O estudo divulgado ontem (07/03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também revelou que, no mercado de trabalho, prevalece a desigualdade de gêneros. A instituição apresentou um balanço de sua Pesquisa Mensal de Emprego, realizada em seis grandes capitais: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Os dados colhidos entre janeiro de 2003 e janeiro de 2008 revelam que, no campo profissional, as mulheres ainda estão em desvantagem diante dos homens.
Embora sejam a maioria da população adulta brasileira e apresentem níveis crescentes de ocupação, as mulheres têm menor inserção no mercado. Em janeiro deste ano, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, havia 21,2 milhões de pessoas trabalhando. Dessas, 9,4 milhões eram mulheres. Ou seja: embora representem 53,5% da população brasileira em idade economicamente ativa, elas ocupam somente 44,4% dos postos de trabalho.
Em Florianópolis, os dados seguem os números nacionais. As mulheres representam 52% da população; os homens, 48%. Mas nas empresas, a presença masculina é dominante. Na Eletrosul, por exemplo, eles são 85% dos funcionários; elas ocupam os 15% restantes.
A economista Eliana Rosa de Oliveira Calage está na empresa há 29 anos. Entrou como secretária e hoje está na secretaria-geral executiva. Eliana não acredita em igualdade de condições entre os sexos quando um cargo de gerência é disputado:
– É praticamente impossível uma mulher chegar à diretoria de alguma empresa. Se o processo seletivo envolvesse provas, seria mais fácil. Não haveria discriminação, e o conhecimento seria testado – obervou.
Maior escolaridade não garante vantagens a elas
Já no quesito desemprego, por exemplo, elas são maioria. Entre o total de desempregados nas regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, há 1 milhão de mulheres contra 779 mil homens na mesma situação.
Segundo análise do IBGE, quando o contexto é mercado de trabalho, todos os indicadores mostram que as mulheres estão em um patamar inferior ao dos homens. Uma trabalhadora brasileira recebe, em média, R$ 957 por mês por uma jornada de 40 horas semanais. O valor representa 71,3% do que um homem recebe pelo mesmo trabalho.
No que se refere a trabalho formal, a desigualdade persiste. Em janeiro, entre as mulheres ocupadas, 37,8% tinham carteira assinada em empresa do setor privado. Entre os homens, o índice era de 48,6%.
Já no quesito escolaridade, elas têm se destacado. De acordo com o estudo do IBGE, de 2003 a 2008, o percentual de trabalhadoras com ensino médio completo aumentou de 51,3% para 59,9%. Entre os homens, no mesmo período, o índice aumentou de 41,9% para 51,9%.
Mas a maior escolaridade não é garantia de melhores condições de emprego para elas. Segundo o estudo, a diferença de rendimentos entre os gêneros é ainda maior nas classes mais escolarizadas. Uma mulher com curso superior tem salário em média 40% inferior ao de um homem na mesma função.
(Diário Catarinense, 08/03/2008)