Moradores da Vila Aparecida, no Continente, cobram solução para a falta de saneamento básico, água, luz e asfalto na região. Na parte mais íngreme, é preciso se equilibrar no terreno acidentado para desviar do lixo que divide espaço com as casas. O problema se acentua no topo, já que grande parte das residências só tem água devido a ligações clandestinas feitas pela comunidade com a utilização de mangueiras, explica a presidente da associação dos moradores, Maria Elizabeti Alves. “Isso não pode continuar assim. As pessoas vivem sem nenhuma estrutura, sem qualidade de vida. O cheiro é insuportável, as crianças vivem doentes”, reclama.
Cerca de 5 mil pessoas vivem hoje na comunidade. Segundo Elizabeti, os moradores pedem uma solução à Prefeitura da Capital há pelo menos quatro anos. Apesar das várias vistorias realizadas pelos técnicos do município, nada foi feito para amenizar o problema. “Conversei com o secretário do Continente, Carlos Gonzaga Aragão, na semana ante do feriado de 12 de outubro. Vieram aqui, me ligaram nessa semana, mas o impasse continua”, conta a líder comunitária.
A luz na parte alta do morro também vem de ligações clandestinas, os chamados “gatos”. De acordo com a Centrais Elétricas de Santa Catarina, o problema não pode ser resolvido sem a regularização dos imóveis. “O interesse é do cliente, registramos vários pedidos para reparos e serviços naquele local, alguns foram atendidos, outros não pudemos assistir, já que dependemos da autorização do poder municipal”, afirma o gerente regional da Celesc, Luiz Carlos Facco.
As precárias condições de vida também estimulam a violência no local, com reflexos diretos nos bairros do entorno (Abraão, Coqueiros, Itaguaçu e Capoeiras). Segundo Elizabeti, o problema diminuiu após a implantação de posto policial no bairro, em agosto deste ano, mas ainda provoca insegurança nos moradores. “O abandono provoca isso, vira terra de ninguém. Na vila, a cobrança da população por melhorias é constante, eu digo que não posso solucionar o problema e eles me questionam, mas o poder público tem sido omisso”, diz.
Regularização de imóveis é uma das prioridades
O secretário do Continente, Carlos Gonzaga Aragão, diz que já foram realizadas várias obras de recuperação de calçamento e drenagem no bairro, além da construção do posto policial entre 2006 e 2007. Mas, explica que a ocupação de pelo menos duas áreas do morro é irregular, situação vem sendo analisada em conjunto pela Secretaria de Habitação de Florianópolis e Ministério Público Estadual.
A invasão é debatida com proprietários dos imóveis, explica o secretário-adjunto da Secretaria de Habitação, Salomão Mattos Sobrinho. Cerca de 400 famílias vivem em situação irregular, de acordo com o secretário. Projeto voltado à reorganização urbanística e fundiária da região está na pauta da Prefeitura, mas deve ser entregue apenas em 2008 ou 2009, diz Sobrinho. A prioridade no momento é o Maciço do Morro da Cruz.
(A Notícia, 28/11/2007)
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