos demais servidores do Estado, que é de R$ 900.
– Inclusão de merendeiras, serventes e vigias no quadro do magistério: atualmente, esses profissionais são contratados pela associação de pais e professores de cada escola, sendo pagos pelo Estado. O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina diz que essas contratações são irregulares. Os servidores estaduais pedem a contratação desses funcionários.
– Vale-alimentação igual ao dos professores da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc): os docentes da rede pública recebem auxílio-alimentação de R$ 6 por dia letivo, o máximo chega, assim, a R$ 132 por mês. Os professores da Udesc recebem R$ 380 mensais.
(Luciana Ribeiro, DC, 06/03/08)

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